Resenha de Livro
Curso de Formação em Terapia Relacional Sistêmica
Psicóloga Solange Maria Rosset

 

Nome do Livro:

Gritos e Sussurros: interseções e ressonâncias, trabalhando com casais

 

Autor do Livro:

Sandra Fedullo Colombo, Larissa Fedullo Schein, Amanda Mattos, Juliana Certain Dreyfuss, Marilene Grandesso, Gladis Brun, Janice Rechulski, Eliete Belfort Mattos, Maria Rita D’Angelo Seixas, Gilda Castanho Franco Montoro, Rosana. L. M. Galina, Verônica A. M. Cezar-Ferreira, Suzannas Amarante Levy, Denise Gomes

 

Editora, ano de publicação:

Vetor/2006

 

Relação dos capítulos

Capítulo 1: Gritos e sussurros: uma pesquisa sobre o “olhar” dos terapeutas ao olhar um casal.

Capítulo 2: Diálogos contidos e monólogos compartilhados: encontros e desencontros na construção de sentido nas relações amorosas.

Capítulo 3: A infidelidade bateu à nossa porta (do consultório ou de casa?): o que fazer? Ou melhor, como continuar pensando.

Capítulo 4: Casamento em transição.

Capítulo 5: Crise conjugal: furtando-se a olhar mais de perto.

Capítulo 6: Trabalhando valores na terapia de casal.

Capítulo 7: A regulação da intimidade conjugal.

Capítulo8: Entre o desejo e a realidade: um espaço de negociação.

Capítulo 9: Mediação com casais em separação.

Capítulo 10: Intimidade ferida.

Capítulo 11: Jovens, sexualidade, gravidez. E o casal, vai bem?

 

Apanhado resumido sobre cada capítulo

Capítulo 1 - Gritos e sussurros: uma pesquisa sobre o “olhar” dos terapeutas ao olhar um casal

Pesquisa feita sobre o “olhar dos terapeutas ao olhar um casal”. O objetivo era de observar quais aspectos mais valorizados por terapeutas que trabalham com casais e famílias ao olhar um casal. Os atributos que os terapeutas consideram essenciais em um casal são: Amor, Cumplicidade, Flexibilidade, Comunicação, Confiança, Individualidade, Proximidade, Atração, Humor, Ser Casal, Semelhança, Segredos.

Capítulo 2 - Diálogos contidos e monólogos compartilhados: encontros e desencontros na construção de sentido nas relações amorosas

Quanto mais um relacionamento dura menos se conhece o(a) parceiro(a). Esse é um grande paradoxo da vida a dois, extremamente importante, quando um casal vive uma relação de conflito. Se por um lado a convivência implica maior familiaridade e conhecimento, por outro implica supor muito e perguntar pouco, resultando num conhecimento cada vez menor do(a) parceiro(a).

Só se pode identificar e incluir novas maneiras de ver e ouvir, quando se considera a característica restritiva dos modos habituais de conversação, favorecendo o surgimento do novo a partir da criação de uma perspectiva mais ampla. Quando um casal consegue dialogar a partir da diversidade de construção de mundos possíveis se apresenta no horizonte da relação – desde que estejam preservados e se consiga resgatar - relações de afeto e confiança.

Capítulo 3 - A infidelidade bateu à nossa porta (do consultório ou de casa?): o que fazer? Ou melhor, como continuar pensando?

Na experiência da infidelidade, a desordem desencadeada se dá não somente no nível das emoções, como também do ponto de vista fisiológico. A grande descarga de adrenalina e vários outros hormônios ligados a situações de estresse talvez seja responsável pela agitação exagerada e pelo alto nível de ansiedade que se manifesta principalmente naquele que está na posição de traído. O processo de cicatrização é lento e não é linear, passando por idas e vindas em direção a uma nova organização de crenças.

O casamento atual é uma questão de escolha. Nesse tipo de casamento, a infidelidade, mais do que um problema, tende a ser um ponto final. Confiar não é um presente que cai do céu, é uma conquista; e, além disso, não é uma conquista que se dá por meio de promessas, mas sim como resultado de contínuas ações. A reconstrução da confiança pode levar uma vida inteira, mas isso não significa que vai remoer o assunto do episódio de infidelidade obstinadamente.

