Resenha de Livro |
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Nome do Livro: |
Lealtades invisibles |
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Autor do Livro: |
Ivan Boszormenyi-Nagy e Geraldine M. Spark |
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Editora, ano de publicação: |
Amorrortu editores / Buenos Aires - 1983 |
Relação dos capítulos
Cap.1- Referidos conceitos ao sistema de relações
Cap.2- A teoria dialética das relações
Cap.3- Lealdade
Cap.4- A justiça e a dinâmica social
Cap.5- Equilíbrio e desequilíbrio
nas relações
Cap.6- Parentalização
Cap.7-Fundamentos da psicodinâmica e da
dinâmica relacional
Cap.8-Formação de uma aliança
operativa entre o sistema coterapeutico e o sistema familiar
Cap.9-Terapia familiar e reciprocidade entre avós,
pais, netos
Cap.10-Os filhos e o mundo interior da família
Cap.11-Tratamento intergeracional de uma família
que maltratava uma filha
Cap.12-Diálogo reconstrutivo entre uma
família e uma equipe coterapêutica
Cap.13- Breves pautas de orientação
contextual para a condução da terapia intergeracional
Apanhado resumido sobre cada capítulo
Cap.1-Referidos conceitos ao sistema de
relações
A tarefa principal do especialista em terapia
familiar é definir sintomas, diagnóstico e entidades nosológicas
em termos sistêmicos.
O especialista em terapia familiar precisa aprender
a integrar conceitos individuais, descritivos e dinâmicos com dimensões
do sistema de relações tais como: pautas de interação
funcional - relação entre pulsão e objeto, consanguinidade.
patologia interpessoal. mecanismos inconscientes entrelaçados nos indivíduos,
aspectos de encontro ao diálogo ontico, contas de justiça multigeracionais.
Cap.2-A teoria dialética das relações
Para compreender a estrutura das relações
precisamos de um pensamento dialético, isto é; libertar-se dos
conceitos absolutos para conseguir entender a ética relacional de cada
membro com seu sistema de relações, família, cornunidade,
também com o balanço das obrigações familiares e
da justiça dos homens e o da contabilidade das gerações
familiares.
Cap.3-Lealdade
O conceito de lealdade é importante para
a compreensão das relações e estruturações
das fàmílias. A lealdade psicológica. individual, social,
cívica e de outros grupos sociais.
As famílias têm suas próprias
leis, em forma de expectativas compartilhadas e não escritas. Cada membro
da família se acha constantemente sujeito a pautas de expectativas que
cumpre e não cumpre. A lealdade como atitude individual abarca identificações
com o grupo, autentica relação objetal com outros membros, confiança,
confiabilidade, responsabilidade a devido compromisso, fé e firme devoção.
O enquadre dentro do que sustenta uma relação
se baseia em uma trama ética que interpreta as intenções
e ações dos membros.
O especialista em terapia familiar precisa aprender
a distinguir entre a trama elementar de sistemas de compromisso de lealdade
e suas manifestações e elaborações secundárias,
ex.: um compromisso simbiótico extremo de uma mulher casada e sua mãe,
deve-se reconhecer e investigar do ponto de vista terapêutico, mesmo que
se expresse conscientemente por meio da relação de hostilidade
e rechaço. A qualidade da relação manifesta evitação,
eleição de bodes expiatórios, guerra aprisionada é
menos significativa para determinar resultados terapêtrticos do que o
grau de inversão e a extensão das obrigações negadas
e não resolvidas dentro de cada membro.
Os mitos familiares revelam de forma gradual e
supra estruturada como contabilizações de méritos, manifestam-se
de forma encoberta e todos os membros os compartilham. a natureza da origem.
dos compromissos da lealdade é dialética.
Cap.4-A justiça e a dinâmica
social
O invisível livro maior familiar de justiça
se refere ao contexto relacional, é o componente dinamicamente mais significativo
da realidade do indivíduo, ainda que. não externo a ele.
O âmbito está vinculado na essência
da ética das relações e não é dominado pela
inteligência e astúcia por si só.
A injustiça subjetiva de qualquer membro
na família pode determinar a formação de uma personalidade
diagnosticada como paranóia. A idéia de justiça corno dinâmica
relacional se origina a partir das implicações sistêmicas
e as conotações existenciais de culpa e obrigações.
