Resenha de Livro
Curso de Formação em Terapia Relacional Sistêmica
Psicóloga Solange Maria Rosset

 

Nome do Livro:

Izabel Augusta A Família como Caminho

 

Autor do Livro:

Solange Maria Rosset

 

Editora, ano de publicação:

Livraria do Chain Editora - 2001

 

Relação dos capítulos

  1. Os primeiros contatos
  2. A primeira sessão
  3. Redefinições
  4. Contrato individual
  5. Circulação do sintoma
  6. Circulação dos acontecimentos
  7. Árvore genealógica
  8. A família biológica
  9. Entradas e saídas
  10. Dados da realidade
  11. Rituais na terapia de família
  12. Só para relatar
  13. Mudanças nos padrões familiares
  14. Final do processo com o terapeuta
  15. Seguimentos
  16. Como tudo surgiu

Obras citadas

 

Apanhado resumido sobre cada capítulo

1- Primeiros Contatos

O indivíduo que quer fazer psicoterapia é que deve ligar para agendar e não outra pessoa.

Quando  atende-se  o telefone é importante saber o nome e quem indicou. É importante saber quem indicou porque através disso já se traça algumas hipóteses.

O trabalho do terapeuta é focado nas mudanças dos padrões de comportamento. No primeiro contato ao telefone é importante mostrar ao indivíduo qual é a abordagem. Na primeira sessão já se deixa definido o objetivo da sessão estabelecendo vínculos e redefinindo como será o trabalho, onde o cliente saberá que ele é responsável pelo trabalho tendo responsabilidades. A responsabilidade é fundamental. Ela fará com que o cliente perceba as mudanças que serão feitas. Defini-se o valor da sessão e o seu pagamento.

As etapas são:

- telefonema;

- indicação;

- abordagem terapêutica;

- valor da sessão.

Na realidade o trabalho terapêutico inicia-se no primeiro telefonema, por isso temos que estar prontos e dispostos sempre que atendermos o telefone.

O foco inicial do trabalho é avaliar a pertinência do pedido e do cliente. Também se define quem virá na sessão, horário. Se for psicoterapia familiar e alguém não puder vir a sessão então é necessário desmarcar o horário com uma antecedência.

2-Primeira Sessão.

“Que bons ventos a trazem aqui ?”

Uma família decide encaminhar a psicoterapia uma filha adotiva que já estava usando drogas e álcool. Já tinha ido a vários psicólogos e também já ocorreram várias internações.

Sua adoção aconteceu quando a mãe percebeu que era traída pelo marido.O ato da adoção era como um castigo ao chefe da família.

Izabel Augusta veio a primeira sessão com uma aparência ruim, cabelos sujos, mau vestida.

Temos que saber:

Porque veio a sessão ?

Quis ou foi imposto ?

Para que ?

E contar o que está acontecendo.

O terapeuta inicia com uma pergunta de impacto para possibilitar uma redefinição de postura, que será um facilitador para redefinir todo o pedido  o trabalho. A redefinição é importantíssima porque é onde a pessoa vai se tornar responsável pela solução de seus problemas com a ajuda do terapeuta.

O processo se estabelece assim:

- levantar a queixa;

- circular;

- definir objetivos e

- contratar.

O terapeuta relacional sistêmico tem como desafio ouvir o conteúdo das queixas e sintomas ficando atento e centrado na forma. O que precisa ser mudado é a forma repetitiva de funcionamento, que é o que desencadeia e mantém os sintomas.

Quando o terapeuta tem uma intuição, é saudável usá-la de uma maneira que facilite o processo do cliente.

3-Redefinições

Redefinir significa transformar uma queixa que não apresenta nenhuma saída em algo que possa ser trabalhado terapeuticamente. A redefinição pode ser, de postura, de contexto, de queixa, de conteúdo.

