Resenha de Livro
Curso de Formação em Terapia Relacional Sistêmica
Psicóloga Solange Maria Rosset

 

Nome do Livro:

A linguagem do encontro terapêutico

 

Autor do Livro:

Maurizio Andolfi

 

Editora, ano de publicação:

Artes Médicas,1996.

 

Relação dos capítulos

Capítulo 1- Introdução à epistemologia

Capítulo 2-Conceitos-chave para a compreensão do encontro terapêutico

Capítulo 3-O triângulo como unidade mínima de observação

Capítulo 4-O encontro terapêutico como um espaço de diagnóstico e mudança

Capítulo 5-A posição do terapeuta relacional no encontro terapêutico

Capítulo 6-Perguntas,redefinições e hipóteses relacionais

Capítulo 7-A linguagem do corpo e o encontro terapêutico

Capítulo 8-O silêncio no encontro terapêutico

 

Apanhado resumido sobre cada capítulo

Capitulo 1-Introdução à Epistemologia

Este capítulo retoma um pouco a história das etapas epistemológicas que caracterizaram o pensamento científico.Oferece uma síntese do percurso paralelo que a psicologia relacional realizou até chegar à epistemologia da segunda cibernética.(3 a 15)

A linguagem :possibilidade de encontro entre sistema observador e sistema familiar:nesse sentido,o trabalho do terapeuta relacional torna-se um instrumento de narração bastante eficaz;é o de elaborar perguntas para as quais o indivíduo ainda não conhece a resposta,perguntas mais possivelmente abertas e imprevisíveis.Cada membro da família apresenta uma visão própria da história familiar.Caberá ao terapeuta reconstruir as estruturas que unem os diversos modos de ver,isto é,os significados que as pessoas atribuem às relações que vivem ou que viveram. Introduzindo assim,elementos perturbadores,capazes de fazer com que a família reflita sobre a “velha” história,eficazes a serviço de uma conversa transformadora.(12 a 15)

Capítulo 2-Conceitos-chave para a compreensão do Encontro Terapêutico

Encontro terapêutico clínico:objetivo é o de esclarecer o modo característico de viver da pessoa em questão.(19)

Dimensão temporal-não pode se referir somente ao contexto de observação,mas também ao patrimônio interacional que as pessoas adquiriram com os anos,dando relevância aos elementos subjetivos(lembranças,expectativas,intenções,etc)do tempo vivido,tanto de maneira individual, quanto social.(19)

Definição da própria posição relacional:saber quem somos enquanto falamos com o outro e da posição a ser mantida .(20)

O encontro terapêutico e a estrutura multicontextual:na qual se integram os três principais contextos onde um indivíduo cresce e no qual a família moviventa-se:contexto do ciclo vital familiar,contexto multigeracional e contexto sociocultural.(22 a 26)

Conteúdo e evolução do encontro terapêutico:neste contexto utilizamos o termo processo para indicar a relação Pr(terapeuta)-C(cliente) e que evolui com os encontros sucessivos.

Tempos do processo: (27 e 28)

Seqüências comunicativas (sucessão dos eventos)(28)

Conteúdos:se referem às informações que dizem respeito à história do cliente e ao estado emotivo no momento atual,como também às intervenções do terapeuta.(28 e 29)

Capítulo 3-O Triângulo Como Unidade Mínima De Observação

Estrutura triangular-consiste em deslocar-se do plano numa ótica trigeracional.Os triângulos se referem a primeira ,segunda e terceira gerações.É realizado efetuando-se ,metaforicamente,os saltos temporais entre o passado,o presente e o futuro representados respectivamente pelas gerações e criando-se as conexões entre tais níveis.

De fato,é esta possibilidade de ver-se,observando-se em novas posições relacionais(como estas pessoas interagem),em triângulos diversos,tanto por parte de cada um quanto de todo sistema familiar,que permitirá aprender novos modos de ser e colocar-se com os outros.(30 a 37)

Genograma:na coleta das informações,o terapeuta ,para ter uma representação gráfica da estrutura familiar e,sobretudo,dos diversos planos geracionais,pode recorrer ao genograma,uma espécie de árvore genealógica na qual estão representadas pelo menos as últimas três gerações.Este instrumento fornece um tipo de esqueleto,de estrutura que facilita ao terapeuta a sua tarefa de entender as ligações significativas das relações nos diversos planos geracionais..(37 a 43)

Mitos:são construções que freqüentemente reúnem histórias,contos,anedotas,fábulas e realidade.

