Resenha de Livro
Curso de Formação em Terapia Relacional Sistêmica
Psicóloga Solange Maria Rosset

 

Nome do Livro:

O casal em crise

 

Autor do Livro:

Maurizio Andolfi, Claudio Angelo, Carmine Saccu

 

Editora, ano de publicação:

Editora Summus /São Paulo - 1995

 

Relação dos capítulos

Cap.1- O casal normal

Cap.2- Crise de casal: qual terapia?

Cap.3- A sexualidade no casal

Cap.4- Casais desintegrados e reconstituídos

Apanhado resumido sobre cada capítulo

Cap.1-O casal normal

O que é um casal normal?

Segundo os autores, este é um "objeto" de estudo complexo, heterogênio e requer análise de diferentes percursos de leitura, níveis antropológicos, psicológicos, relacionais, trigeraciortais entre outros. Surge então, a respeito do casal uma série de questões extremamente complexas e articuladas entre si, inclusive de posições teóricas.

As funções do casal

Para falar de casamento, precisamos ter alguma idéia do que é o ser humano, do que é o indivíduo antes de se unir a alguém e quais são os aspectos funcionais da união.O ser humano sofre uma deficiência do ponto de vista biológico, não tem possibilidade de sobreviver sozinho, portanto, o que está por trás do casamento é - eu sou um indivíduo ao qual falta alguma coisa, sendo estes os aspectos funcionais. Há coisas que têm a ver com o indivíduo, com a transferência, transferir emoções de um estado para outro, homeostase e o esforço em manter segurança, uma condição de estabilidade.O caráter físico de estar juntos é você poder alcançar o outro e depois perde-lo. Em certo ponto, a pessoa está consigo mesmo e em outro ponto está além de si mesmo. Este fluxo e refluxo da vida fazem com que seja difícil e que possamos ficar satisfeitos onde estamos. Outro aspecto tem a ver com o nosso modo de crescer e que são culturalmente determinados, um é o desejo de permanecer criança, ser dependente, outro é o desejo de fazer alguma coisa por alguém, de deixar mamãe contente, de virar terapeuta e resolver os problemas do mundo e assim por diante.

O casamento é um modelo adulto de intimidade, uma espécie de união e separação que faz parte do modelo adulto de nossa estrutura. Warkentin diz: "Na guerra e no amor tudo é permitido", e o casamento é as duas coisas. Há diferentes tipos de casamento, descrevermos os mais comuns: o de companheiros - pessoas que são boas amigas e resolveram viver a dez passos de distância, mas casados. Eles querem manter essa distância e quando encontram uma pessoa com a mesma necessidade, encontram um equilíbrio. São como dois sócios muito quietos, nem um dos dois dirige o negócio, cada um é dono da metade e não vende nada da sua parte.

Outro tipo é o casamento legalmente permitido, para o qual tiram uma licença e que prevê que a mulher vai tomar pílula e não haverá filhos. Depois de algum tempo os dois podem renegociar o contrato e resolver casar com fins reprodutivos, tiram outra licença de casamento, com cerimônia formal e terem quantos filhos quiserem.

Outro tipo é o casamento baseado em adoção bilateral, quando um é terapeuta e o outro é paciente na relação. Um é o terapeuta e o outro é a vida da pessoa, é uma relação recíproca, cada um procura ajudar o outro.

Também há o casamento homossexual: são duas pessoas que têm corpos físicos diferentes e casam legalmente e têm uma base relacional essencialmente competitiva, como dois homens ou duas mulheres.

Há o casamento pervertido, o mais comum, sem sexo ou agressividade.

Outro tipo é o extraconjugal, é um casamento que assume a forma de uma relação legalizada e se prolonga por muito tempo, e a única comunicação entre os dois é que vão para a cama juntos, é um arranjo.

É importante ressaltar que no casamento ocorrem mudanças fisiológicas devido àvida intensa, e uma das funções do casamento é o desencadeamento de tenção e aumento da ansiedade e seus efeitos positivos e negativos. No casamento ocorrem os aspectos paradoxais e dialéticos, os mais evidentes são o amor e o ódio que transitam da distância àproximidade, intimidade e vulnerabilidade que elevam a temperatura do amor e do ódio.

A mudança no casal

O casal se compõe de três partes, dois indivíduos e uma relação: eu-você-nós. Nos anos 50 foi desenvolvida uma abordagem de trabalho para casal baseada no crescimento e no desenvolvimento e que permite observar a interação entre os dois e compreender como se relacionam entre si, desempenhando papéis de pai e mãe e utilizando projeções recíprocas, portanto temos condições de ver urna pessoa para manter um senso de auto-estima.

Relacionaremos abaixo idéias novas que podem mudar sensivelmente o modo de ver um casal se relacionar e os terapeutas trabalharem:

Primeira - A possibilidade de formar um casal sadio depende da capacidade de haver um senso de igualdade entre as partes, contrária à idéia de desigualdade.