Capítulo 4 - Casamentos em transição

Para conversar, é preciso dar lugar ao outro, portanto, ouvi-lo e ser permeável a ele. Conversar implica falar e escutar, isto é, dar lugar a mim mesmo e ao outro. É nos espaços de conversa que nos reconhecemos e legitimamos o outro como nosso interlocutor. É nos espaços de conversa que desenvolvemos nosso sentido de pertinência.

Capítulo 5 - Crise conjugal: furtando-se a olhar mais de perto

A condição de manter a própria identidade no casamento proporciona um salto de qualidade no vínculo do casal, impedindo o sufocamento de um dos seus membros, razão muitas vezes de disputa de poder ou de acusações recíprocas, que apontam para um culpado pelo conflito existente.

Numa relação conjugal saudável, há o lugar para a impaciência, o desentendimento, a intolerância, a insegurança, o desapontamento, etc. Apesar de muitas queixas, brigas, idas e vindas, o casal em crise não concretizar o que está se passando por medo da ruptura, do desenlace. Então, é preciso buscar os elementos que os mantêm em relação, mesmo apoiados pelo conflito, e qual aprendizado não está sendo possível.

Um casal terá chances reais de resolver as suas crises, se cada um deixar de lado a censura ao falar de seus sentimentos, ter o que admirar em seu(sua) parceiro(a), lembrar de contar, inclusive a si mesmo(a) a própria história e não ter medo de escolher ser sua melhor companhia.

Capítulo 6 - Trabalhando valores na terapia de casal

Nosso quadro de valores vai estabelecendo-se ao longo de nossas vidas, por meio de nossas experiências e é o grande arsenal interior para a construção da realidade. As relações familiares estabelecem o caráter das pessoas, que é amparado por valores básicos, princípios, modelos e visão da realidade que estão na cabeça e no coração das pessoas.

As famílias precisam ser ajudadas para reformular os valores que as impedem de desenvolver personalidades mais socializadas, justas e capazes de se tornarem cidadãos autônomos e conscientes.

Diante de todas essas transformações, é fácil imaginar como as pessoas e as famílias sentem-se perdidas em seus valores éticos e como se torna hoje difícil a transmissão deles entre pais e filhos, de forma adequada. Muitas vezes é preciso que essa reformulação seja feita em terapia.

Capítulo 7 - A regulação da intimidade

A intimidade pode ser vivida tanto no plano instrumental, de ajuda para resolver problemas, quanto num plano afetivo emocional, de partilha de sentimentos e dores mentais. De qualquer maneira, crises instalam-se quando um cônjuge se percebe precisando de apoio e atenção extras e o outro não é percebido como disponível.

Na vida adulta, quando outros tipos de amor, como romântico sexual e o cuidado parental, tornam-se plenamente desenvolvidos, têm como fundação os modelos cognitivos e emocionais da vida social, construídos nos primeiros anos. Portanto, toda a simbologia das relações interpessoais está, até certo ponto, influenciada pelos padrões de apego desenvolvidos na infância.

Existem três padrões na teoria do apego o padrão seguro, o padrão evitador e o padrão ansioso. Cada um pressupõe uma maneira diferente de regular o nível desejado de intimidade.

Indivíduos descritos como possuindo um Padrão seguro percebem a si próprios ou por seus pares com as seguintes tendências: equilíbrio entre proximidade e autonomia nas relações, facilidade e desejo de intimidade, pouca preocupação com o abandono ou excesso de intimidade, satisfação nas interações com o parceiro.

Indivíduos descritos como possuindo um Padrão Evitador, percebem a si próprios ou pelos seus pares com as seguintes tendências: medo e desconforto com intimidade, necessidade de manter distância, desconfiança e dificuldade de confiar e depender, detestam discutir a relação, menor investimento e pouco compromisso nos relacionamentos amorosos, visão pouco positiva do amor.

Indivíduos descritos como possuindo um padrão de ansioso ambivalente percebem a si próprio ou são percebidos pelos seus pares com as seguintes tendências: medo de rejeição, percebem as outras pessoas, em geral, como complexas e difíceis de entender, servilismo e submissão para ganhar aceitação, atração sexual e ciúme extremo, consideram fácil apaixonar-se, mas difícil encontrar o amor verdadeiro, sensação de serem mal compreendidos ou injustiçados.

