Resenha de Livro
Curso de Formação em Terapia Relacional Sistêmica
Psicóloga Solange Maria Rosset

Nome do Livro:

Meninas boazinhas vão para o céu, as más vão à luta

Autor do Livro:

Ute Ehrhardt

Editora, ano de publicação:

Objetiva / 1996

Relação dos capítulos

  1. Bem-comportadas do berço ao túmulo
  2. A grande trapaça
  3. Ciladas de raciocínio profissionais
  4. O receio do poder
  5. Estratégias
  6. Profecias que se auto-realizam
  7. O sorriso impotente
  8. Sempre sorrindo
  9. A mentalidade Mona Lisa
  10. A mulher mansa
  11. A renúncia feminina
  12. Meninas não alcançam qualquer lugar – também o céu... na terra!

 

Apanhado resumido sobre cada capítulo

Capítulo 1

A autora aborda que as mulheres representam o sexo bem-comportado. São amáveis, humildes e generosas, pois é o que se espera, mas também corresponde à imagem que cada mulher traz em si mesma. Hoje elas não querem ser apenas bem-comportadas; seu autoconhecimento está mudando, levando-a a superar o obstáculo de ser amada incondicionalmente; renunciam à independência e ao poder.  A saída para vencer tal obstáculo é mudar esse modo de pensar, pois em harmonia consigo mesma encontra equilíbrio entre suas expectativas e as exigências do meio em que vive. Deve parar de sentir-se “desamparada”, o que a levará a sentir-se capaz de dirigir sua vida. Moças bem-comportadas não progridem. Devem compreender que podem ser fortes, sem prejudicar os seus relacionamentos e amizades.

Capítulo 2

Este capítulo aborda que muitas moças bem-comportadas acreditam ilusoriamente que um bom comportamento, um carro, casaco ou jóia compensam suprimir um pedido, saindo prejudicadas na troca e construindo mais um elemento para sua submissão. Para isto evitar deve mudar sua ação: as vantagens e as desvantagens têm que ser pesadas e então tomada uma decisão. É fato de que mulheres são suaves, mas enxaquecas e depressão não e, atrás destes padecimentos, está uma enorme gama de agressividade. Para isto ser evitado, a mulher deve considerar: não ter medo da própria raiva e não ter medo da irritação do outro. Estas atitudes reforçam sua força, que é maior do que supõe. Devem deixar de julgarem-se fracas, dependentes e que necessitam da proteção de homens fortes; sem correr o risco do chavão que “mulher forte é solitária”, pelo contrário, só a independência possibilita uma relação tolerante e aberta, usufruindo a liberdade de poder escolher em ser livre, casar ou não, ser mãe ou não, evitando em acreditar que marido é a proteção, um seguro de vida.

Capítulo 3

Aqui a autora enfoca mulheres que renunciam ao poder e com isto perpetuam as hierarquias, estruturas esclerosadas do poder, associando a ele corrupção, abuso, etc, e a que a maioria das mulheres não quer o poder. Acha que o poder (preconceituosamente) a levará a ficar sozinha, terá que lutar sempre para mantê-lo; moças bem-comportadas não rivalizam, discutem, opinam. É necessário que entendam que poder de um lado nada tem a ver com a solidão do outro. Pelo contrário, mulheres com objetivos claros aproveitam sua força para apoiar os outros, iniciar coisas, romper barreiras. Há que se considerar que poder não significa “exploração, nem corrompe o caráter”.

Capítulo 4

A abordagem deste capítulo é que reconhecer o próprio valor é difícil para muitas mulheres, mesmo sabendo possuir uma ou outra aptidão. Acreditam necessitar de um homem para garantir sua segurança econômica, ser levada a sério e não ser estigmatizada como solteirona. Para combater esta conduta, é preciso conscientizar-se dos motivos íntimos de certas decisões, e agir diretamente nestes motivos. Se tiver medo de ser tachada de solteirona deve perguntar-se o que a toca tão negativamente na imagem e então desenvolver um comportamento que combata esta imagem que a atormenta. Deve valorizar sua eficiência, descartar-se da “gata borralheira”, aprender a avaliar, de modo realista, a sua competência pessoal, reparando nas suas necessidades e delegando tarefas e, principalmente, dizendo NÃO! Dizer NÃO com convicção é o primeiro passo da menina bem-comportada à menina má.

Capítulo 5

Aqui a autora coloca que quem tem uma imagem negativa de si (e isto também é uma profecia), transformará a mesma em realidade. Muitas mulheres só nutrem esperanças modestas quanto ao seu futuro. É inútil chorar sobre a infância “ruim” ou lamentar as chances perdidas. Conscientizar-se de seus programas negativos e substituí-los por imagens positivas é mais sensato, levando a ser mais fácil enxergar o lado bom nos fracassos. Devemos lembrar que “vemos o que estamos acostumados a ver e registramos o que esperamos”.

