Resenha de Livro
Curso de Formação em Terapia Relacional Sistêmica
Psicóloga Solange Maria Rosset

 

Nome do Livro:

La pareja humana: relación y conflicto

 

Autor do Livro:

Jürg Willi

 

Editora, ano de publicação:

Ediciones Morata

 

Relação dos capítulos

Cap.1- A Nova Angústia perante o matrimônio

Cap.2- Princípios Funcionais das Relações de Casal

Cap.3- As Fases do Matrimônio e Suas crises Típicas

Cap.4- Introdução ao Conceito de Colusão por Meio de um exemplo

Cap.5- Quatro Esquemas Fundamentais do Jogo Conjunto Inconsciente dos Casais

Cap.6- O Jogo Conjunto Inconsciente do Casal

Cap.7- Escolha do Parceiro e Dinâmica Compensadora da Colusâo

Cap.8- A Intervenção de Terceiras Pessoas no Conflito de Casal

Cap.9- Doenças Psicossomáticas na Família

Cap.10-Pontos de Vista Terapêuticos

 

Apanhado resumido sobre cada capítulo

Cap. 1 - A Nova Angústia Perante o Matrimônio

Na prática de terapia de casal, cada vez mais, tem-se dado atenção às questões conjugais que giram em torno de problemas parecidos e que segundo certas regras dinâmicas se repetem. Com frequência apresentam-se como unidade polarizada em si mesmo e se mantém unida por meio do terna comum de discussão. Cada um considera o outro diferente de si, estes contrários se complementam convertendo-se em um todo.

O jogo mútuo carregado de tensão dos companheiros, na dinâmica intradiádica é o tema desta resenha. O jogo conjunto inconsciente é direcionado ao casamento, aplica-se também a outras relações pessoais.

 

Cap. 2 - Princípios Funcionais das Relações de Casal

A maior parte dos conflitos matrimoniais se baseiam em causas complexas e de diferentes estratos. A situação sociocultural é de grande importância, podem surgir conflitos graves entre os componentes de casais quando estes tem formações de diferentes classes culturais e sociais se que assimilaram idéias diferentes sobre o que deve ser uma relação conjugal.

 

Cap. 3 - As Fases do Matrimônio e Suas Crises Típicas

As crises no casamento podem o manter vivo. O matrimônio abarca toda a vida adulta e atravessa fases distintas, "fase da formação da família estável", "fase de estruturação e produção do matrimônio", "crise dos anos na metade da vida", matrimônio anciano, cada urna destas fases reveste-se de forma distinta quanto à intensidade, intimidade e motivação. Cada fase tem seus próprios problemas e conflitos, a passagem de uma fase para outra produz angústia e exige dos cônjuges uma elevada dose de flexibilidade e adaptação.

 

Cap. 4 - Introdução ao conceito de colusão

O conflito conjugal baseia-se em uma perturbação fundamental similar nos casais. Ambos tem uma experiência parecida, baseada no matrimônio de seus pais.

A colusão é o jogo inconsciente não confessado, similar não superado pelo casal. Este conflito fundamental não superado atua em distintos papéis e é o que permite ter a impressão de que um dos pares do casal é diferente do outro, trata-se meramente de variantes polarizadas dele mesmo.

A conexão no conflito fundamental similar favorece nas relações de casal nas intenções de cura individual funcionando como progressivo (supercompensador) em um do casal e regressivo no outro.

 

Cap. 5 - Quatro Esquemas Fundamentais do Jogo Conjunto inconsciente dos casais

De acordo com as colusões, basicamente são: colusão narcisista, oral, anal sádica e fálico edipal e cada uma delas apresenta seu jogo e forma de intervenção terapêutica.

Na colusão narcisista, um renuncia em favor do outro seu ponto de vista, sua opinião e suas aspirações. A relação só existe como fusão total, não têm exigências próprias. Com muita freqüência os narcisistas só têm relações sexuais exclusivamente com prostitutas. O narcisista brilha às custas do outro e é extremamente dependente.