Na outra sessão Izabel Augusta já veio vestida adequadamente e com a irmã Débora, a que inicialmente tinha ligado. O restante da família já estava descrente de psicólogos, clínicas. Até agora nada tinha dado certo, nada funcionava ela voltava a beber e a se drogar e ficava muito agressiva. Seus amigos eram sempre os drogados. Está seria a última tentativa da família porque agora seria uma terapeuta familiar. Os homens da família nunca foram a psicólogos.

Expliquei a Débora que ela seria a intermediária entre eu, terapeuta e a família. Existiam dias maneiras de tratamento. São eles:

1. Atendimento individual – onde só IA ( Izabel Augusta ) iria a sessões e pagaria com o seu dinheiro.

2. Atendimento familiar – depende da disponibilidade da família se envolver no processo real de mudanças internas, na família e nas pessoas envolvidas.

Izabel Augusta só ficou sabendo nessa sessão que sua adoção aconteceu num momento em que seus pais estavam numa crise profunda de relacionamento. Que a adoção era uma vingança da mãe. Ao ouvir isso IA chorou por um bom tempo. Não tinha hábito de chorar e fazia muito tempo em que não chorava.

Sua irmã colocou que sempre que IA xingava sua mãe acabava fazendo besteiras, quando percebia que já tinha sido mal com a mãe se arrependia.

A próxima sessão seria individual.

O grande desafio do terapeuta familiar sistêmico é mostrar a família que se um indivíduo está fazendo sintoma é porque a família está na mesma situação e precisa aprender a mudar os padrões.

4-Contrato Individual

IA estava sempre doente, tinha asma, cistite, não podia respirar, não podia falar, tinha dores de cabeça. Essas doenças eram um álibi porque estava a pensar na próxima sessão que seria familiar. Deveriam estar na sessão todos os irmãos, esposas e filhos; e iam definir se sua mãe poderia vir ou não devido a sua doença. Então sua expectativa era grande.

Débora mandou uma carta lacrada a terapeuta e IA a entregou sem ter lido. A carta tinha a confirmação dos irmãos exceto um que não iria, o qual depois mandou um fax revendo sua presença na sessão. Embora tentasse ajudar a irmã.

A terapeuta leu todos os bilhetes a IA, ela prestou bastante atenção, ficou séria e parecia que não conhecia a família.

Nesse mês ninguém da família a procurou, IA praticamente conviveu com os empregados. Isso demonstrou que a família estava com um  medo, receio do que iria acontecer nessa sessão familiar.

A tarefa que IA teve foi levar um bilhete a cada irmão onde estava definido o dia e a hora da sessão. Se IA tivesse uma recaída e viesse drogada na sessão não seria atendida e a terapeuta encerraria o trabalho assumindo a incompetência por atendê-la.

A terapeuta queria conhecer seus familiares um a um. Uma disfunção física acarreta uma disfunção psicológica e relacional.

Através da avaliação do comportamento e sintomas do cliente verificamos se ele percebe o seu padrão de funcionamento. Essa avaliação é que vai definir os objetivos do trabalho a ser desenvolvido.

O pedido do cliente na terapia sistêmica é sempre paradoxal. “Quero que tudo mude mas que tudo permaneça igual.”

Esse é o desejo do cliente.

O sofrimento é intenso, o mal-estar e a dor tornam a vida insatisfatória, insuportável. Mas o medo do desconhecido, as dificuldades da mudança iam trazer a desacomodação o desejo da não mudança.

5- Circulação do Sintoma

IA ficou preocupada em ter uma recaída.

Nessa próxima sessão vieram os cinco irmãos e a mãe.

Só não veio a esposa de um irmão e o filho porque ele estava com febre.

A terapeuta se apresentou, Débora apresentou a mãe e depois cada um se apresentou. IA estava bem arrumada, penteada, maquiada.

