Resenha de Livro |
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Nome do Livro: |
Intergeracionalidade: Heranças na Produção de Conhecimento |
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Autor do Livro: |
Ceneide Maria de Oliveira Cerveny (organizadora) |
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Editora, ano de publicação: |
Roca, 2011 |
Relação dos capítulos
Apanhado resumido sobre cada capítulo
Introdução: O livro é um apanhado de experiências que alunos do Mestrado da PUC – SP tiveram na disciplina de “Intergeracionalidade e a sua influência na produção do conhecimento”. Cada mestrando foi responsável pela composição de um capítulo, falando suas experiências e o que mais marcou na disciplina estudada.
1. O Percurso de Uma Pesquisadora – Ana Carolina Pereira.
Ao participar e pesquisar a respeito dos exercícios sobre Intergeracionalidade, Ana conta que isso a ajudou no desenvolvimento de um olhar mais complexo e profundo das relações presentes entre a família, a equipe de saúde os órgãos de proteção à criança e ao adolescente. Ela destaca também que quanto mais revisitamos nossa história e observamos nossas escolhas, mais integrados nos tornamos. Por último ela traz que essa experiência a deixou mais exposta como pesquisadora, pois saiu da neutralidade da ciência moderna, e de forma complexa pôde entender o papel do pesquisador como participante da produção de conhecimento.
2. Legado Familiar: uma História com Nome e Sobrenome – Bruna Francinetti Menezes Castro dos Santos.
Dentre algumas questões, Bruna destaca a construção do Genograma, que pra ela começou muito antes das aulas, pois foi um processo. A cada pergunta da professora da disciplina, Ceneide, e dos colegas, um novo pensamento sobre o mesmo fato era refletido nos traços que a pesquisadora construía sobre sua vida nos vários papéis que desempenhava na família. Através desse caminho, escolheu como tema de mestrado a lealdade familiar mediante a repetição dos nomes dentro do sistema familiar, pois seu nome vem de seus antepassados e ela faz uma relação dele com as pessoas que o inspiraram e a inspiram.
3. Família Nossa de Cada Dia – Ednéia Salviano.
Tal disciplina foi extremamente importante para Ednéia, pois ela refletiu sobre a frase acreditada por muitos que a tese de mestrado é um pagamento de dívida. Ela não conviveu com avós, nem maternos nem paternos e sentiu que faltava algo em relação a isso que não sabia explicar. Escrever este capítulo, pra ela foi um “exorcismo” (sic) dessa história de não poder ter conhecido seus avós principalmente.
4. A História que não Fiz Questão de Contar, mas... – Eliane Alabe.
Neste capítulo, a autora Eliane descobriu que os valores e as crenças culturais trazidos de sua família de origem, assim como as expectativas, os sonhos e as esperanças trazidos do aprendizado e do convívio com sua filhas e neto fazem ela se sentir uma pessoa privilegiada, uma pessoa melhor, num futuro melhor para sua família e seus descendentes. Esse espaço acadêmico foi uma oportunidade para que ela pudesse ressignificar sua história, buscando novos sentidos e reconstruindo uma nova visão dela mesma.
5. Aquelas Tardes Irrequietas e Memoráveis – João Palma Filho.
João destaca também o Genograma como uma das atividades que mais lhe marcaram, pois surgiram sentimentos que ele precisava trabalhar, mas ainda não se via com a devida coragem. Ele encerrou seu capítulo com o seguinte pensamento: sentimentos que passaram a assumir um caráter de experiências humanas, agora desconectados de um simplório racionalismo herdado pela cultura, e que passam a comparecer numa dimensão mais humana e sujeita à sublime solidariedade que potencializa a vida.
6. Entre Dois Mundos: Emoção Vivida na Academia – Lígia Baruch Figueiredo.
Lígia traz em seu texto que herdou a sensibilidade e a compaixão da família de sua mãe e o ar aristocrático e o humor crítico da família de seu pai. No consultório, tenta unir essas heranças tão opostas a serviço das pessoas que atende. Como pesquisadora, vê essas heranças como um desafio, como por exemplo, escrever cientificamente com mais humor e emoção. Para a autora, além de produzir modelos, ela acredita que devemos também, em alguns momentos, transgredi-los. Só assim estaremos a serviço de uma verdadeira evolução.
7. Meu Entrelaçamento – Maria José Lima.
Maria traz em sua experiência que não apenas a competência profissional, mas a acadêmica foi beneficiada por uma visão de mundo que considera o individual e o social constituindo, mutuamente, uma rede de significados em eterno movimento, fazendo sempre uso do novo e do antigo em seus movimentos.
8. História de uma Vocação Impressa em Sobrenomes – Mérlinton Pastor de Oliveira.
Neste capítulo, o autor conta que não foi tarefa simples escrever tal texto. Não no sentido de faltar palavras, mas na possibilidade de que aspectos interiores aparecessem de tal maneira que detalhes que somente ele sentia e sabia que existiam e agora passam a estar disponíveis ao olhar de outros, não mais apenas ao dele. Esses outros são de seus familiares, os conhecidos do dia a dia e aqueles que nunca viu e que nem sabe se algum dia verá. Ao desenvolver sua pesquisa, expressa que não apenas encontrará resposta para seu Mestrado, mas em larga escala, para a vida.
9. Ressignificando e Compondo Minha Própria História – Romina Carla Pucci.
Romina traz uma história emocionante pelo fato de seu pai ser de outro país e ela só ter conhecido ele na vida adulta. Numa das viagens do pai da Itália para o Brasil, para ver a filha, ela foi a última filha a vê-lo vivo, pois o mesmo faleceu dias depois. Posteriormente ela começou a ter contato com seus irmãos italianos. A experiência que teve a fez ressignificar sua história, fazer pontes, tocar e ser tocada pelas pessoas envolvidas e, talvez, o mais importante, poder mesmo que timidamente pensar e sentir seu pai no sentido pleno desse papel.
10. Adoção: Fazendo Jus a um Legado de Generosidade – Sonia Maria de Oliveira.
A autora traz em seu relato que pensa poder assimilar as teias que a Intergeracionalidade lançou sobre sua vida, permitindo-se ser leal aos modelos, porém, não fiel às repetições, sobretudo, indesejadas, como lhe ensinou sua orientadora em suas produções sobre o tema.
11. “Especula de Rodinha”: Memórias, Reeleituras, Ressignificações na Ação de uma Curiosa – Wanda Rogéria Campos Lima Assis.
Wanda expõe que em meio a todo esse processo, aprendeu a diferenciar e proporcionar modelos de gênero, determinação e coragem que lhe transformaram em um ser humano melhor, fortalecido e com conhecimentos realmente transformadores.
Apreciação pessoal sobre o livro
Desde a época da faculdade o tema “Intergeracionalidade” me chama a atenção. Sempre fui curioso em relação à história da minha família, principalmente a do meu sobrenome. Em pesquisas, consegui chegar até a quarta geração, desde a vinda da família Drosdek da Romênia (Transilvânia) para o Brasil em 1888.
Conforme é apontada na Introdução, a matéria do Mestrado que deu ideia ao nascimento do livro trouxe várias experiências, inclusive algumas técnicas, às quais estou aplicando em mim, como por exemplo, o Genograma, a Linha do Tempo Familiar, Metáfora Pessoal, Exercício de Mitos Pessoais e a Árvore da Vida.
Isso faz do livro não apenas uma obra para elaborar uma simples leitura, mas vai além, levando o leitor a refletir acerca de sua vida, sua história e também cultivar experiências através das técnicas trazidas.
Curitiba, 02 de outubro de 2015.