Os companheiros narcisistas na relação apresentam semelhanças entre eles, buscam um companheiro a quem idealizam e projetam o seu ideal. A secretária controla, dirige a vida do chefe e não aparece e este fica desestruturado com a sua falta.

Na vida conjugal se comportam da mesma forma, a mulher renuncia sem nenhuma exigência de sua parte e viverá para o marido e com ele, porém ambos apresentam as mesmas perturbações básicas em relação ao eu. Caso o marido seja um demônio, a mulher sempre arranjará justificativas, por exemplo, no fundo ele é uma boa pessoa, caso o marido separe-se dela, divorcie-se, case de novo, não se livrará dela e estará convencida que irão voltar caso não seja na terra será no reino dos mortos.

Os narcisistas vivem bem em regime de concubinato e as tendências modernas da sociedade estão vindo de encontro ao mesmo.

O narcisista escolhe um companheiro que não tenha aspirações próprias e que adore idealizações, identifica-se com a imagem ideal que um projeta no outro.

Permanecem casados por muitos anos mesmo sem terem contato sexual pela consideração dos filhos e vantagens materiais.

A colusão oral, gira em tomo do amor como preocupação, cuidar e alimentar um ao outro. A disposição de ajuda de um deles é inesgotável e sem pretender nada em troca e o ajudado deve ser exonerado de toda exigência a ajudar a ele mesmo.

A relação caracteriza-se na fase de desenvolvimento mãe-filho e o relacionamento do casal gira em torno disto.

A colusão anal sádica o conflito básico é a competição pelo poder, dominado vezes ser dominado, o conflito está na fase de desenvolvimento entre o segundo e quarto ano de vida. São os casos de "guerra armada", por exemplo que vemos nos tribunais, nos casos sado-masoquistas, assassinatos, pois nenhum cede.

Nesta colusão, o regressivo aceita a posição de dependência e docilidade, pois lhe asseguram contra os temores de separação e solidão e desta maneira mantém o poder. Na crise o progressivo tende a exagerar a sua atitude de autoridade e dominação para tranquilizar-se dos seus próprios temores de dependência de ser dominado ou abandonado. O regressivo sente um impulso de desenvolver a sua própria independência para se manter em pé de igualdade na relação e diminuir o seu temor de ser explorado e abandonado.

O progressivo quer desenvolver a relação tendo a independência e domínio, ter alguém para provar que não precisa dele(a).

A colusão fálico edipal a competição é pela competência. A mulher deseja um marido masculino, protetor, mas ao mesmo tempo ela é castradora. O homem deseja salvar esta mulher, mas tem medo de fracassar e fracassa. Nesta colusão há sempre alguém da geração anterior envolvido concretamente ou fantasma, dando ordem. O marido não se sente tão masculino mas exige que a mulher o mantenha. A mulher escarnece das tendências não tão masculinas do marido e se torna, então ela masculina. A mulher tom a frente e faz plácido oral, vai ficar o tempo todo mostrando que não é isso que ela quer.

 

Cap. 6 - O Jogo Conjunto Inconsciente do Casal

O jogo inconsciente do casal apresenta o jogo regressivo e um jogo progressivo. O regressivo narcisista na colusão pode entregar-se totalmente ao parceiro e receber dele o que precisa, o progressivo, concebe ao parceiro que este se entregue totalmente a ele e assim se considera ampliado e valorizado na sua posição.

O jogo da colusão oral tem como tema "o amor como preocupação pelo outro". O regressivo espera ser cuidado e protegido e ser mimado sem retribuir e o progressivo concebe que ao cuidar do parceiro se converte em uma mãe sacrificada e em salvadora.

O jogo da colusão anal sádica tem. como tema "amor corno complemento e dever e como pertencer um ao outro". O regressivo se porta coro, passividade em direção ao cônjuge e dependente dele e o progressivo de comandar e conduzir o parceiro. O jogo da colusão fálico edipal. como jogo e amor como afirmação masculina", a fantasia é que o marido deve portar-se sempre como um herói e ao contrário, a mulher deve admirar regressivamente em suas ações.

