Resenha de Livro
Curso de Formação em Terapia Relacional Sistêmica
Psicóloga Solange Maria Rosset

 

Nome do Livro:

Cambio de juego

 

Autor do Livro:

Vivian Loew e Guilhermo Figueira

 

Editora, ano de publicação:

Editorial BEC - Buenos Aires, 1981

 

Relação dos capítulos

I. Teoria geral dos sistemas e psicoterapia de grupo;

II. Marco teórico referencial;

III. Formação do sistema de grupo. Elementos prévios;

IV. Formação do sistema de grupo. Começo da interação;

V. O sistema de grupo em funcionamento;

VI. Cambio. O sistema grupal;

VII. Cambio. O processo individual;

VIII. O terapeuta, "posto a prova";

IX Rol do terapeuta, prolongados jogos, coterapia;

X. Climas Grupais;

XI. Lugar de cada um, processo individual;

XII. Intervenções terapêuticas;

XIII. Intervenções terapêuticas, focalizando o grupo;

XIV. Intervenções terapêuticas, focalizando o paciente;

 

Apanhado resumido sobre cada capítulo

Proposta do livro:

•  Qual nossa concepção de funcionalidade e disfuncionalidade do ser humano.

•  Teorias e escolas em que nos baseamos para lograr el cambio .

•  Como concebemos a formação e o funcionamento de um grupo.

•  Como concebemos o cambio necessário para o indivíduo e o grupo.

•  Qual é o rol do terapeuta neste processo.

•  As intervenções do terapeuta.

O terapeuta de grupo tem que criar um meio de intercâmbio que resulte terapêutico, que consiga cambiar o mundo interno de modo que possa ver o mundo e a si mesmo de um modo diferente.

 

Introdução

Estamos em contato com o meio, desde que nascemos. O meio é o mundo. Assim vamos conhecendo esse mundo num processo ativo de idas e vindas através do qual se forma em cada indivíduo uma representação do mundo. É um modelo que vamos fazendo à partir da relação que vamos tendo com o meio, operando diretamente com o mundo; nossas experiências e possibilidades de ação depende desse modelo. Assim cada um pode criar um modelo diferente, mais rígido, mais limitado, etc.

Frente aos cambios que as circunstâncias nos requerem, alguns modelos não têm sucesso... mas sim sofrimento. Quanto mais rico o modelo, maior probabilidade de sucesso.

O modelo tem a parte consciente e outra inconsciente, mas pode ser compreendido observando a pauta de conduta do indivíduo, assim podemos deduzir as normas que estruturam o modelo.

A conduta de cada indivíduo se baseia em seu modelo de mundo, em seu repertório de vida...

Algumas são repetidas...formando circuitos autoperpetuantes, tornando o mundo inquestionável.

Como terapeutas nosso objetivo primordial é transformar no paciente seus eixos (estruturas) em questionamento (processo), cambiando seu mundo interno.

Numa terapia de grupo, o indivíduo por ter uma aprendizagem emocional e intelectual não só através da pessoa do terapeuta.

Cada integrante tem um modelo de realidade, podendo vivenciar outras condutas, vivenciando os efeitos sobre si mesmo, abrindo seu mundo interno para novas condutas.

Bateson disse: "Duas descrições são melhores que uma..."

 

Capítulo 1 - Teoria geral dos sistemas e Psicoterapia de grupo

Sistema - é um conjunto de elementos que interagem entre si, se focalizarmos só um elemento, não se pode ver o todo.

Se queremos compreender o grupo, não devemos focalizar nossa atenção sobre os integrantes, o que nos permite saber o que acontece devido a mecanismos grupais.

Composição do sistema - Todo sistema é composto por subsistemas e se queremos centrar nosso estudo no indivíduo como um sistema, devemos vê-lo então como um subsistema do seu grupo.

Se queremos focalizar nosso estudo no grupo como sistema, sabemos que é então um subsistema de um sistema maior, com seus subsistemas em funcionamento dentro do grupo. Sem ignorar a pluralidade de causas.

Toda conduta é muito complexa, se trata sempre de um recorte de uma situação mais ampla.

Limite de um sistema - podem ser mais ou menos permeáveis, mas em sistemas abertos nunca são impermeáveis.

Atividade espontânea - todo organismo tem uma atividade espontânea e essa conduta não é determinada nem pelas circunstâncias externas, nem pelas internas, mas sim num interjogo permanente.

Causalidade circular - o processo de interação dinâmica no qual afira/dentro vai se modificando, denomina-se causalidade circular.