Segunda - Todas as pessoas, homem e mulher, têm partes intuitivas e partes cognitivas e para funcionar da melhor maneira, essas partes devem ser desenvolvidas e integradas do seu jeito. Os casais lutam para formar um todo, por meio de sintomas. O esforço do terapeuta é ajudar a mudar as bases de sua relação e o aumento de consciência.

Terceira - A identidade não se confunde com o papel. Durante séculos a sociedade definiu as pessoas com base nos papéis. Perguntando-se a uma pessoa o que ela é? Esta responde em termos de papel. O papel descreve o que a pessoas é, sendo os papéis que definem homem e mulher como exemplo: anteriormente se os meninos não fossem machões, eram considerados maricas, portanto, é a pessoa que está por trás do papel.

Quarta: As pessoas sadias sabem que uma boa auto-estima é o fundamento de uma vida sadia.

Quinta: As pessoas sao seres espirituais no contexto da terapia de casa, os terapeutas devem trabalhar no princípio "vamos acrescentar o que vocês precisam para viver bem".

A Construção Diádica da realidade

O casamento por definição é uma união de compromisso. O casamento é diferente de todas as outras relações. Os cônjuges apoiados reciprocamente no bem e no mal, na saúde e na doença mudam radicalmente a relação entre os parceiros.

O contrato deve fazer continuamente a redefinição de papéis, regras, funções, poder para que uma relação continue sendo funcional. Também é importante que essas regras não sejam totalmente rígidas, nem modificáveis na totalidade, apenas por um. O que acontece é que muitas vezes, as regras não são formuladas expiicitamente, mas confirmadas e evidenciadas por certos rituais. Por exemplo: um casal cumpre esses rituais ao voltar de um jantar criticando as pessoas que encontrou, o que ficou sabendo lhe serve para reforçar seus próprios valores, sua concepção de mundo e seus objetivos, para delimitar o espaço de casal em relação ao exterior e consolidar esse espaço. O mesmo acontece quando um conta ao outro casos excitantes, que leu ou ouviu, sobre relações extra conjugais, problemas econômicos, dificuldades financeiras devido à compra de uma casa grande demais, má educação dos filhos. Todos esses rituais têm corno objetivo reafirmar reciprocamente a validade de suas próprias elaborações.

Quando duas pessoas resolvem compartilhar suas vidas, começam a elaborar seus construtos em função um do outro.

Na vida cotidiana, os parceiros contam um ao outro o que ficaram sabendo durante o dia. Aquele que escuta, muitas vezes, faz comentários sobre o que o outro pensa. Assim o que os dois viveram é arrumado dentro de seus construtos da sua realidade. O fato de contarem um ao outro suas vivências cotidianas têm uma importância fundamental. Essa construção diádica é importante para elaborar as contrariedades cotidianas enfrentadas na vida profissional ou na educação dos filhos.

Cada um forma seus construLos com as experiências pessoais, como duas pessoas não têm experiências anteriores análogas, nunca poderão perceber de modo idêntico seus construtos diádicos, por isso eles devem ser continuamente confirmados por rituais.

A Escolha do Parceiro

A escolha do parceiro se baseia num jogo de "vazios" e "cheios" que permite, justamente por meio de sua interação dinâmica que o relacionamento prossiga e evolua, ou que seja interrompido, neste último caso a premissa é a reconstrução do relacionamento.A tentativa constante de unir-se a esses conteúdos ideais e o desgosto ou saudade decorrentes da sensação de distância ou de separação deles permitem entender a importância que assumem. Nessa tentativa, os aspectos históricos da vida pessoal da pessoa envolvida sob a forma de valores e funções transmitidos pelo mito e da história da família de origem e de suas modalidades de enfrentar os processos de união e separação entre seus vários membros.

Os conteúdos sugerem quais características dar atenção ria escolha do parceiro, que devem satisfazer expectativas implícitas no mito. Por ex. se num mito familiar a função atribuída a uma filha, é de que ela ache um homem que atenda a aspiração social que a mãe não conseguiu no seu próprio casamento, a tentativa pode ser bem sucedida sem grandes dificuldades, com uma variedade bastante ampla de opções potenciais, mas se, com o tempo se descobrir que esse homem também deve confirmar a validade de um pressuposto segundo o qual o destino das mulheres e serem sempre incompreendido e maltratado ou desprotegidas, é claro que aquilo que inícialmente parecia uma escolha genérica tem agora um caráter mais seletivo.

O tipo de influência expressa pelo mito familiar depende da sua força e riqueza, quanto mais articulado for, tanto maiores serão as possibilidades de desenvolvimento e escolhas, quanto mais forte for um dos componentes, tanto mais predominara sobre os outros, na busca de satisfação. Isso parece estar relacionado também com o grau de diferenciação alcançado pela pessoa e com sua capacidade de elaboração do mito, ou seja, grau de autonomia e identificação, com a maneira que estruturou e resolveu seus vínculos com as figuras familiares mais significativas. Em geral com o passar do tempo, a escolha de um parceiro se torna cada vez mais complicada e sujeita a maior número exigência. O contexto e o tempo que ocorre o encontro orientam o relacionamento para um tipo de escolha, em vez de outra, dentro de uma série de opções proporcionadas pelo enredo mítico, ou até orientam para decisões que entram em conflito com esse mito.