Cada individuo se encontra afetado por estes jogos colusivos e com certeza tanto no aspecto progressivo como no regressivo. A capacidade de se relacionar de maneira saudável e flexível é conseguir posicionar-se na posição regressiva e progressiva, não enrijecida, apenas em uma, percebendo o negativo e o positivo de cada posição. A rigidez e exclusividade em um jogo numa relação é o perigo de perturbações e o trabalho terapêutico consiste em tomar conhecimento das fântasias evitadas por medo.

Cada um personifica na conduta do outro o que desaprova corno própria atitude de comportamento.

As possibilidades de conduta desprezadas a nível inconsciente de um coincide com a conduta social do outro. Entre o equilíbrio intraindividual e o interindividual do casal existe correspondência.

 

Cap. 7 - Escolha do Parceiro e dinâmica Compensadora da Colusão

O jogo neurótico dos casais já começa no primeiro encontro.

Colusão entende-se por um jogo conjunto de um conflito neurótico de casal-família. Neurose nos parceiros e a causa de frustrações interiores, fixações de conflitos inconscientes da infância, não superados e não estão em condições de dominar as diferenças, dirigidas a uma finalidade congruente de umas com as outras, estes conflitos se atualizam em problemas nas relações.

As colusões desempenham um papel importante em todos os conflitos de grupo, inclusive o da política.

 

Cap. 8 - A Intervenção de Terceiras Pessoas no Conflito de Casal

Quando uma díade está em conflito colusivo, em grande tensão, uma das mais importantes medidas de defesa é a intervenção de terceiras pessoas.

Bower classifica o triângulo como o menor sistema estável de relação, como molécula emocional, portanto, quando um sistema diádico se encontra em tensão tende a formar triangulações.

A intervenção da terceira pessoa pode fortalecer a posição do casal frente ao conflito e unir mais fortemente a família. A função da terceira pessoa no conflito tem a ver no casal o seguinte, uni não tem que se haver com o outro.

As quatro formas de um casal làmília formar triangulações são:

Aliar-se contra m terceiro, amenizador:

Intervenção do terceiro como amortízador e vínculo da união. fortalecer;

Intervenção do terceiro como companheiro parcial em aliança Distribuição das funções na relação conjugal triangular.

O primeiro temos como exemplo A e B em conflito e se unem em coalizão contra uma. terceira pessoa passando a tensão intradiádica para segundo plano.

A Segunda é uma forma freqüente de evitar e neutralizar as tensões matrimoniais e o oferecimento e a aceitação de terceiras pessoas como amortizadores de vínculo e união. desvantagem muitos casais se protegem da intimidade profunda evitando estar sós e para unindo com o objetivo de não ficarem sós, isto é prejudicialal aos filhos, pois, estes encontram com frequência dificuldades para escapar das obrigações de servir seus pais como vínculos de união. As tensões matrimoniais nunca se manifèstam exteriormente, mas os pais "usam" os filhos para manter a união inclusive os filhos dormem na mesma cama ou quarto dos pais.

O terceiro, um dos cônjuges , A, tem que intervir no conflito entre A e C, como aliado seu, e assim procura ajuda protetora na luta contra B, que consequentemente está na posição de.

Terapeutas do O B se sente tracionado e busca para si aliados próprios, muitas pessoas, parentes, amigos, filhos e sentem necessidade de serem aliados parciais. A tensão diádica se forma cada vez mais forte em função dessas alianças e mais suportável para um do casal a custa do outro.

A intervenção desse conflito de um terceiro a fàvor de um dos casais é uma das manobras psicossociais mais freqüentes e também das mais perigosas, delegar a um terceiro o cônjuge é comum nas mulheres com estruturas histéricas que procuram intervir contra o parceiro. pois não confiam em suas próprias forças, buscam aliados que lutem não com elas, mas por elas.