Coloquei a importância de uma sessão familiar, isso devido o caso de IA ser muito sério. Mostrei que toda família evitava lidar com alguns problemas, mudanças de situações difíceis e agora o momento para isso acontecer. Era necessário mudar a história de IA para ela ser uma mulher adulta, onde teria responsabilidade e independente das suas dificuldades.

A família foi convidada a participar do processo do trabalho porque acredito que todos da família pode se beneficiar com esta possibilidade de mudança. Cada um colocou como via a situação, pensava ou sentia.

Enquanto todos se colocavam a mãe, que estava sentada numa cadeira de rodas, parecia não ouvir o que diziam e olhava pela janela para fora da sala.

Nenhum filho compreendia o porquê da adoção. Quando IA foi adotada todos da família sabiam que estavam passando por um momento difícil.

A mãe começou a chorar discretamente durante todas as colocações. As mulheres conseguiram colocar a emoção pra fora e os homens não, então a terapeuta perguntou a eles como sentiam o que estava acontecendo. Eles não choravam a muito tempo.

Mostrei que existem muitos jeitos de lidar com a emoção ou sentimentos trancados e antigos. Uma é trazer à tona, expressá-los e eu propus outra maneira.

Usei uma técnica, dinâmica, peguei minha caixa de recortes e brinquei que era minha caixa mágica. Cada um deles deveria, sem olhar, pegar uma figura de dentro da caixa. Essa figura simbolizaria as dificuldades e dores com relação a adoção de IA e tudo mais que estivesse ligado a isso.

Um a um foram mostrando a figura que havia tirado. Algumas figuras foram muito impactantes, algumas abstratas ou não explicitavam nada. Pedi que cada um fechasse os olhos, pegasse sua figura na mão e a apertasse, imaginando que toda mágoa, dor, culpa e tristeza saíssem do seu campo energético. Após uns minutos, passei um envelope de papel e cada um colocou sua figura. Vilma, a mãe, custou a entregar a figura, continuava apertando. Lacrei o envelope e dei a IA e passei a tarefa de enterrar o envelope. Perguntei individualmente como estavam se sentindo e se tinham disponibilidade para voltar. Todos com exceção de Vilma, disseram que estavam com a sensação de alívio e que viriam mais uma vez se necessário sim. Vilma encontrava-se alheia ao que acontecia. Encerrei a sessão.

Dias após a sessão Vilma passou muito mal, pediu pra vir falar com a terapeuta. Vilma ficou alheia novamente e não conseguiu ir a sessão mas havia escrito uma carta onde contava tudo que tinha acontecido.

A terapeuta leu a carta. Ela contava que quando pegou a IA para ser adotada ela e o marido estavam passando por uma situação muito difícil. Ela se sentia muito só, pois seu papel era ser uma esposa prendada e excelente mãe. Quando os filhos foram nascendo sentia-se um pouco melhor porque se ocupava com eles. Seu marido tinha outras mulheres e Vilma ficou sabendo que uma delas havia engravidado. Isso foi o fim para ela. Com tantas situações difíceis ela acabou passando mal e desmaiou de tanta raiva, quando acordou já estava num hospital. Ficou sabendo que a amante do marido havia tido o filho.Rubens, seu marido viajava muito e assim que soube desse filho disse que iria abandonar essa mulher.Em seguida a toda essa confusão apareceram com um bebe e ela o adotou pensando que esse bebe fosse o filho dele. Essa adoção foi uma vingança dela. IA começou a dar problemas, e sentia muito infeliz. Vilma se sentia culpada e não queria vê-la triste ou doente. Quando IA caiu na vida ela ficou desesperada, não tinha nenhuma esperança que ela melhorasse.

Tudo isso ela lembrou na sessão, e percebeu que deveria perdoar tudo que havia acontecido em sua vida. E quando ela amassou a figura se sentiu muito aliviada. Assim que ela melhorasse iria ao consultório para não lembrar mais das tristezas e nem se sentir culpada. Perdoaria todos e se sentiria livre.