São uma mistura de coisas que se constroem e que possuem um grande potencial de transmissão como os gens.A utilidade de evidenciar tais estruturas míticas dentro de um encontro terapêutico permite ter informações importantes sobre aquelas que foram as modalidades de construção da identidade individual e de como tais identidades “despertaram” da história.(43 a 47)

Capítulo 4-O Encontro Terapêutico Como Um Espaço De Diagnóstico E Mudança

O Diagnóstico sistêmico-relacional:Leva em consideração mais níveis:o sistema das relações,as análises dos papéis,das funções e das alianças,a rede de comunicação e de troca que acontecem no interior do grupo familiar.

Trata-se,então,de uma pesquisa de compreensão do presente,porém enriquecida por uma perspectiva evolutiva no qual as histórias individuais e familiares do passado podem encontrar sua continuidade.O diagnóstico é mutável,é reformulado,pouco a pouco,na medida em que o processo se enriquece de novas informações.(48 a 58)

Processo avaliativo:tem início desde o primeiro contato,a partir do telefonema.Desde este momento o terapeuta já começa a construir hipóteses.

Nos primeiros encontros terapêuticos inclui a acolhida e uma análise do pedido de ajuda.Isto significa questionar por que ele veio ao encontro terapêutico,o que motiva seu pedido e quais significados lhe atribui.

Já se inicia a desenvolver expectativas tanto da parte do clínico quanto da parte do cliente.Este jogo de expectativas deve ser compreendido.(58 a 61)

Formulação de hipóteses:deve-se formular varias hipóteses.

Coleta e transformação das informações:durante o encontro terapêutico o terapeuta escuta ativamente a exposição apresentada pela família e,por meio de perguntas direcionadas a redefinir e exclarecer e outros comportamentos interativos,abre a possibilidade de novas experiências,significados e interações.O terapeuta induz o cliente a uma visão circular na qual é difícil distinguir as causas e estas causas dos efeitos.(61 a 64)

Capítulo 5-A Posição Do Terapeuta Relacional No Encontro Terapêutico

Ressonância emotiva:argumentos que “vibram” no cliente adquirem significado no terapeuta e,conseqüentemente,no próprio cliente.(68-69)

Auto-referência:refere-se àquilo que o cliente leva de si mesmo no contexto do encontro terapêutico em relação a elementos pessoais,familiares e sociais.(70)

Auto-reflexividade:consiste no interrogar-se sobre o significado que se atribui aquilo que é dito,no contexto do encontro terapêutico,fazendo uma reflexão sobre os próprios envolvimentos emotivos e afetivos frente aquilo que acontece.(70)

Trabalhando sobre as respostas emotivas,o terapeuta terá a possibilidade de ler sob uma ótica sistêmica e,assim,de dentro da relação ele pode usar as próprias emoções como um recurso e não como um impasse relacional.

Disponibilidade de escutar (escuta ativa) e empatia (71 e 72)

Respeito(73 e 74)

Dúvida como modalidade de compreensão:modo de pensar que garante a proliferação de hipóteses(74 e 75)

Linguagem:utilizar a linguagem corrente do cliente,atento ao significado relacional e o conteúdo emotivo.(75 a 78)

Capítulo 6-Perguntas,Redefinições e Hipóteses Relacionais

Perguntas Relacionais:tem uma dupla função:

__ função propulsora:funciona como estímulo para o cliente,que sente poder responder,comunicar algo de si.( vivência emocional e experiencial);(86)

__função epistemológica:é um meio de conhecimento para o terapeuta relacional,úteis para compreender a solicitação do cliente.(86)

Circularidade:as perguntas atingem elementos informativos,mas também da estrutura de relação sobre a qual este se baseia.(86)

Significatividade:o tom,o calor da voz,a postura,o corpo e o gesto são levados em consideração.(86)

Pergunta intergeracional:utilizar pontos de relações do presente e deslocá-los no tempo passado.(86 e 87)

Metáfora:representação simbólica de uma determinada realidade pela evocação de imagens ou do uso de objetos.(87)

Processo de redefinição e de formulação de hipóteses:

O terapeuta deverá propor um contexto de escuta recíproca que permitirá evidenciar a capacidade de diálogo dos indivíduos,inclusive a sua,com o objetivo de criar um novo enquadre,de produzir uma perspectiva positiva para procurarem juntos significados e valores diversos nas coisas.