A escolha do parceiro só aparentemente envolve apenas duas pessoas, na realidade, o relacionamento que se estabelece pressupõe uma estrutura elementar subjacente, do tipo triangular, que vai sendo confrontada com outras estruturas pertencentes ao contexto atual ou passado, e que servem de referência no que diz respeito às características do relacionamento. No entanto, cada pessoa está envolvida contemporaneamente (nas relações atuais) ou sucessivamente (numa dimensão histórica) em várias relações significativas, podendo descrever a rede que elas formam com uma série de triângulos, em que, cada um dos participantes da relação é colocado na posição de observador do que está acontecendo com os outros dois. Qualquer relação íntima pressupõe e comporta uma série de confrontos com outros relacionamentos significativos, dos quais precisa se diferenciar, Por ex. com irmãos ou parentes, com amigos ou no plano trigeracional com os pais, avós, etc. O confronto se dá no plano horizontal, os vínculos do mesmo nível hierárquico (irmão, irmãs, parceiros), e no plano vertical trigeracional em que se inscrevem as ligações entre diferentes níveis hierárquicos (avós, pais, filhos etc.).

Por outro lado os acontecimentos contingentes e o contexto em que se instaura o primeiro relacionamento ou quando se faz uma escolha pessoal contribuem, por sua vez para formar uma "leitura" da história das relações passadas, esclarecendo certos aspectos e. portanto, destacando os componentes mais em sintonia com a sítuação atual.

As brincadeiras das crianças assumem os conteúdos das relações características das pessoas que representam os papéis, e que contribuem para determinar o resultado do

encontro com o parceiro em potencial, na possibilidade real ou fantasiosa, para informar sobre pontos problemáticos do relacionamento passado ou de resolve-los.

O Casal útil

Considerar patológica uma relação conjugal é difícil, pois, a disfuncionalidade é a tentativa de resolver condições disfuncionais precedentes. Uma relação de casal pode ser uma oportunidade incrível de uma evolução individual, e está baseada a premissa

- A relação que o indivíduo tem consigo mesmo é função das relações que aquele indivíduo tem com os outros;

- O parceiro, numa relação de casal, representa uma escolha privilegiada de intercâmbio relaciona!;

- Todo indivíduo tem a possibilidade dc escolher utilizar sua relação consigo mesmo, ou para mantê-la inalterada;

- O nível de liberdade nas escolhas é diretamente proporcional ao nível de consciência alcançado.

Um casal estará tanto melhor de acordo com o proveito que conseguir tirar do sofrimento com impulso evolutivo.

A paixão é projeção do ódio e do amor e começa com armadilha positiva desse binômio: a curiosidade, a traição, a paixão.Na paixão a imagem da pessoa se perde, onde ao término dessa, a pessoa se depara com o eu real, isto é, seu funcionamento psíquico atual, permitindo a antiga estrutura vir à tona e começa a se chocar com os aspectos que no começo os atraíam inconscientemente, com a crise inicia-se o segundo estágio. A escolha se dá devido às atrações inconscientes, geradas por nossas necessidades de mudança. O tirano escolhido, as sensações de fracasso e as soluções para este estado são as seguintes:

- Abandonar de vez o marido ou a esposa;

- Escolher outro e começar de novo;-

- Voltar ao mesmo tirano, porém com mais discernimento.

Depara-se mais uma vez com a dificuldade da escolha. É bom lembrar que os tiranos nunca estão sozinhos, sempre se vaiem das respectivas famílias de origem.

Os mandamentos para aprender com o outro:

- Use sua mulher ou seu marido como lata de lixo para todas as funções que você não gosta de reconhecer;

- Use a pessoa que você escolheu para confirmar sua própria personalidade;

- Nunca procure conhecer o outro, se não vai se aproximar de sua própria identidade;

- Manter confusão de personalidade com identidade resultará na sua própria imagem estereotipada, a qual será usada para manter suas convicções.

Cap.2-Crise de Casal Qual Terapia?

O posicionamento do terapeuta é imprescindível, a clareza de suas questões devem ser trabalhadas para não embolar com o Casal e poder ajuda-lo na sua relação, sem tomar partido.

Psicanálise e Terapia Sistêmica Dois Paradigmas em açao

O posicionamento e os modelos terapêuticos são diferentes na terapia sistêmica e psica nalãtica acarretando condutas e posturas terapêuticas também diferentes, por isso, a integração é muito difícil.

Na época de Freud, o modelo científico que prevalecia era a química e a física de pré Einstein que forneceram os modelos de conceitos de repressão, catarse, deslocamento, formação reativa, sublimação e outros.