Quando uma família vem a terapia é porque sabe que tem dificuldades conjuntas e necessita de ajuda para superá-las.

Após a primeira sessão temos que definir um objetivo e firmar o contrato de trabalho.

Nessa família não havia clareza ou compreensão de que a tarefa era conjunta. Nos processos familiares sempre existe uma carga de emoção repressada, muitas coisas não são ditas e muitas mágoas. Para fazer circular sem o risco de trazer à tona emoções que vão desencadear novas e sérias crises após a sessão, criei uma técnica que se aproxima da teoria básica dos rituais terapêuticos e que possibilita expressar essas emoções sem a necessidade de explicitá-las.

Usei o trabalho com figuras.

O maior desafio do terapeuta é trazer à tona os conflitos, ajudar a família a ver e lidar com as dificuldades, mas com compaixão. O terapeuta precisa estar aberto para levantar as hipóteses, suportando a impossibilidade de enxergar todos os ângulos. A utilização do toque físico no cliente pode ser um desencadeador de emoções. Sentir-se a vontade para fazê-lo pode trazer a terapia novos recursos, novos potenciais de ação e emoção. Mas sempre é importante ter clareza de “para quê” fazê-lo, pois é responsabilidade do terapeuta lidar com essa emoção de forma que o cliente possa fazer bom uso da experiência.

Um cuidado necessário no atendimento de famílias é relacionado aos contratos extra-sessão com membros isolados. Para que se faça qualquer mudança no encaminhamento, todos os membros devem ser consultados.

- recaída;

- sessão com todos;

- técnica com todos;

- encerramento;

- carta da mãe;

- iniciar o trabalho.

Esse foi o processo.

6- Circulação dos Acontecimentos

Nessa sessão foram analisados todos os acontecimentos dos três meses passados.

A mãe estava muito doente, embora tivesse enfermeiras a família decidiu que todas as noites, um filho ficaria com a mãe. Isso acabou aproximando a família. Conversaram bastante, situações, assuntos que nunca imaginavam. IA mandou um e-mail a terapeuta onde ela mostrava que estava perto de uma recaída. Isso a assustava. Observou também quando tinha necessidade da droga. Ela mostrou como na infância se sentia sozinha e excluída, sentia-se desqualificada e mal amada. Relatou que quando o pai morreu os irmãos discutiam se era legal ter parte da herança na mesma proporção que os irmãos.

7- Árvore Genealógica

Nessa sessão todos estavam prontos para ajudar na melhora de IA.

A família escolheu fazer uma árvore genealógica da família. Todos os dados foram escritos. Dados técnicos como, nascimento, morte, profissão, tipo de relação e o que estava acontecendo no momento presente. Foi um trabalho intenso embora mais objetivo. Essa árvore foi a apresentação que a família fez a terapeuta. Fizeram isso de uma maneira afetiva e com confiança.

8-A Família Biológica

Na próxima sessão IA chegou com a aparência da primeira sessão, mal vestida, o cabelo solto e preso, sem pintura. Ela relatou que a última sessão foi desagradável para ela. Ela biologicamente não fazia parte da árvore genealógica. Os sintomas de não dormir direito voltaram e todo um desconforto. Ela chegou a ficar 6 dias sem ver a mãe, não conseguia. E começou a ter o sintoma de vômito. Um vômito escuro e direto. Teve a necessidade de passar por um médico. Débora lembrou que quando IA tinha 10 dias não aceitou a mamadeira e começou a vomitar preto. IA disse que não sabia disso.

A terapeuta fez um trabalho onde ela iria visualizar a sua família de origem. Ela ia falando o que sentia e amassando as folhas de papel fazendo uma só bola. Ou seja, mesmo tendo a sensação de alívio e cansaço, ela deveria queimar as bolas de papel, mentalizando que estava se libertando dessa confusão de emoções, intuições e fantasias ligadas à sua verdadeira família.

