Resenha de Livro
Curso de Formação em Terapia Relacional Sistêmica
Psicóloga Solange Maria Rosset

 

Nome do Livro:

Los juegos psicóticos en la familia

 

Autor do Livro:

MARA S. PALAZZOLI / S.CIRILLO / M. SELVINI ANNA Mª SORRENTINO

 

Editora, ano de publicação:

Paidós ,1990

 

Relação dos capítulos

1ª parte- A prescrição invariável

   1 - Insatisfação frente aos métodos paradoxais

   2 - Invenção da prescrição invariável

   3 - Entrevista exclusiva com os pais e prescrição do segredo

   4 - A prescrição dos desaparecimentos

2ª parte- Com o uso da prescrição surgem as primeiras evidências dos fenômenos recorrentes

   1 - O "imbroglio"

   2 - A instigação

   3 -O jogo do casal parental e as modalidades com as quais se envolve o paciente designado

3ª parte- Construção de modelos dos processos psicóticos.

4ª parte- Experimentação dos métodos terapêuticos

5ª parte- Mais além do modelo sistêmico.

 

Apanhado resumido sobre cada capítulo

1ª parte- A prescrição invariável

1 - Insatisfação frente aos métodos paradoxais

Os autores relatam os motivos da sua insatisfação com os métodos paradoxais ( relatados no livro Paradoxo e Contraparadoxo) de Prescrição de sintoma, Conotação positiva e a preocupação pela supressão, entre outros, por serem arbitrários, de caráter genérico e a estereotipia da prevenção. Era algo que ficava entre interpretações (explicações) de porque o paciente desenvolveu o sintoma e uma provocação.

 

2 - Invenção da prescrição invariável

Neste capítulo, eles relatam todo o caminho andado desde a primeira vez que usaram a prescrição invariável até a sua estruturação como estratégia terapêutica. A primeira vez que utilizaram esse modelo foi com o Caso Marsi - em Fevereiro de 1979. Era um caso em que sentiam a inutilidade do esforço para reorganizar a família com os métodos paradoxais, e então, na terceira sessão, resolveram chamar só os pais para a próxima sessão. Na busca de bloquear a interferência dos filhos, montaram uma prescrição na qual os pais deveriam sair sozinhos sem avisar os filhos de que sairiam, de onde iriam e o que fariam, e se fossem interpelados diriam "São coisas que só concernem a nós dois". Os efeitos foram tão favoráveis , que eles reorganizaram a prescrição como Prescrição invariável e passaram a usar em todos os casos.

Os passos da prescrição eram os seguintes :

1. Telefonema do pedido - Marcava-se uma determinada hora para a concretização do primeiro telefonema.

2. Primeiro contato telefônico - onde avaliavam toas as circunstâncias da queixa, dos envolvidos e se definia quem deveria vir a primeira sessão, clareando que não haveria sessão se um dos membros da família nuclear não viesse.

3. Primeira sessão - Toda a família e também as pessoas envolvidas com a situação da queixa e da convivência e que tivessem disponibilidade para vir.

4. Sessão só com a família nuclear - Colhiam-se informações e se marcava a próxima sessão só para os pais.

5. Sessão só com os pais - Colhe-se informações e se faz a prescrição.

Prescrição :

   a) Segredo absoluto sobre a sessão de pais

   b) Saídas sem aviso prévio - bilhete "Esta noite não estaremos em casa" - Ir a um lugar diferente do que normalmente vão -

   c) Perguntas filhos e de outros etc - "São coisas que só concernem à nós dois"

   d) Caderneta pessoal - Cada um anotará na sua caderneta o que fizeram, o que aconteceu e as reações das pessoas.

6 . Saídas num final de semana - o mesmo esquema , só que o tempo de permanência fora é de um final de semana

7 . Desaparecimento prolongado - o mesmo esquema só que com mais dias de permanência fora.

Os autores então, nos explicam e justificam os comportamentos da equipe a partir do que o casal fez e de como reagiram.

Reações do casal :

   1 . Casal cumpre a prescrição e anota as reações filhos e outros. Aumentar as prescrições 6 e 7.

   2 . Casal cumpre parcialmente (Só o segredo, menor número de saídas, erros, esquecimentos, etc. Repetir a mesma prescrição

   3 . Casal não cumpre a prescrição e enfrenta os terapeutas com desqualificação, irritação, etc. Remapear contexto e redefinir a relação.

Poder terapêutico da prescrição invariável

   1 . Superioridade casal parental

   2 . Hierarquização subsistemas

   3 . Contrato de colaboração com a 2ª geração

   4 . Volta continua definição casal - parental, conjugal - co-responsáveis e vítimas.

O poder informativo da prescrição invariável é a compreensão do funcionamento das famílias.

 

3 - Entrevista exclusiva com os pais e prescrição do segredo

Neste capítulo, os autores explicam com maiores detalhes e justificativas as questões ligadas a entrevista somente com os pais e a exigência do segredo.

 

4 - Prescrições das desaparições

Neste capítulo, são detalhadas as estratégias dos desaparecimentos dos pais, e o uso das anotações das cadernetas dos pais. São mostrados também os efeitos terapêuticos, e o uso da prescrição invariável nas estruturas familiares peculiares : Pai viúvo, pais separados, famílias reconstruídas, famílias adotivas.