A partir da segunda guerra mundial, difundiram se as ciências sistêmicas, como a teoria geral de sistemas, a cibernética, a teoria da comunicação, levando-nos a perceber, entre outras coisas, a importância dos processos de feedback e de causalidade circular.

O Modelo Psicanalítico de Funcionamento do Casal

O casal é uma estrutura diátíca, construída de elementos reais ou fantasiada com os pais de um ou de outro parceiro, ou a própria relação de casal, ainda a dinâmica do casal parental de origem, trazida para a nova relação, isto é, uma estrutura complexa com funções específicas, algumas intrínsecas ao próprio casal e outras são a base em que se fundamenta o funcionamento da família, particularmente a maneira de criar os filhos. A primeira é esforço narcísico que cada um dos parceiros proporciona ao outro, as defesas e a distribuição de papéis e funções. A segunda, é a introjetiva e se identifica no gerar amor, promover esperança, conter a dor e pensar.

O funcionamento do casal é sustentado pelo mecanismo da colusao, isto é, por conveniência inconsciente, cuja essência é caracterizada pela "recíproca" atribuição de sentimentos compartilhados a nível inconsciente. Freud considerava o casamento, uma tentativa origina! de "cura".

A colusão é um jogo recíproco entre o casal, em que cada um se dispõe a jogar o jogo do outro, talvez sem se dar conta inteiramente.

O crescimento individual e o do casal não coincidem necessariamente. Quando esses dois se afastam ou se diferenciam verifica-se uma ameaça à continuidade do casal e uma perspectiva de ruptura do relacionamento.

Terapia de Casal Sistema Terapêutico e Ressonância

Na Terapia de casal, é bem freqüente se deparar com a queixa, onde cada um dos membros do casal está dividido entre dois níveis de expectativas opostas. O casal está preso ao duplo vínculo, círculo vicioso da queixa recíproca cada um está convicto de que o outro é a causa do problema, o comportamento é governado por um conjunto de regras muito rígidas, que se estruturam com base no que percebem da situação. Casal '# o outro de acordo com o seu mapa delineado.

O autor denomina "ressonância" a ligação de vários sistemas em torno de um mesmo elemento.

Crise de Casal e Família Trigeracional

O sistema terapêutico trás para a sessão as famílias de origem, para que ambos os cônjuges possam compartilhar uma experiência importante para o reconhecimento de vivências análogas e contribuírem para a diferenciação do eu, como diz Bowen.

O Casal Terapeuta do Indivíduo

A estrutura do casal permite dar continuação ao processo de crescimento individual iniciado nas famílias de origem.

O pacto numa relação é que cada um dos parceiros percebe um ponto fraco no outro e a troca com um de seus próprios pontos fracos. Esses dois pontos fracos ficam ligados, permitindo pensar implicitamente de modo linear. O pacto é a proibição de atacar ou de falar do ponto fraco, diante do outro. O pacto garante uma confiança recíproca que vai funcionar também em outros campos. Se o pacto for rompido, a confiança desmorona. Do ponto de vista sincrônico, o pacto é a troca que protege cada um dos membros do casal contra sentimentos de perda da própria incoerência inteira que tomariam conta dele, se fosse colocado diante de suas incapacidades.

Os parceiros se escolhem e o casal se constrói sobre semelhanças implícitas, que eles transformam em diferenças complementares mais explícitas.

A diferença fundamental entre pacto e colusão; O pacto localiza-se num campo definido de relação; a colusão invade toda relação.

Quando pedimos aos casais que nos contem o problema, os casais baseados em um pacto conseguem rapidamente definir as áreas concretas das dificuldades, tanto individuais como relacional isto permite ao terapeuta se mover com certa flexibilidade em suas relações com cada um dos membros do casal e com o vínculo emocional de ambos. Pode-se de aproximar de um deles sem afastar o outro e, sem impor perigo na relação do casal, pode compartilhar emoções que atravessam o casal, sem correr risco de ficar preso nelas. Respeitar o pacto permite fazer uma aliança com o casal e até apoiar os dois indivíduos. A função do terapeuta tende a substituir a função do pacto, redimensionando-o para que o casal assuma o seu novo papel terapêutico.

A posição do terapeuta perante a colusão é quando este pede ao casal para contar o problema, logo se sente incapaz de ajuda-los a delimitar alguma zona concreta. O terapeuta percebe-se numa situação paradoxal, precisa mudar tudo sem mexer em nada. A missão atribuída ao terapeuta é a de salvar o casal. Qualquer tentativa de se aproximar de um dos parceiros é sentida pelo outro como distanciamento. Trabalhando a colusão de cada um deles com sua própria família de origem é que se torna possível ampliar o espaço relacional do caso.

Terapia de Casal do Ponto de Vista Sistêmico: Uma Pesquisa em Curso

Trata-se de criar um contexto de psicoterapia para aflorar informações diferentes do discurso repetitivo, em um significado, para colocar novos questionamentos para o casal a fim de estimula-lo para sua criatividade. O modelo é no nível fenomenológico, a percepção de uma ordem que rege os comportamentos na relação de casal, a consciência dos significados próprios dessa relação de casal. No nível mítico a flexibilidade, a relatividade dessas modalidades cognitiva permite atingir novos equilíbrios recorrentes, ás custas de crises periódicas.