Na outra sessão sua apresentação já melhorou, clientes que são adotados não tem dados concretos da verdadeira família por isso apresentam essa dificuldade em lidar com fantasias, emoções. A técnica usada facilitou a falar sobre o assunto, liberar as culpas e os sentimentos.

9-Entradas e Saídas

Nessa sessão veio a família inteira, menos a mãe, estava doente acamada. Estavam em 21 pessoas. Chegaram praticamente juntos, foram entrando e se acomodando. Nosso objetivo era trabalhar as entradas e saídas na família.

Henrique iniciou o trabalho colocando o nome do pai e da mãe e as datas de casamento, foram os primeiros a entrar na família. Cada um foi dizendo o seu nome e data de nascimento. Depois de todas as colocações de entrada a terapeuta sugeriu iniciar a trabalho com as saídas.

Todos ficaram muitos surpresos  só Rubens, o pai havia falecido. Após muitas discussões decidiram que não iriam tirá-lo, não queriam lidar com a morte dele pois retomariam sentimentos de dores e mágoas e não queriam. Aceitei que não queriam trabalhar com isso e encerrei a sessão.

10-Dados da Realidade

Na próxima sessão só veio a IA, chegou bem animada dizendo que queria falar. Disse que se sentiu muito feliz na sessão anterior, gostou de todos terem vindo. Sentiu-se amada e integrante da família. Em seguida teve dias melhores e até arrumou um namorado. Nada muito sério. Sua mãe também havia melhorado. Foi aniversário da sua mãe e a família se reuniu. Nessa reunião todos conversaram sobre tudo e muito a vontade. Todos começaram a falar sobre histórias da adoção que tinham ouvido. Brincaram e riram muito com isso. Estavam todos descontraídos. Concluíram de como é bom poderem falar de tudo a vontade sem nada precisar esconder.

IA contou que foi falar com a pessoa que havia a deixado para adotarem. Ficou sabendo que sua mãe não pode criá-la porque já tinha uma filha então deu a outra família que pudesse criá-la. Junto com o bebe havia um bilhete onde tinha o nome do bebe e a data de nascimento. Este bilhete IA não leu sozinha levou a sessão para ler, após a leitura percebeu que tudo estava encerrado. Já sabia tudo sobre sua origem. Com a terapeuta combinou que reuniria a família toda num luau e queimaria o bilhete.

11- Rituais na terapia de família

IA conversou com todos os irmãos e queria fazer um luau com toda família. Isso aconteceria nas próximas férias.

Decidiram que na próxima sessão não seria só IA, mas viriam representantes de todos os ramos familiares para conversarem sobre o luau.

Aceitei a alteração e passei a tarefa de que cada um que viesse deveria conversar com os membros da sua família e trazer por escrito qual era o objetivo do evento a ser programado, o que cada um queria e esperava.

IA encerrou o namorico.

Vieram a sessão, iniciaram falando como as coisas estavam diferentes na família. Eles estavam conversando mais sobre as relações, perderam um pouco do receio de abrir os sentimentos e dificuldades.

Lembravam dos luais da infância.

Propus começarmos a programação do luau definindo o objetivo do evento. O desejo de todos era relembrar uma boa fase de antigamente e viver um momento de intimidade e descontração, simbolizando um novo tempo para a família como um todo.

Objetivo – ritualizar a real integração de IA a esta família. Cada um seria responsável por uma parte dos preparativos e preparariam uma surpresa. Filhos e esposas seriam convidados. Pré definimos alguns rituais, em função dos objetivos.

Algo para simbolizar o fim de uma fase difícil e outro para simbolizar a nova fase.

Queimaram a carta da mãe no ritual de encerramento da fase difícil.

O trabalho com essa família foi cheio de rituais, muito mais do que o usual. Também aceito as propostas de rituais que surgem da própria família.

O ritual do luau para essa família era o encaminhamento terapêutico de redefinição de identidade, de pertencimento e de final de fase.