Hipóteses: inclui os pressupostos de cada componente da família,além daqueles do terapeuta,e fornece uma suposição sobre o funcionamento relacional do sistema.(90 a 92)

Capítulo 7-A Linguagem Do Corpo E O Encontro Terapêutico

Metacomunicar com o corpo:a linguagem do corpo não transmite somente informações sobre o mundo emotivo,interpessoal e sobre as características estáveis da personalidade de cada indivíduo,mas também,e sobretudo, sobre o contexto geral onde inserem-se tais informações.

Em cada comunicação existem 2 tipos de sinais:

__analógicos(diretos,figurados ou representantes de uma analogia);

__ sinais digitais(simbólicos,abstratos e ,portanto,menos direto).(113)

As ações metacomunicativas dão se quando:

1)o participante age ou pensa de maneira metacomunicatica em relação à própria execução,enquanto conversa;(116-117)

2)o participante pensa ou age de maneira metacomunicaativa ao invés de narrar ou explicar(116-117)

3)o participante se comporta de maneira metacomunicativa com relação à execução alheia,conseguindo modificá-la ,proibí-la,corrigí-la ou qualificá-la.(116-117)

Atualmente sabemos que tanto uma mensagem verbal quanto uma não verbal,ambas apresentam, uma parte de conteúdo e uma de relação.

Contexto e Conteúdo:os conteúdos podem modificar o contexto ou tornar-se marca de contexto e o contexto pode,por sua vez ,modificar os significados do conteúdo.

Ex:um sorriso tão esperado de uma mulher para com o seu cortejador pode significar a aceitação de uma relação de intimidade ou ser tomado como a expressão de um comportamento sarcástico em respeito a ele.(114)

Espaço do corpo e limites relacionais:

__Espaço:representa a definição de um território,de um local a ser considerado próprio,onde reencontrar a si mesmo e ao mesmo tempo negociar relações com os outros seres humanos.(123)

__Espaço pessoal:é um espaço que se liga a uma série de variáveis que dizem respeito às características físicas do indivíduo(altura,peso,etc.),as quais determinam a percepção que cada um possui do mundo externo(120).

__Espaço da interação:é um espaço intermediário onde os corpos se aproximam e entram em contato.(120)

__Distância relacional:assumirá um significado dinâmico de aproximação ou distanciamento emotivo.(123)

__Distância da família:a observação do espaço ocupado pela família,durante a sessão, fornece dados sobre o funcionamento.(124-125)

Ritmos da comunicação não verbal:informa sobre o grau de aceitação-recusa,distância-aproximação emotiva das pessoas.(126-127)

Linguagem analógica:significa aprender as regras freqüentemente implícitas daquele grupo e avaliar a maior ou menor coerência entre mensagens verbais e não-verbais.(130-131)

Técnica de expressão analógica:escultura(131-133)

Capítulo 8-O Silêncio No Encontro Terapêutico

O silêncio para o terapeuta relacional:

__reordenar as informações e esclarecer as idéias;(142)__refletir;(143)__modular a própria modalidade de interação;(143)__obter um destaque emotivo momentâneo;(143)__criar um espaço para interação;(143)__transmitir a idéia de colaboração;(144)__fazer com que as pessoas entrem em contato com o aspecto emotivo das mensagens.(144)

Silêncio da família:está relacionada com a sua história,com a relação que estabelecem com o terapeuta e com aquilo que acontece no aqui e agora da relação(145)

Circunstâncias nos quais a família utiliza do silêncio:

__não querer responder a pergunta do terapeuta;__situações nos quais a família vive fortes emoções;__quando não se compreende o que o outro quer dizer.(145)

Existem vários modos com os quais o terapeuta permite à família viver o silêncio:

__compreendendo o seu significado;__transmitir a idéia de colaboração;__fazer com que as pessoas entrem em contato com o aspecto emotivo das mensagens.(143)

 

Apreciação pessoal sobre o livro

Um livro que descreve a teoria e a técnica do encontro terapêutico.Indispensável de ser lido, contribui no trabalho do terapeuta familiar relacional sistêmico.

 

Nome do autor da resenha e data: Jocemara de Oliveira Garcia Jesus- Outubro/ 2004.