Nas famílias com as obrigações
não saldadas, podem compensar com o presente desequilíbrio por
gratidão, culpa pelas obrigações não cumpridas,
raiva pela exploração como vítima. O desequilíbrio
do balanço concorre à igualdade de méritos com o intercâmbio
de benefícios entre as partes de uma relação, registrados
subjetivamente, pela exploração que um faz do outro.
Nas famílias, a unidade sistêmica
de contabilização tende a abarcar gerações inteiras.
Segundo as escrituras bíblicas, são
necessárias 7 gerações para expiar um pecado grave de um
antepassado. A justiça reparatória dos homens por meios humanos
é uma grande hipocrisia, como uma ameaça para a índole
dinâmica da mesma sociedade.
Cenas contas relacionais. não podem ser
saldadas pela auto-reflexão, pelo insight, mas sim por uma iniciativa
interpessoal e a ação corretiva, ainda que em um contexto trigeracional.
O sistema de valores de uma família caracteriza-se
por determinados mitos que os membros tem compartilhado durante gerações
inteiras. A injustiça sofrida por parte de cada membro de forma individual,
dá lugar a sua programação de distorções
emocionais durante a vida inteira e trata-se de uma realidade psicológica.
Cap.5-Equilíbrio e desequilíbrio
nas realções
O equilíbrio e desequilíbrio implicam
em trocas de justiça e da igualdade nas relações. O livro
maior inclue as conseqüências do desequilíbrio e os esforços
dos participantes para restaurar o equilíbrio. Uma forma de lealdade
negativa é aquela em que os pais têm grandes problemas. por ex.
proibindo a conduta marginal, delinqüente, mas, sem saber dão aprovação,
oferecendo uma confirmação de identidade negativa como principal
opção relacional para o filho.
Cap.6-Parentalização
Ao explorar os diversos aspectos da parentalização,
descobrimos que se trata de um fènômeno cheio de ubiguidades, já
que se baseia em obrigações e necessidades fundamentais de posição
dos seres humanos. Representa um esforço por recriar a relação
anterior com o próprio progenitor e na relação atual com
os filhos. No entanto, essa atitude de parentalização não
afeta a liberdade e perspectivas de crescimento do filho, pode considerar-se
dentro dos limites do normal. em especial, se extende a todos os participante
com reciprocidade.
A reciprocidade disfarçada, muitas vezes,
é um fator inerente a muitas formas de patologias individuais, importantes
ao terapeuta.
Cap.7-Fundamentos da psicodinâmica
e da dinâmica relacional
A transferência em terapia familiar não
é separada dos compromissos de lealdade dentro da família do cliente.
A estratégia da terapia familiar é
de não subestimar a meta de aumentar a autonomia e a eficácia
funcional do cliente.
Cap.8-Formação de uma aliança
operativa entre o sistema coterapeutico e o sistema familiar
A formação de uma aliança
depende de vários fatores, o mais importante é a capacidade da
família em comprometer cada membro, de forma individual a investigar
suas relações disfuncionais e alcançar um acordo consensual
ao menos em um ou mais objetivos. Caso a família persista que está
em terapia por causa daquela pessoa, sem o comprometimento de todos, a resistência
é intensa e o processo terapêutico não terá como
continuar. Algumas famílias abandonam a terapia após a primeira
consulta porque as perspectivas são intoleráveis, outras fazem
algumas consultas e por não desaparecer o sintoma rnagicamente, abandonam.
a terapia, e algumas continuam sem que se produza alguma melhora do sintoma
do cliente designado. O grau de sofrimento e desespero dentro da família,
não necessariamente facilita e garante a formação de uma
aliança para mudança e está vinculado às experiências
passadas nas suas famílias de origem.
Cap.9-Terapia familiar e reciprocidade
entre avós, pais, netos
Sabe-se que a primeira, segunda e terceira geração
se convertem em objetos de atitudes e condutas construtivas e destrutivas, o
especialista em terapia familiar deve enfrentar e trabalhar com as involucrações
mútuas, vínculos de lealdade e sentimentos de endividamentos entre
as gerações. A realidade em que o efeito existe é uma continuidade
intergeracional.
Ao trabalhar dentro do contexto trigeracional,
os especialistas em terapia familiar podem ter uma oportunidade única
de aliviar os pais, aos progenitores, aos adultos e aos filhos que estejam se
convertendo em emissários e receptáculos de toda ira e sentimentos
feridos por uma exploração real ou suposta. Precisa ajudar a cada
geração a enfrentar a natureza das atitudes relacionais, indagando
sobre o real compromisso e responsabilidades que surgem das involucrações.