Cap.3-A Sexualidade no casal

Pode-se falar de sexualidade como um estilo comunicativo do casal. Trabalhando-se com o mal estar do casal, observando a perspectiva conjugal e parental é possível revelar modalidades repletas de violência inter e intrageracional que são índices de relacionamentos afetivos e de poder descompensados.

Dessa perspectiva, as disfunções sexuais se enquadram como uma espécie de traição da sexualidade, a qual, em vez de construção de uma união adulta, pode se tornar um instrumento de poder para exercer domínio sobre o cônjuge, num rígido vínculo de dependência recíproca. Outras vezes desgastada a intimidade do casal, acredita-se que o desempenho sexual pode conserta-lo. O diagnóstico deve abranger uma investigação de cinco círculos:

-áreas biológicas, intrapsíquicas, relacional de casal, relacional de famaia e social.

Prisioneiros do Papel Sexual

A atribuição dos papéis e funções ao homem e mulher são culturais, são aprendidas. A mulher busca proximidade, ao passo que o homem tende a manter certa distância, para preservar autonomia e independência, Esse retraimento do homem só faz provocar exigências da mulher, a qual por sua vez, provoca o distanciamento dele.A dependência e a autonomia estão relacionadas aos condicionamentos sexua is, éimportantes que o terapeuta tenha presente as superequações sexuais e econômicas que influem conflitos de casal.

No que diz respeito aos distúrbios sexuais é importante entender que a socialização sexual de cada um dos parceiros incide sobre o problema do casal. Na mística masculina, poder e prestígio sempre foram identificados com sexualidade. As mulheres dependentes emocionalmente esforçam-se para agradar, tornando simbólica a relação sexual e realizada em nome do dever, elas são ressentidas e passam a evitar as relações sexuais, os homens atribuem a rejeição à virilidade como uma frigidez.

Com a descoberta da pílula, o sexo começou a assumir outro significado, criando outros conflitos em que a mudança pode ser alcançada com o avanço de idéias fundamentais e da estrutura social e econômica, que mantém homens e mulheres prisioneiros dos papéis sexuais.

A Crise de Casal, entre Pseudo-reciprocktade e Emancipação

Segundo o autor, os casais em terapia, os casais em terapia tem a ver com o sentido de identidade de cada um, como indivíduo, e dos dois juntos, como relacionamento de casal. Quanto mais vagos e distorcidos os limites pessoais, mais o relacionamento do casal é de pseudo-reciprocidade. A rigidez do sistema familiar obriga a elaborar e manter imagens fictic;as para encobrir a alienação, o desespero e a distância, mediante controle ou ostentação exagerada de anticonformismo e independência.

A pseudo-reciprocidade como controle, manipulação ou comportamento sexual coercitivo, muitas vezes está ligada a segredos nas famílias de origem, os pais sentem-se ocultamente responsáveis por mortes violentas ou súbitas, abortos clandestinos, adoções não reveladas, falência e prevaricação ou abusos, que são mantidos mediante tabus intergeracionais ou mitos que cercam de mistério, histórias familiares sobre as quais éproibido fazer perguntas, muitas vezes permeadas de auras supersticiosas de lenda ou catástrofe.

Para compensar essa sensação angustiante de falta ou falha, o casal resolve conformar-se a um comportamento determinado, por um papel totalmente externo, descoordenado e caótico. Então, nesses casos, há escolha de um parceiro que compartilhe essa ambiguidade de limites e perpetue tanto relacionamentos em que há uma dependência ansiosa e ressentida como dificuldades patológicas com a intimidade. Muitos homens, por ex., tendem a exibir uma atitude dura e vulgar ou exageradamente dependente da figura feminina porque não experimentaram relacionamentos autênticos com os paiS. Foram deixados de lado pelos pais e seduzidos por mães que, para preencher o vazio das relações conjugais, investiram nos filhos necessidades de intimidade distorcidas, induzindo o apego a elas. Por outro lado, muitas vezes, as mulheres adquiriram das mães a fachada de submissão, vitima, mártir ou, pelo contrário, o autoritarismo e a possessividade intransigente. Esses filhos e filhas nunca se desligaram inteiramente dos pais. Podem casar-se e repetir os mesmos erros, ou cair nos excessos opostos: acumular relações e fracassos, ou se sentirem subjugados numa relação repressiva que não pode ser rompida, por que se separar equivale a assinar a própria sentença de morte, não somente interna "que muitas vezes já está ocorrendo" mas também externa.