O quarto é. uma saida para as tensões diádicas insuportáveis é a distribuição diádica das funções. É cumplicidade mútua, consciente e inconsciente, introduz-se uma terceira pessoa que assume aqueles aspectos da relação que os parceiros não podem fazer por eles mesmos. Por exemplo, um marido com tendências homossexuais pode incentivar a sua esposa a relações extramatrimoniais, uma mulher pode conservar inconscientemente viva uma relação extramatrimonial de seu marido que com certeza combate oficialmente, e

participar na posição de expectadora. O marido pode estar contendo porque sua mulher discute com um psícoterapeuta seus problemas psíquicos e o livra de ter que se envolver com ele constantemente e com intensidade.

Em algumas ocasiões, um casal não se dá conta do valor de uma terceira pessoa e o quanto esta faria falta...

A amante é uma forma de proteção do casal, de não precisar se haver com o conflito e proteção do temor da intimidade e afirmação fálica. Para muitos casais, as relações extramatrimoniais são " jogar com o fogo", para manter a tensão no casamento, para outros é símbolo de status e atributo de afirmação, principalmente no progressivo. Outras relações extramatrimonias abertas, hoje suing, isto é, troca de casais, há casais que confessam o relacionamento fora do casamento como forma de luta e poder matrimonial para humilhar e atemorrizar e colocar em desvantagem o outro e dispensar os conflitos conjugais, pois têm argumentos suficientes para atribuir culpa um ao outro ao fracasso conjugal. Com frequência, a relação fora do casamento significa um desejo de proteger-se de uma aproximação demasiado grande e de umas pretensões e expectativas dos dois desorbitadas.

Confessar a relação extramatrimonial em terapia tem efeito desfavorável, bem como ao cônjuge, quem inicia uma relação extramatrimonial deve suportar ele mesmo a responsabilidade pelo mesmo e administrar. Há casos de relações extras com o conhecimento do outro. e em alguns casos contribui para o enriquecimento tanto do indivíduo como do casamento.

Os filhos muitas vezes tem a função de desviar o conflito do casal para que estes não precisem discutir a relação casal. O filho pode servir como objeto sobre o qual se desloca a colusão.

 

Cap. 9 - Doenças Psicossomáficas na Família

No capítulo anterior foi exposto como a tensão no matrimônio tende a abrir suas fronteiras e incluir terceiras pessoas no conflito. A entrada dessas pessoas pode neutralizar as tensões intradiádicas quando ambos parceiros se unem na luta contra o terceiro, pois esta terceira pessoa pode se aliar parcialmente a um dos cônjuges e não sente em igualdade de condições para luta contra seu parceiro.

O sistema psicossomático pode ter na dinâmica diádica, o equilíbrio de igual valor neutralizador a favor de um dos parceiros. Existem inúmeras formas de comportamento que ajudam ao outro restabelecer o equilíbrio.

As doenças psicossomáticas em cada uma das colusões, espera conseguir algo de acordo com o jogo colusivo.

A colusão médico-paciente nas doenças psicossomáticas , não reconhece-se os sintomas como desencadeantes emocionais , como casamento ruim, espera unica e exclusivamente do médico um diagnóstico clínico, mantém-se muitas vezes uma colusão paciente-médico-somatização.

 

Cap. 10 - Pontos de Vista Terapêuticos

Há poucos psicanalistas preparados para terapia de casal, pois sentem-se fracassados em seu casamento e por isso sentem-se incompetentes em fazer terapia de casal por esperarem o fracasso terapêutico.

Apreciação pessoal sobre o livro

A compreensão do conceito de colusão é um marco terapêutico que abarca o enfoque dos conflitos de casais., útil para o planejamento e tratamento de todas as formas de conflitos conjugais, sem ficar fàzendo depositações, procurando culpados ou racionalizando ou justificando ou tomando partido.

 

Nome do autor da resenha e data: Terezinha Kulka - out/2001.