Exemplo: Pedro não consegue emprego. Podemos relacionar trabalho com outras áreas ou experiências passadas... e pedir ao grupo experiências passadas...e pedir ao grupo porque Pedro é rejeitado. Sabemos que um "cambio" fora conduzirá a um "cambio" dentro e que este poderá desencadear um "cambio" afora...então buscaremos a um caminho de mais fácil, com limites mais permeáveis!

Interdependência das partes de um sistema - não se pode trabalhar com um subsistema esperando que os resto do sistema permaneça imutável.

Assim, por exemplo, trabalhando Pedro todo o sistema grupal está se posicionando, se modificando...

Acontecem identificações, ajuda, angústias, enfim todos estão envolvidos na questão de Pedro. Cada um ensaiando distintas condutas...em muitos casos há quem se beneficie mais que o próprio protagonista (Pedro).

Finalidade ou diretividade do sistema - em determinado momento focalizando o grupo, independente do que focam ou digam, parece que está se dirigindo a uma meta em comum, onde cada um tem uma parte, diferem entre si, mas tem um objetivo geral.

Ivonne Azagarian habla sobre um "grupo visível" e um "grupo invisível". Visível se centramos nossa atenção nos integrantes. Invisível é aquele que percebermos se não o olharmos.

Von Berhalanffly disse que todos os sistemas tendem a ter um equilíbrio que será alcançado no futuro. E essa "diretividade" está baseada em uma disposição estrutural.

Certos mecanismos parecem dirigir a ação do sistema... a isto se chama "finalidade do sistema".

Estrutura de um sistema - um todo indiferenciado começa, através das interações de seus elementos, a diferenciar-se cada vez mais, produzindo uma centralização progressiva.

A estrutura de um grupo é a rede de trabalho...quem se dirige a quem, para quê...quem no grupo a quem...Configura-se um mapa de como se produzem os inter-jogos, como a energia pode fluir. O conhecimento da estrutura de um grupo nos permite predizer os movimentos do mesmo e deduzir como dirigir.

Mecanismos homeostáticos - uma vez armada a estrutura do grupo, este tende a protegê-la através de mecanismos homeostáticos, que preservam a constância de um grande número de variáveis...e realizam isto por meio de cadeias circulares que desenvolvem informação sobre os desvios que produzem.

Esteriótipo do sistema - quando as partes de um sistema se tornam fixas...por um lado cumprem automaticamente com sua tarefa que facilita alcançar as metas propostas. Por outro lado, se produz um empobrecimento das possibilidades que teriam quando o sistema estava em um estado mais independente.

 

Capítulo 2 - Marco teórico referencial

A teoria geral dos sistemas é um paradigma útil para abordar o sistema em geral, pois:

•  Estuda a natureza das interações e como estas dão novos resultados;

•  Como tudo isso se converte numa estrutura com leis próprias...

•  Como se forma e opera um sistema.

Desde que nasce o ser humano se organiza gradualmente...algumas teorias influenciam a pauta das relações humanas... Psicanálise... Teoria da Comunicação... Psicodrama... Gestalt... Bioenergética...

 

Capítulo 3 - Formação do sistema grupo - elementos prévios

Elementos prévios para a formação do grupo, provem de três áreas: pacientes, terapeuta e contexto.

Pacientes - chegam com seu mundo interno, vínculos objetais, predisposições, condutas.

Terapeuta - chega com seu mundo interno, e dentro deste põe em funcionamento a relação com seu trabalho, com seu "Esquema conceptual referencial operatório" - ECRO - para onde recorre para compreender as diferentes situações que apresentam.

Contexto - o contexto que aqui se descreve são nossos próprios consultórios...tamanho, distribuição dos móveis, cadeiras, almofadas, objetos de decoração, ruídos, odores, iluminação, tempo de duração (curta-longa), discos, gravadores, intervalos, interrupções, número de pacientes...

 

Capítulo 4 - Começo da interação

Em um círculo não há começo nem fim...todos os elementos se combinam e dependem mutuamente, formando um sistema, e o que esta em jogo nesses elementos é o essencial dos integrantes.

O básico da informação de um grupo é que cada elemento vai ter um lugar em relação a outro.

O terapeuta pode tentar estabelecer as bases do sistema, mas o sistema tem um alto grau de autonomia, mas um terapeuta pode intervir sobre o mesmo para pôr em funcionamento elementos que não aparecem, reestruturando de forma diferente.