12-Só para Relatar

O luau foi antecipado para novembro porque uma sobrinha iria fazer intercambio. Os 5 irmãos passaram a se encontrar para preparar o que precisavam para o luau. Nesses encontros desencadearam muitas coisas. Lembranças, acusações e desculpas. Os sentimentos vieram a tona, situações de anos atrás, todos os sentimentos estavam ligados a desconfiança, a maneira de lidar com o dinheiro, bens e heranças, onde Henrique ocupava muito espaço nos negócios da família. IA quis trabalhar na empresa e Henrique a castrou dizendo que não sabia nada e ia se drogar. Ela teve uma recaída e tentou drogar-se. Henrique a impediu. Aproveitou e pediu desculpas do seu comportamento. Todos os irmãos tinham problemas com Henrique, não podiam se colocar  só ele sempre sabia de tudo. Um a um foi relatando as situações desconfortantes.

IA se preparou para o luau, de maneira emocionalmente segura, e bem objetiva. Propôs que o encontro fosse na sua casa. Iniciou a reunião dizendo o que havia acontecido com ela e Henrique e que seu propósito era estudar e se profissionalizar. Um a um falaram das dificuldades que tinham com Henrique. A fogueira foi acessa com cuidado. IA construiu algo que simbolizasse o ruim de cada relação e o presente para cada um. Queimaria o que simbolizava a dificuldade e em seguida daria o presentinho que seria a coisa boa, este simbolizaria o que deseja do fundo do coração de cada pessoa. E assim foi o procedimento.

13-Mudanças nos Padrões Familiares.

O luau foi um momento muito forte de emoções onde todas as pessoas sentiram. As mudanças dos padrões familiares iniciaram de uma maneira bem intensa. A família decide encerrar a terapia de família sendo que os objetivos de possibilitar novos modelos de interação tinham sido atingidos. Quando a família mostra-se preparada para testar sua autonomia independente do terapeuta, o processo terapêutico move-se em direção a uma finalização.

IA depois de todo esse processo é outra pessoa mais alegre, mais responsável, mais segura. Todos na família estão mudados.

O natal foi um momento muito importante onde intensificaram a união e o amor da família. IA viajou a Barcelona, foi estudar, se profissionalizar. Na festa de final de ano foi  a uma festa bem estranha, com um irmão do intercambio, onde todos cheiravam. Percebeu aquilo e não teve vontade de cheirar e voltou para a casa.

Foi morar com uma amiga, começou a namorar. Sentia saudades da família. Tornou-se uma mulher adulta, responsável. Retornou a sua casa no Brasil.

14 - Final do processo com o terapeuta

Vai se assumir profissionalmente. Assim que chegou ao seu país marcou uma sessão com a terapeuta onde relatou tudo o que aconteceu e que tinha aprendido a assumir sua própria vida e seus riscos sem ficar presa nas opiniões, desejos e críticas dos outros. Conseguiu ser ela por si mesmo mesmo.

O final do processo terapêutico retoma a idéia de que a terapia possui os mesmos elementos de aprendizagem que a vida nos oferece, entre eles: pertencer e separa-se, união e acomodação.

15-Seguimentos

Conseguiu tocar sua vida dentro de uma harmonia. Está namorando e apaixonada. Estão morando juntos em Barcelona. Iniciou um trabalho numa empresa brasileira. Teve algumas recaídas emocionais, conseguiu administrar sendo que seu namorado sempre a ajuda. Mas nunca mais usou cocaína.

 

Apreciação pessoal sobre o livro

Achei esse livro emocionante em relação ao conteúdo dos fatos e acontecimentos.

O processo terapêutico me chamou muito atenção, foi muito real pois a autora conseguiu colocar todos os procedimentos terapêuticos de maneira bem clara.

Realmente a autora é uma pessoa muito perspicaz no seu trabalho.

 

Nome do autor da resenha e data: Kátya D`Paula Friedhel, junho de 2010.