Cap.10-Os filhos e o mundo interior da
família
Os adultos que não têm pré-elaborado
de forma adequada sua separação emocional e seus sentimentos de
culpa, podem permanecer, inconscientemente, em extremos leais e comprometidos
com suas famílias de origem. Assim, seus filhos podem ser usados como
objetos substitutivos de gratificação das necessidades insatisfeitas,
de dependência, agressão e sexualidade. Inclusive os pais podem
tratar de saldar a divida que têm com seus próprios progenitores
e posicionado-se perante os filhos como mártires, gerando culpas. Dedicam
um tempo e esforços excessivos a seus filhos e descuidam dos velhos pais,
de modo a parecerem pouco comprometidos, irresponsáveis, com eles.
Nos sistemas familiares patológicos, a
excessiva lealdade psíquica faz a própria família de origem
se manter a nível inconsciente, e isto obriga a pagar um preço
muito grande ao cônjuge e aos descendentes.
No curso do tratamento, a estratégia do
terapeuta, deve basear-se no entrelaçamento da culpa específica
de cada membro, pelas obrigações não cumpridas existentes
entre as gerações. O terapeuta deve ficar atento à realidade
de pessoa, seus sentimentos e necessidades de transferência.
Cap.11-Tratamento intergeracional de uma
família que maltratava uma filha
O estudo de caso é de uma cliente de 04
anos, que foi hospitalizada por causa de maus tratos e fortes ferimentos pelos
castigos dados pela sua mãe e havia sofrido outras formas de agressão,
necessitando ser hospitalizada. Os pais da mesma haviam acumulado raiva no curso
dos anos por terem sido explorados e descarregavam na filha com pouca culpa
aparente. As práticas aplicadas à filha, afloravam de maneira
inevitável as dimensões e os vínculos de lealdade negativos,
negados e não resolvidos com suas famílias de origem. Ambos não
podiam recorrer à suas famílias para satisfazer suas necessidades.
A justiça interveio no caso e os avós
maternos e os irmãos levaram a menina para casa deles e começaram
a fazer sessões de terapia de família e o terapeuta foi usado
como pai substituto.
Cap.12-Dialógo reconstrutivo entre
uma família e uma equipe coterapêutica
Uma família simbiótica, unida por
uma rede de relações caóticas e inalteráveis, oscilavam
extremas afeições e explosões destrutivas. Os filhos ameaçavam
o sistema e os levaram para tratamento. O sistema familiar era de conduta impulsiva,
capacidade de resposta inapropriada, rixas, enfrentavam os temores com comentários
contraditórios que desmentiam o que diziam. Fizeram 03 anos de tratamento.
O tratamento obedeceu quatro esferas centrais. A relação com a
equipe de coterapeutas, os vínculos dos cônjuges e as relações
entre pais e filhos e as contas transgeracionais de lealdade e justiça
com os avós e ambas famílias de origem. A estratégia terapêutica
se dirigiu primeiro a romper com o permanente papel de chaves emissárias
e depositárias entre o senhora P e sua mãe e o que fazia projetar
sobre o marido e filhas. O caminho terapêutico consistiu no fortalecimento
gradual da senhora P e suas relações com a família nuclear
e poder assumir uma atitude ativa de dar e receber de sua mãe.
Cap.13-Breves pautas de orientação
contextual para a condução da terapia intergeracional
Em geral o sucesso psicoterapêutico depende
mais da motivação do cliente do que da técnica do terapeuta,
visto que não criamos este vocábulo e nem a terapia. A terapia
e cura guardam uma relação com a capacidade de viver e gozar a
vida.As pautas leais invisíveis determinam o contexto relacional no qual
o indivíduo se vê capacitado ou fragilizado em suas aspirações
vitais. A dificuldade está em que muitas pessoas não têm
consciência que precisarn modificar atitudes e querem apenas alívio
das situações dolorosas da vida e do dia a dia.
Apreciação pessoal sobre o livro
Neste livro, Lealdades Invisíveis. pode-se perceber que nas relações familiares existem leis que as regulamentam, um tipo de contabilidade que vai contrabalançando o desequilíbrio e o equilíbrio. Por isso nos deparamos na prática da profissão com fatos absurdos pela lógica racional e até mesmo inconcebiveis e que muitas vezes fogem do controle humano nos deparando com a impotência. No entanto, este livro dá respostas ao incompreensível e nos deixa mais humildes sem querermos ser prepotentes ou fazermos julgamentos super negócios.
Nome do autor da resenha e data: Terezinha Kulka - out/2001.