 

Capítulo 5 - O sistema grupo em funcionamento

A estabilização de acordos - desde o primeiro encontro o grupo passa a estabelecer acordos. Cada um começa a saber quando, para que e como deve se dirigir a cada um dos integrantes. Isso leva tempo e esforço, numa interação dinâmica. Os acordos começam a ter muita força, são mecanismos muito poderosos num grupo. O sistema vai se especializando...aqui o terapeuta vai trabalhando o cambio da estrutura...visualizando e operacionalizando a estrutura grupal...

 

Capítulo 6 - Cambio: o sistema grupal

Aqui, devemos entender cambio terapêutico , o que permite ao "paciente" ampliar sua visão de mundo.

•  Compreender como categoriza o mundo e a si mesmo dentro deste;

•  Passar por situações que desafiem;

•  Poder ampliar sua visão de mundo.

Um cambio positivo é entendido por passar por esses etapas...

Cambio sistema grupal

Para que o sistema grupal resulte terapêutico deve seguir ciclos de estruturação-desestruturação, o que se deve a uma atividade espontânea que vai produzindo cambios. Cada processo consiste em definições, especializações, centralizações e hierarquia cada vez melhor.

Dificuldades que encontra o terapeuta

•  O terapeuta está incluído no sistema e funciona sincronicamente com ele (aceita consciente ou inconscientemente suas normas;

•  Uma estrutura armada garante um funcionamento conhecido o que implica certa tranqüilidade para todos, incluindo o terapeuta;

•  Romper uma estrutura implica confusão e desajuste para todos;

•  Todo o "plano de ação" está programado assim como a necessidade de cambio e a resposta do grupo nunca é totalmente previsível;

•  Conservar uma certa autonomia do grupo.

Para romper uma estrutura em funcionamento o terapeuta necessita convicção e perseverança.

Cambios de acesso ao cambio grupal

Para produzir ruptura nos esteriótipos grupais, o terapeuta busca um ponto de mais fácil acesso. Podendo encontrá-lo:

•  Mudando sua atitude geral (de passivo para ativo...de tenso a relaxado...de participante à observador...);

•  Mudando seu foco (de verbal para corporal...de pessoal à interação...o conteúdo de suas mensagens à forma como a emite...dos "porquês" aos "pra quês"...);

•  Recontestualizando situações (do estilo grupal, do material de um integrante, o sentido das alianças nos subgrupos dentro do grupo).

O período da desestruturação

Aqui, toda a informação do terapeuta será de peso, estando o grupo passando por desestruturação e confusão, para que saibam que direção dar no futuro.

Para que não repitam a estruturação anterior, o terapeuta deve estar muito consciente de como se está formando novas normas, quais jogos rolam, que meta deve dirigir agora.

 

Capítulo 7 - Cambio: o processo individual

•  Cada membro tem uma meta a chegar e não tem os meios;

•  Por suas experiências passadas percebem sua dificuldade de determinada maneira;

•  Esta maneira não permite concretizar seus desejos e produz dor;

•  Da maneira como percebe seu "entorno", assim responde e atua, o que o mantém nessa percepção;

•  Na situação grupal, tende a se desprender das suas "profecias autocumpridoras", decodificando-as;

•  Assim sendo encontrará com outras "decodificações", ganhando mais e novo material para seu aprendizado;

•  O terapeuta aqui coordena e coloca o paciente em situações diferentes com respostas diferentes...pontuando de outra maneira...dando ressonância para o paciente e para o grupo;

•  Este tipo de conduta pega a todos, desde a identidade até sua forma de perceber o mundo...

•  Com novo estilo de atuação ganha novas percepções...o que resultará em novas vantagens e desvantagens...

•  Na estrutura de um grupo fica permitido e facilitado atuar a nova identidade (por exemplo: ser mais querido ou menos amado).

Repetir seu novo estilo fora do grupo resulta terapêutico.

 

Capítulo 8 - O terapeuta posto "a prova"

Também o terapeuta como sistema, está estruturado sobre um mapa, um modelo...de sua representação do mundo em que vive...e também como sistema deverá ser posto "a punto".

Em seus esquemas referenciais

Quanto mais é aberto a estilos terapêuticos (ou não...) tanto mais possibilidade terá de estruturar seu trabalho em uma base mais rica. Diferentes estilos terapêuticos formulam e respondem diferentemente questões e oferece maior variedade de caminhos...

Quanto à sua energia em produzir trabalho

Dentro de quais técnicas fica mais à vontade? Com quem trabalha melhor? Está bem em seu local de trabalho? Como distribuo melhor meu horário?

Itens esses que precisam ser revisados a atualizados.

