Relação dos capítulos

Os pressupostos da educação

Certezas e incertezas dos fundamentos da educação

Apostar em educação

Educação, uma neguentropia humana

Apanhado resumido sobre cada capítulo

Os pressupostos da educação

O livro inicia com o pressuposto de que o educador é considerado o configurador da personalidade global dos alunos. A partir dessa responsabilidade o autor questiona os valores transmitidos pelos educadores e propõe abordar a educação em três perspectivas: a prática, a ciência e a filosofia.

No processo educacional os pressupostos são divididos em fundamentais e instrumentais. Os primeiros se encontram em todos os campos de atuação humana, enquanto o segundo são específicos à relação pedagógica professor-aluno.

Os pressupostos fundamentais são os valores para o futuro, que pretendem elevar o ser humano a um estado melhor e diferente do atual. São as finalidades do ato de educar através da escolha de valores. Os pressupostos são inevitáveis, pois sempre há um por de trás do pensamento ou da ação.

O educador é visto como aquele que educa o homem do futuro, em um empreendimento de transformar o homem em autônomo, capaz de decidir por si e se responsabilizar por seus atos. A educação se torna fonte de valores, pois a finalidade do ato de educar está ligada a valores, ou melhor, legitima o valor por de trás da finalidade.

Os pressupostos instrumentais agem na escola por conceber que a virtude pode ser ensinada. Que a educação formal tem utilidade para a formação dos alunos e consequentemente à sociedade pela intervenção na evolução global do aluno. Entretanto ocorre um paradoxo, o ensino quer a adaptação do homem à sociedade, porém continua reproduzindo os mesmos valores da ordem social vigente dentro das suas finalidades, sendo mantenedora do status quo. Desse modo, a escolha da estrutura educacional é inserida de finalidades e seus conteúdos são produtos da sociedade.

Certezas e incertezas dos fundamentos da educação

Os fundamentos da educação são as finalidades que se busca ao educar alguém. O grande desafio que o autor expõe é a capacidade que o professor tem para trazer as finalidades à consciência e transformar seu ato em algo científico, controlado.

A finalidade é derivada de escolhas e essas são constituídas de motivos e móbeis, sendo que motivos são os argumentos, as justificações que o indivíduo enuncia para basear sua decisão. Os móbeis “constituem o conjunto dos fatores bioafetivos conscientes e/ou inconscientes inseparáveis dessa reflexão” (p.47).

Os aspectos acima constituem a ação individual mais a incerteza dos fundamentos. Assim, tudo é criado pela subjetividade: a realidade, os objetivos, os sujeitos. O princípio fundador é a não-razão, a extra-razão (o sagrado), a complexidade e o caos. Os móbeis, os motivos de nossa ação individual tornam questionável uma convicção pessoal sobre a certeza de seus fundamentos, tornando-os incertos.

Os valores têm origem pessoal e ambiental (meio, cultura). São separados em valores fundamentais e valores instrumentais. Os primeiros estão mais perto dos princípios e ligados à moralidade, a dignidade. Os valores instrumentais têm objetivos mais racionais, de realização e referenciam-se a um valor fundamental.

A escola se baseia nos dois tipos de valores e para que evolua é preciso à transmissão de valores condizentes com a cooperação, a inter-relação. Os valores educacionais são relativos. O relativismo educacional não é sustentável, mas é preciso guiar através de valores universais que tenham razão e extra-razão (o sagrado) e agir como se fossem metavalores, o dever ser.

Apostar em educação

Apostar em educação acredita em três sentenças: a informação que o indivíduo tem sobre os fundamentos de sua ação é insuficiente; a ação do indivíduo sobre o mundo é inevitável; os valores das pessoas não são nem pensados nem desejados, eles são apostados. Isso porque a ação, no caso educacional, se dará em termos de aposta em sua verdade e no seu valor.

A solução a alguns dos questionamentos presentes no livro vem da aposta enactada. Isso se dá porque, como foi anteriormente explicado, o professor nunca terá clareza de seus fundamentos, mas precisa tentar constantemente tomar consciência de suas escolhas, do seu deliberar. Porém, para que o educador constitua o seu sentido, tenha um propósito válido, o educador precisa fazer uma aposta enactada.

A proposta enactada é um pensamento-ação. É constituída da necessidade do professor pensar sobre o seu projeto (pressuposto educacional) e agir para fazer parte do sucesso deste. Emerge da confrontação dessa pessoa com o mundo, da reflexão sobre a educação com a sua ação de educador. Dá origem a uma nova verdade, historicamente determinada pelo apostador, pensador-ator de um projeto.

Educação, uma neguentropia humana

A educação é um empreendimento baseado em apostas enactantes que constituem a unidade e o sentido de seus componentes. Sua compreensão envolve o plano do corpo com a motricidade pessoal e a adaptação ao ambiente; no plano da bioafetividade com mos afetos como algo sempre presente; no plano das relações pessoais com a coesão interindividual e social; no plano da moral tentar organizar as tendências humanas fundamentais.

A educação tenta humanizar a neguentropia sem a qual o mundo se destruiria. Educar é recusar deixar por conta apenas da natureza a orientação do mundo em que vivemos.

Apreciação pessoal sobre o livro

O livro em questão, para mim, tem como temas-chave as seguintes palavras: pressupostos, valores, escolhas, fundamentos, apostas e ação. A meu ver são temas fortes que fazem o leitor pensar em possibilidades, na incerteza, na vida como uma aposta. A meu ver o termo aposta é um conceito novo nesse campo da ciência.

Finalizo a resenha com uma frase, mesmo essa sendo uma forma limitada de descrever o presente livro:

A função do educador é humanizar. Isso poderá ocorrer se utilizar da lucidez para escolher seus valores, fazer a aposta enactante a partir do que acredita e possuir entusiasmo para tudo acontecer.

Nome do autor da resenha e data: Daianne Brecailo 14/03/2008.