O prestígio social, muitas vezes ratificado pelo casamento institucional, serve para camuflar um eu falso, com escoras de argila. Na raiz, está a sensação de falta de integridade, de culpa e desqualificação, reiterada no círculo vicioso da proibição de expressar abertamente as próprias necessidades, na inútil tentativa de fazer a imagem interna coincidir com esquemas externos. Um empreendimento "sempre no prejuízo" que em longo prazo torna-se destrutivo e desmoralizante. Então, consolidam-se papéis fixos no casal: o perfeccionismo de um, a irresponsabilidade do outro, levados até a despersonalização, sem trégua nem perdão através do reconhecimento dos próprios erros. Ao contrário disso, o diálogo, o empenho, a aceitação dos limites individuais e recíprocos permite modificar comportamentos sem viver a rejeição ou o abandono como gueto emocional.

Paralisados no isolamento, homens e mulheres se sentem inadequados tanto quando se aproximam dos outros como quando deixam de faze-lo. Os homens têm medo das mulheres, que se tornam abertamente mais auto-suficientes, mais competentes, mais afirmativas, As mulheres desprezam os homens, que consideram sempre mais superficiais, vorazes ou sexualmente inibidos, pouco confiáveis e frágeis na esfera afetiva. Falta sensação de entendimento e de participação, que dá alívio e segurança. Procura-se agradar os outros para desfrutar vantagens ou apoio, até fazendo do corpo mercadoria de troca, não para alimentar o senso de auto-estima, visando ao bem estar. A negação e remoção tomam-se os principais mecanismos de defesa contra o sofrimento, que nunca évisto como algo interior, mas deslocado para objetos, pensamentos e sensações externas. Os limites são invadidos, cindidos ou forçados.

Por meio de escultura mitológica da família, pode-se visualizar a complexa rede de mitos e ritos familiares, diante do terapeuta e de um ou dois observadores que auxiliam no processo terapêutico.

Trabalhando o desconforto do casal da ótica conjugal e parental, torna-se possível identificar modalidades de violência inter e intrageracional que são indicadores de relacionamentos afetivos e de poder descompensados, condensando-se num tempo e espaço bem delimitado. Uma vez criado o contexto em que o aparato mitológico familiar foi vivenciado como mais pesado e repressivo por estar ligado a preconceitos sexuais torna-se possível perceber os vínculos afetivos e os papeis preservados por meio da postura, da distância espacial, da direção do olhar. Conflitos, duplos vínculos e triângulos tornam-se visíveis, de modo concreto e ao mesmo tempo simbólico, impedindo recurso a intelectualizações ou à condenação.

A existência eventual de distúrbios semelhantes ou diversos no passado de um ou de ambos os parceiros, veriflca a dificuldade e relutância do casal em se empenhar num comportamento sexual que possa ser excitante e estimulante, sinal de dificuldade em abandonar-se à experiência erótica na perda de controle. Podem aparecer defesas contra a sexualidade e o prazer, erguidas pelo casal com construções cognitivas, intelectuais ou ideológicas. Examina-se, enfim, a atitude recíproca de ambos em relação ao desempenho sexual. Investigam-se eventuais ambições sexuais consolidadas. Em suma, os pacientes são convidados a falar detalhadamente de sua sexualidade, colocando em evidência a história do sintoma e suas modalidades de explicação.

Depois dessa fase de anamnésia, cabe ao terapeuta coordenador proporcionar uma reestruturação cognitiva das emoções, sentimento, e da relação corporal. Muitos casais já chegam à terapia colocados em trincheiras opostas. Para superar esse impasse é preciso deixar de lado, pelo menos em parte, a linguagem verbal. Propõe-se então ao casal trabalhar com imagens, movimento, espaço, modalidades de contato físico com gestos etc. Um instrumento utilizado nessa fase é as colagens que contem sua história de casal ou que expressem suas opiniões sobre o casal, amor, sexualídade, no tempo, ou seja, no passado e no presente e em suas previsões para o futuro. A escolha das imagens deve ser levada pelo "emocional", pelo "que vem de dentro".

As reações de espanto ou surpresa ou, ao contrario de previsibilidade, com que cada membro do casal reage às colagens do outro na sessão, constituem um material precioso para a terapia, tomando como ponto de partida esses elementos emocionais novos. As emoções e desejos expressos pelas colagens podem levar a novas demandas de terapia e a novas respostas por parte do consultor. O mesmo objetivo também pode ser alcançado por meio de outras modalidades, como: proposta de fazer um desenho junto, exercícios de divisão e

ocupação recíproca de espaço, simulação prescrita de brigas, construção de escultura familiar e de casar. elaboração de um mapa familiar ou de casal.Todos esses instrumentos são adaptados às especificidades e padrões necessários.