 

Capítulo 9 - "Rol" do terapeuta - prolongados, jogos, coterapia

Basicamente o seu "rol" é manter terapêutico o intercâmbio que se produz no seu grupo, através de sua coordenação.

Estabelecendo condições necessárias para seus pacientes enriquecerem seus mapas, decodificações, modificar relações esteriotipadas, saindo de circuitos autoperpetuantes, dolorosos. Para estabelecer condições necessárias deve realizar dois tipos de operações, em relação à:

•  Grupo (estrutura, jogo, clima, metas);

•  Lugar de cada um no grupo;

•  Processo individual que realiza cada integrante.

A evolução do processo grupal não se conhece à primeira vista, para entendê-lo precisamos abstrair os membros do grupo e buscar metas para dirigir o grupo, saber qual jogo está presente, quais normas guiam o grupo, com que jogo de regras se trabalha, qual clima se formou.

Para isso pode-se ter sessões prolongadas que se convertem em muitas oportunidades em exame do estado geral do grupo.

Jogos podem facilitar manifestações no grupo e a coterapia permite ver o que está dentro do grupo e o terapeuta não enxerga.

 

Capítulo 10 - Climas grupais

O estado emocional comum a todos os integrantes é o clima, que funciona como base onde transcorre toda a atividade, este é relativamente autônomo.

Climas mais freqüentes:

•  Implicação emocional;

•  Eficiência;

•  Tragédia;

•  Humor;

•  Honestidade;

•  Medos.

Os climas são importantes como elemento nodal na terapia de grupo.

 

Capítulo 11 - Lugar de cada um - processo individual

Que função cumpre o indivíduo para o grupo? Cada indivíduo toma dentro das possibilidades do grupo, aquilo que resulta sincrônico com seus vínculos objetais.

Quanto mais rígido está o grupo, menores são as possibilidades que oferece a cada integrante.

Quanto mais esteriotipado está um integrante, menores são as possibilidades de tomar posições diferentes.

Em geral a sincronia entre paciente e grupo se dá num intercâmbio espontâneo. Ao ingressar um paciente em terapia fixamos metas a seguir, os sistemas individual x grupo estão interconectados, o que faz surgir uma adaptação, novos aprendizados.

 

Capítulo 12 - Intervenções terapêuticas

É relativa a eficiência que resulta de cada intervenção.

O terapeuta está intervindo durante toda sessão, e suas intervenções podem não ser terapêuticas o tempo todo.

Um sistema se reestrutura logo após uma ruptura...mas facilmente se reestruturará sobre as mesmas bases anteriores à ruptura. Exemplo: sintomas de curta duração...

Portanto um terapeuta precisa ser hábil, planificar uma intervenção, encontrando pontos de equilíbrio para poder intervir "terapeuticamente", prevendo o modo como quer que o sistema responda.

 

Capítulo 13 - Intervenções terapêuticas focalizando o grupo

Este capítulo é uma seqüência de exemplos de como trabalhar focalizando todo o grupo. Exemplos:

•  Intervenção para fortalecer a estrutura do grupo em funcionamento;

•  Focalizar o "cambio" de jogos;

•  Focalizar o "cambio" levando o grupo a ver como um integrante;

•  Focalizar o grupo a ver o material do protagonista;

•  Abrir os jogos para alterar as possibilidades de aprendizados no grupo;

•  "Cambiando" as regras de interação;

•  "Cambiar" as normas grupais;

•  Jogos no grupo.

 

Capítulo 14 - Intervenções terapêuticas focalizando o paciente

Este capítulo é uma seqüência de exemplos de trabalhar no grupo focalizando o indivíduo. São intervenções destinadas a criar e possibilitar ao paciente um lugar onde possa vivenciar, experimentar e visualizar o mundo de modo diferente ao habitual.

•  Trabalhar diretamente sobre ele.

•  Focalizar em intervenções trabalhando diretamente sobre ele.

•  Intervenções para passar do nível emotivo ao nível cognitivo.

•  Alguns exercícios interessantes.

 

Apreciação pessoal sobre o livro

"Este livro e sempre útil para quem trabalha ou tem interesse em trabalhar com grupos, de fácil entendimento, a idéia de um trabalho dessa forma fica bem clara e agradável para quem esta buscando mais sobre o assunto. E muitíssimo boa a maneira como os tópicos vão sendo mostrados e discutidos colaborando para maior aprendizado do terapeuta de grupo. Aproveitem....."

 

Nome do autor da resenha e data: Mildred / maio de 2003.