Todos nós ocorremos, ao longo da vida, um processo de construção social de maneiras de amar. A parte mais fundamental desse processo se dá na infância, mas até o fim da vida o ser humano é capaz de criar novos significados e novas narrativas para sua existência, e com isso se torna capaz de transformar emoções, sentimentos e ações.

Capítulo 8 - Entre o desejo e a realidade: um espaço de negociação

A negociação que o indivíduo faz de seus desejos com a realidade leva a uma desconstrução do desejo, provocando um desfazimento da idealização de “si mesmo”, como uma variável que desorganiza o indivíduo, afetando a química do organismo.

Tudo o que é dito, é dito por um observador e a realidade é a realidade do observador, a ser testada e validada por meio da reflexão e, se quiserem, da conversação. Desejar é ter a certeza da ausência. Não tenho o que quero e por isso eu desejo. Portanto seria desistir da especulação do futuro, reconhecer que não se tem o que se quer. O primeiro passo para se ter o que não se tem é desejar.

Capítulo 9 - Mediação com casais em separação

A mediação tem várias vantagens, em relação ao litígio. Ela é menos dispendiosa e menos desgastante emocionalmente. Na família, as pessoas é que tomam as decisões sobre seu futuro e os dos dependentes. Elas é que estabelecem as normas que regerão a vida dos filhos, dividem o patrimônio e resolvem o que é mais justo a respeito das próprias necessidades.

A separação é uma das crises mais estressantes do ciclo de vida da família do ponto de vista emocional. A família tem sido fortemente afetada por esse estado de coisas, as separações são cada vez mais precoces e as crianças e os jovens viram presas fáceis das desavenças entre os pais. Desse modo fragilizados que estão, merecem, de todos quantos tenham contato com eles nessa crítica situação, todo o apoio pessoal, familiar e profissional possível.

Capítulo 10 - Intimidade ferida

Quando se estabelece um contexto de confiança entre a família e o terapeuta, ou seja, quando este não julga o fato revelado em si, mas acolhe a descrição possível da família com as emoções e sentimentos, forma-se um espaço acolhedor, confiável e íntimo entre todos participantes do sistema.

A intimidade pode ser observada em diferentes focos de ampliação: o sistema individual, o familiar e o sistema sociocultural. No sistema individual, ela é construída por meio das relações familiares e sociais, mas é singular àquele individuo. No familiar, é construída nas relações familiares e recebe influências do sistema sociocultural que norteia valores, crenças e estabelece regras de conduta nas relações interpessoais, definindo as aproximações e as distâncias. Ao mesmo tempo, o sistema sociocultural é influenciado e transformado pelas mudanças que ocorrem nos sistemas individual e familiar. Esses sistemas estão interconectados entre si, constroem-se e são construídos uns pelos outros por meio dessas interações.

Capítulo 11 - Jovens, sexualidade, gravidez. E o casal, vai bem?

Nossos jovens sabem que correm riscos, mas não imaginam que estão dormindo com o inimigo. Que risco poderia ser maior do que repetir a história indesejada em vez de escrever uma nova história com o enredo sonhado? Os segredos e os não-ditos são elementos traiçoeiros que não permitem ao ser humano exercer uma de suas características que mais o distingue dos outros animais: ser imprevisível. Conversas ao pé do fogão sobre o futuro, sobre os medos, sobre os relacionamentos, sobre projetos de vida podem gerar reflexões que gerem novas reflexões.

 

Apreciação pessoal sobre o livro

O livro é muito interessante, ele é formado por vários artigos, onde cada autor fala de um tema diferente. Gostei muito, pois ele aborda assuntos que estão no dia-a-dia da nossa vida pessoal e profissional. Sendo que todos os temas abordados, encontramos constantemente no consultório, isso faz com que tenhamos mais embasamentos teóricos para trabalhar com nossos clientes as suas dificuldades.

 

Nome do autor da resenha e data: Leila Francielli Ribeiro - 02/06/2012.