A fase que se segue1 focaliza os aspectos relacionais do sintoma. Muitas vezes, o sintoma sexual é apresentado como problema só de um ou outro dos parceiros. Excluindo-se o elemento orgânico, e o momento de seu surgimento tenha sido pesquisado, (antecedente à relação atual, no começo desta ou de certa fase em diante), sempre será possível fazer uma leitura funcional desse sintoma. Será então possível e necessário explorar as vantagens, e não apenas desvantagens, do sintoma e suas relações com o poder, com os equilíbrios internos e externos ao casal (família extensa). E nesta fase que se examina a contribuição do parceiro na sustentação do sintoma ou até num co-sintoma. O sintoma concomitarite está ligado muitas vezes, aos critérios utilizados na escolha do parceiro ou à soma de obstáculo a sexualidade que foram atuados em colusão pelos dois membros do casal.

Nessa fase é necessário redefínir o contrato de casal, rertegociar os espaços individuais e de casal, explicitar o significado da sexualidade na vida individual e de casal e as ligações entre sexualidade e sentimentos, avaliar a capacidade de confiança e colaboração recíproca entre os dois parceiros. Só depois de examinar esses aspectos pode-se iniciado um trabalho comportamental prescritivo, com a consciência de que a terapia sexual nessa fase exige, inclusive, que se trabalhe com vários aspectos evidenciados pelas próprias prescrições. Será preciso enfrentar, por ex: o medo da intimidade, do próprio corpo e do outro, fobias de diversos tipos, manias, objeções, agressividade mais ou menos expressa, sempre com o objetivo de tornar favorável cada território hostil.

Depois de concluída esta fase e delimitados componentes somáticos, há o perigo de o terapeuta familiar considerar o sintoma sexual como qualquer outro sintoma, e querer trata-lo com os instrumentos habituais de qualquer terapia familiar. É oportuno avaliar caso a caso, a importância das necessidades individuais e corporais dos dois parceiros que possam requerer outros tipos de intervenção nitidamente sexológica, de caráter prescritivo ou pedagógico.

Comunicar para Amar ou Amar para Comunicar

A sexualidade está a serviço da comunicação e o inverso também.

As funções não sexuais do sexo;

   - a serviço da identidade;

sexo a serviço da comunicação;

   - sexo a serviço da socialização;

   - sexo como pretexto para conflitos de casais ou intergeracionais;

   - sexo comercializado na propaganda e na prostituição;

   - sexo antidepressivo ou calmante.

Terapia de casal e ou terapia sexual

A terapia sexual não implica necessariamente, envolver o casal corno sustenta Kaplan, os problemas de ordem sexual não são, invariavelmente, manifestações de profunda perturbações emocionais ou de doenças mentais. Em muitos casos, as disfunções sexuais têm raízes em problemas mais imediatos e simples: previsão de desempenho medíocre, pretensões reais ou imaginárias de bom desempenho7 medo de ser rejeitado ou humilhado, pelo parceiro.

A terapia sexual é uma intervenção de psicoterapia breve em resposta a uma demanda sexológica.

As áreas identificadas nos cinco cfrculos são: biológica, intrapsíquica, relacional de casal, relacional de clã e social. A essas áreas somam-se dois setores, aos quais se reserva a tenção especial: a esfera corporal e a do imaginário erótico.

O círculo casal e clã (isto é, de família e família extensa), de interesse principalmente dos terapeutas familiares e do sexólogos, são: expectativas, insatisfações, projetos, decepções com a vida matrimonial e de casal. Também é dada atenção especial àconstrução da vida de casal, mediante estudo do modelo escolhido e das modalidades utilizadas para estabelecer regras, dividir tarefas, definir as complementaridades.

Cap.4- Casais Desintegrados e Reconstituidos

O que fazer quando o casal quer se separar e não consegue, ou quando, apesar da separação material, perduram uma série de relações, muitas vezes, ligadas à subsistência dos filhos ou outros vínculos? Como lidar com o casal recentemente formado, cujas l;gaçoes com os ex- parceiros permanecem ativas?

Com a necessidade de dispor de diversas perspectivas de investigação, podemos compartilhar a sensação de que a tendência atual é concentrar a atenção nos métodos de intervenção, mais do que verificar as "verdades" estabelecidas e os contextos teóricos em que se inserem, equiparando aos limites da realidade e fazendo distinção do problema entre o conhecimento e ilusão.

Casais que de repente se separam, casais separados que continuam convivendo, casais separados que se ajudam, e outros, que se atacam ferozmente, casais que parecem nao ter guardado nem sombra de sua história, casais que não conseguem cortar e redefinir seu vínculo, casais que vivem a separação em múltiplos triângulos (filhos, famílias de origem, instituições, personificações de fantasmas). Daí a necessidade de horizontes que sirvam de orientação e limite.

As Crianças, Pequenos Ulisses entre CiIa e Caríbde.

A separação é um momento desestabilizador cujas tonalidade geram ansiedade para todos os membros da família, onde para muitos casais, a história preparada e a representada precisam serem vistas e redefinidas com a história do pequeno Ulisses.

Famílias Reconstituídas: A Criação de uni Novo Paradigma

As famílias reconstituídas na tentativa de criar uma família nuclear trás varias conseqüências:

Erguer uma fronteira muito rígida, baseada em lealdade, em torno dos membros da nova família, leva a excluir, de fato, os pais biológicos ou os filhos da primdra união, e por isso não é realista, embora seja, evidentemente, muito difícil renunciar à idéia de "família nuclear".