 

2ª parte- Fenômenos recorrentes

5- O "imbroglio"

Definição - Fazer ostentação de uma relação dia-a-dia intergeracional privilegiada (pai x filho) que em realidade não é. Não é afetivamente autêntico mas sim uma estratégia contra alguém, geral outro cônjuge. Com impossibilidade expressão verbal.

Neste capítulo, além de explicarem sua compreensão do "imbroglio" como um dos aspectos disfuncionais da família e trabalham com exemplos dessa leitura em casos de anorexia e esquizofrenia.

 

6 - A instigação

Conjunto de atividades capazes de introduzir alguém a adotar uma conduta. Não é um ato, ou série de atos, mas sim um processo interativo acontecendo que se encaminha (mais ou menos) a um drama. É tácito, sem explicitação, sem verbalizações e em nível analógico.

Neste capítulo discutem a prevenção das situações de instigação , e o fenômeno da instigação nas psicoses, nas famílias extensas e nas famílias Instituições.

 

7 - O jogo do casal parental e as modalidades com as quais se envolve o paciente designado

Os autores relatam as primeiras tentativas de compreender o jogo dos pais e de vinculá-lo ao sintoma do filho. Discutem também as situações em que a prescrição invariável é absorvida pelo padrão de jogo do casal e quando os pais competem por agravar os sintomas do paciente designado.

 

3ª parte- Construção de modelos dos processos psicóticos

8. A metáfora do jogo - Linguagem do jogo ao invés da linguagem sistêmica.

Usando a metáfora do jogo, os autores discutem as relações familiares, as relações humanas, e as escolas de terapia.

 

9. Construção modelos diacrônicos

Apresentam suas hipóteses na busca modelo geral, discutindo os impasses do par conjugal, a intromissão filho jogo casal, as condutas inusitadas do filho, a virada do suposto aliado, a eclosão da psicose, as estratégias baseadas no sintoma e a situação dos irmãos do psicótico.

 

10. O processo anoréxico na família

Os autores discutem o processo anoréxico na família como uma síndrome da sociedade opulenta, apresentando sua compreensão dos 6 estágios na anorexia.

 

11. Algumas observações sobre as condutas psicóticas na infância

Este capítulo traz várias situações de psicose infantil esclarecendo o jogo do casal.

 

12. Psicoses da adolescência e impasse do casal

São analisados as situações do casal como desencadeantes da psicose do filho adolescente.

 

13. Quando um cônjuge traz um filho ao mundo como um movimento no jogo do casal

São analisadas as situações do uso do filho, desde a decisão de tê-lo, como estratégias do jogo do casal.

 

4ª parte- Experimentação dos métodos terapêuticos

14. Coordenação das sessões e processo terapêutico

Este capítulo engloba as investigações de Maurizio Viaro e Paolo Leonardi; um guia geral para a elaboração de hipóteses; as técnicas de coordenação e clima emotivo da sessão; a busca de indícios e as intervenções esclarecedoras; a cronologia do sintoma como orientação para desmanchar o jogo familiar; a escolha do melhor momento para a intervenção; o que dizer e quando; o espirito de luta; o processo terapêutico; sobre a prescrição invariável a as prescrições específicas;

 

15 . Exclusão do paciente identificado das sessões

Neste capítulo se discute a revelação da intromissão do paciente designado; o risco de condenar os pais; as exceções na exclusão do paciente designado; e famílias hostis e expulsivas.

 

16. Construção modelos sincrônicos

Apresentam a discussão sobre a inclusão do terapeuta nos impasses do casal e intervenções para preservar a posição do terapeuta.

 

17. Autoterapia do casal parental

O casal passa a ser co-terapeuta: da responsabilidade patogênica à responsabilidade terapêutica. Paralelos da fase da conotação positiva com a fase durante a qual se designava "pacientes" ao casal parental e com a fase da prescrição invariável. E o jogo de equilíbrio entre a culpabilização e a valorização dos pais. A coterapia em casal como autoterapia do casal.

 

18 Terapia e mudança

Apresentam várias idéias ligadas à terapia, à mudança, ao jogo terapêutico, ao impasse do casal, à prescrição invariável e à revelação dos jogos encobertos.

 

19. A barreira intransponível no impasse do casal

Trazem a idéia de que o impasse é oculto e o conflito é manifesto e de que a fé no terapeuta pode fazer com que se levante a barreira do impasse.

 

5ª parte- Mais além do modelo sistêmico.(269)

Vários assuntos pertinentes ao pensamento sistêmico e a compreensão da situação nas psicoses, como a aquisição do modelo multidimencional, as condutas psicóticas na infância, o ataque à mãe, o processo diádico - triádico, a coalizão estabiliza o processo, a psicose na adolescência, o predomínio das colisões contra mãe, e um filho como parte do jogo. Também se apresenta a busca de una legitimização epistemológica, como treinar-se para pensar alternativamente em um e noutro sentido, e as possibilidades e necessidades de una teoria científica do sujeito.

 

Apreciação pessoal sobre o livro

Livro que passa com clareza os princípios e a forma de trabalho do Grupo de Milão sobre o trabalho que desenvolveram após a fase das prescrições paradoxais (Paradoxo e Contraparadoxos) e antes da fase do Método de Revelação do Jogo Familiar ou Revelação Terapêutica (Muchachas anorexicas). Esse livro descreve com clareza o uso das Prescrições Invariáveis nas famílias com transações psicóticas.

Indispensável de ser lido por quem trabalha com famílias com funcionamento psicótico ou pretende compreender esse padrão.

 

Nome do autor da resenha e data: Solange Maria Rosset, 1991.