Capítulo 6

Este capítulo mostra que a linguagem corporal da submissão se exprime em mulheres de todos os níveis; elas se reduzem, ocupam pouco espaço, raramente penetram o domínio de outra pessoa; renunciam à defesa de seu espaço. Esforçam-se para serem modestas, discretas, humildes e quietas. Sorriem e mantêm-se reservadas. Não interrogam e ouvem pacientemente; ao contrário dos homens, que têm um olhar direto, se apoderam do que desejam. Para que as mulheres deixem de apenas sorrir impotentemente, devem experimentar olhar diretamente nos olhos do outro, não sorrir, simplesmente olhar. A tentativa de obter o afeto dos outros, através de um sorriso impotente, fazendo-se de tola, deve fracassar. Têm sucesso àquelas que resolvem as coisas por si mesmas, vêm na complicação motivação para se auto-representaram, ao invés de deixar que os outros confeccionem uma moldura para este auto-retrato.

Capítulo 7

Muitas mulheres sabem que traem a si mesmas com seu sorriso gentil; que se tornam vítimas, acreditando que somente assim chegam ao seu objetivo. E, mais do que possa agradar à maioria, o receio da rejeição força o sorriso no seu rosto. “Goste de mim, não me faça mal, não me abandone”, assim é a mensagem deste sorriso. Não é fácil explicar o que leva muitas mulheres a sorrir, mas devem estar atentas que o sorriso é valioso quando ele indica: “estou atenta e simpatizo com você!” Nesse caso, o sorriso é o sinal de uma decisão livre e consciente.

Capítulo 8

Para a autora, quase toda mulher carrega em si uma certa dose da mentalidade Mona Lisa, que é a forma sólida de auto-renúncia, pois temendo o conflito, suas necessidades não são mais reconhecidas, são as mulheres que perguntam: “O que você quer?”, que é um sinônimo de renúncia, de retirada e de falta de auto-afirmação.

Capítulo 9

Neste capítulo é abordado que as mulheres precisam buscar apoio naquelas que realmente querem modificar alguma coisa. Se se rebela e abandona velhos clichês, será chamada de mulher-macho ou coisa pior. Mas isto não deve perturbá-la, pois a tentativa de encontrar um caminho próprio, o desejo de esclarecer algo são forças motrizes que necessitam de apoio. Algumas amigas se afastarão e é eficaz procurar aliadas com o mesmo interesse. As mudanças que almejam tornam-se mais fácil quando há fortalecimento mútuo. Pessoas que são soberanas e autoconfiantes transmitem que são capazes de dominar suas vidas sozinhas.

Capítulo 10

O sorriso de submissão, de ser uma mulher mansa, quase sempre é acompanhado de gestos ou rituais de submissão, através dos modos de agir, sempre descritos como: renúncia à intelectualidade, à autoconfiança, ao próprio salário, sucesso, recolhimento, etc. Mulheres não só renunciam a estes dados, mas também ao próprio tempo e espaço; tornando-se uma mulher encolhida, pois tudo que faz não tem importância, não tem interesse próprio. Faz o que lhe dizem, sente-se desvalorizada, inábil e tola. Mas mulheres más são diferentes: reservam diariamente um tempo, no qual fazem algo que lhes dê prazer pessoal, algo que lhes faça bem. Fazem o que é bom para ela – sem sentimento de culpa.

Capítulo 11

Neste último capítulo a autora relata que hoje em dia a coragem das mulheres continua sendo recompensada. A mulher normal demonstra, cada vez mais, mordacidade e coragem de viver. Entre as pessoas que optam pela independência, a cota feminina cresce continuamente. E o que fazem estas mulheres? Transgridem regras, dizem NÃO claramente, não se deixam intimidar, pensam grande, não têm medo da crítica, não se deixam emudecer, usam sua energia para os SEUS objetivos, orgulham-se de seus êxitos, usam uma linguagem direta, e preocupam-se menos com o que os outros poderiam fazer ou pensar. Meninas não têm vontade de vencer. Quem vence é o desejo intenso, que resume aquilo ao que as mulheres normalmente renunciam. Precisam ter uma mentalidade de vencedora. Meninas más, que aprenderam a brigar objetivamente, vão mais longe, aproveitam sua agressão como fonte de energia. Não têm medo de passarem por insensíveis. Meninas más reconhecem o esquecimento, nos eventuais mal-entendidos, defendem-se contra e isto vale na profissão e parceria. Não duvidam de si mesmas, mas dirigem um olhar para fora. Não se deixam maltratar por aqueles que parecem ser bonzinhos. Na dúvida, separam-se dos outros, mas nunca de si mesmas!

 

Apreciação pessoal sobre o livro

Um livro instigante, revelando todas as ciladas que a mulher moderna constrói em seu caminho.

Através de depoimentos emocionados de mulheres que conquistaram o direito à felicidade, mostra como acabar, de uma vez por todas, com os padrões destrutivos que ainda habitam o imaginário feminino.

É um livro que leva a mulher a decidir que nem o céu é o limite...

 

Nome do autor da resenha e data: Cristina Moro Daldin – Assistente Social - Janeiro /2006.