O fato de a ligação pai! filho ou mãe! filho ter nascido antes da ligação entre os cônjuges, às vezes, muitos anos antes, representam uma dificuldade estrutural nas famílias reconstituídas, e tende a produzir rivalidades entre o progenitor e o enteado, corno se a relação fosse do mesmo nível hierárquico, Os papeis sexuais tradicionais, que requerem que a mulher cuide do bem-estar emocional da família, opõe a madrasta à enteada e colocam a nova mulher e a ex-mulher em posição competitiva, particularmente no que diz respeito aos filhos. O fato do homem cuidar dos aspectos economtcos coloca o segundo marido contra o primeiro, quem "perder" paga a conta.

Embora o económico seja muitas vezes motivo de conflito, os maiores problemas, nas famílias reconstituídas, decorrem das idéias tradicionais acerca do papel da mulher.

O novo modelo para os sistemas reconstituídos deveria abranger os seguintes pontos:

- fronteiras permeáveis em torno da família, os filhos passam a transitar facilmente, entre os ex-conjuges, pais e filhos biológicos, avós e outros parentes,

- aceitação e apoio às responsabilidades e sentimentos do novo cônjuge: em relação aos filhos da primeira união sem querer substituir nem se propor ao apego entre eles,

- revisão de papéis tradicionais: as velhas regras, pelas quais cabe às mulheres criar os filhos e aos homens trazer dinheiro para casa, não se aplicam às famílias em que as crianças não são filhos da esposa atual, e parte da receita não pode ser produzida nem controlada pelo atual marido.

No início do contrato, cada um dos cônjuges deve se responsabilizar pela criação e educação de seus próprios filhos biológicos, estabelecer as regras, tomar as decisões.

Embora os problemas digam respeito geralmente aos filhos, é importante que o terapeuta preste muita atenção a relação do casal.

Terapias com Casais em uma Sociedade Desagregadora

O terapeuta precisa ser esperto para pegar o que está por trás para conseguir provocar mudança e levar ao crescimento problemas clínicos que se referem a casais, e que são diversos.

O casal em formação - trata-se de um casal que vive junto mas, não consegue dar o segundo passo, nem avançar, nem separar-se. Repete a história com diversos parceiros ou troca de parceiro num ponto de decisão crítico. A postura do terapeuta é de ajudar na decisão, aliviar a urgência e ajudados a suportar a investigação definitiva do processo de vida em comum ao invés de se precipitarem.

Os casais com dificuldades de viver como casal - decorrem da insegurança relacionada a compreensão e representação dos papeis sexuais, com unia igualdade ideológica que destoa dos hábitos e expectativas do dia-a-dia. O trabalho do terapeuta, consiste em leva-los a formular suas opiniões e convicções e, por outro, seu comportamento e suas reaçoes emocionais, para identificar as contradições e conflitos, encontrar uma solução. A rigidez da definição dos papeis deve ser atenuada, e é preciso renunciar a certas expectativas.

Os casais que vêm com a questão: ficar juntos ou separar-se, com a possibilidade do divorcio, a dissolução do casamento, ou que a possibilidade de separaçao e a solução. O trabalho terapêutico consiste em explorar possibilidades de alternativas dentro do próprio casamento, ajudar os casais a não usarem a ameaça de irem embora como última cartada de negociação.

Muitos casais ficam juntos porque têm medo de não conseguir sobreviver separados. Durante o processo de separação, disfarçam e dominam esse medo desenvolvendo raiva e agressividade mútuas que levam a separação ser indistinguível de matar o (a) esposo (a), que está para partir ou que já partiu. A tarefa terapêutica nesse casal, que inclusive trás cicatrizes aos filhos é ajudar a entender que se pode sobreviver sem a outra pessoa, é possível continuar uma relação parcial como pais, e que a separação pode se dar com um mínimo de destrutividade e talvez até com ajuda mútua.

Nas novas relações - Famílias binucleares, verifica-se a vontade de recomeçar do zero os quais desejariam considerar inexistente a relação anterior devido aos ressentimentos, esperam que a nova estrutura familiar possa funcionar como uma família nuclear original. A tarefa do terapeuta consiste em ajudar os vários membros da família a ver e entender que estão envolvidos numa forma nova e especial de família. Ser padrasto ou madrasta não é o mesmo que ser pai e mãe, e o filho não têm os mesmos sentimentos pelos dois; assim como o pai não pode ter pelo enteado os mesmos sentimentos que tem por um filho, há também o conflito dos próprios filhos com o novo parceiro (a).

 

Apreciação pessoal sobre o livro

O casal em crise oferece reflexões sobre diversos ângulos, com tendências e condições sociais atuais, que muitas vezes são as causas de fragmentação nas famílias e também nos casais.

 

Nome do autor da resenha e data: Terezinha Kulka / Out-2001.