Resenha de Livro
Curso de Formação em Terapia Relacional Sistêmica
Psicóloga Solange Maria Rosset

Nome do Livro:

O Filho Eterno

Autor do Livro:

Cristovão Tezza

Editora, ano de publicação:

Editora Record, 2007

Relação dos capítulos

O livro não é separado por capítulos

O presente livro conta a história do próprio autor, no momento de sua vida em que teve seu primeiro filho, sendo este diagnosticado com Síndrome de Down. O livro não é dividido por capítulos, e conta toda a sua trajetória e experiência com sua esposa desde o nascimento do filho, até sua fase adulta, destacando suas dificuldades e incertezas sobre a síndrome de Down vivenciada na época. Apesar de autobiográfica, o livro foi escrito na terceira pessoa.

O autor expõe as dificuldades de sua profissão como escritor, destaca bastante suas frustrações na carreira literária e sua rotina diária de lutar para ser um escritor reconhecido, e até de conseguir publicar pelo menos um livro. Expõe já no início seu padrão de funcionamento quando destaca alguns posicionamentos com a mulher, que trabalha fora e ele como dono de casa, escreve seus livros, bebe e fuma quase que diariamente. Mostra se um pouco rebelde e crítico a determinados comportamentos sociais

O autor traz como foco principal a esperada gravidez da esposa e o nascimento do tão esperado primeiro filho e a noticia deste ter Síndrome de Down, não poupando palavras para descrever seus sentimentos, que de fato trazem muita coragem em expressa-los como se a Síndrome estivesse roubando a esperança de ter um filho “normal” e poder ser um pai “normal”. Em paralelo traz partes da história de um livro que escrevia na época do nascimento do filho.

Tezza comenta em muitos momentos sobre a dor de ter um filho especial, que na época era chamado de “mongolóide” por falta de conhecimento. Destacava com frieza e até crueldade seus sentimentos, que envolviam vergonha, desprezo e em alguns momentos, até o desejo de que o filho morresse, acreditando que seria melhor para ambos, como forma de solucionar o problema, que em sua visão era algo errado de estar acontecendo. Descreve com clareza os sentimentos de raiva que tinha ao ter que consultar vários especialistas, com poucos conhecimentos e informações da Síndrome.

No decorrer do livro, Tezza foi se adaptando com a Síndrome do filho e mesmo sofrendo muito com as incertezas foi se apegando ao filho, até que começou a desenvolver em casa um “laboratório” de estímulos para ajudar no desenvolvimento do filho. Passou a executar as estimulações como parte do seu trabalho, além de escritor, por passar parte do dia em casa, enquanto a esposa trabalhava fora. O filho foi mostrando com pequenos movimentos sua evolução e conquistando no pai a esperança de adaptação para ter qualidade de vida. Felipe, o filho de Tezza com um padrão muito amoroso e carinhoso foi conquistando também seu papel de filho de um pai tão crítico. 

Com o passar dos anos, Tezza descreve a evolução e desenvolvimento escolar do filho. Destacando sobre as dificuldades que a escola expôs em não ter “condições” de atender as necessidades especiais de Felipe. Mostra com clareza a dificuldade em lidar com estas questões da negação da escola, sempre muito crítico com estas posições sociais.

Depois de muitas dificuldades e adaptações com escola e médicos, o autor descreve o futebol como interesse em comum com o filho, o que torna esta uma aproximação grande e inimaginável para o pai, no início da experiência de ter um filho especial. E assim termina o livro, destacando que o futebol e o comum interesse de ambos serviram como ferramenta para a evolução e desenvolvimento do seu filho, Felipe.

 

Apreciação pessoal sobre o livro

Em minha opinião, é um livro interessante no sentido de saber como ficam os sentimentos de alguns pais quando se deparam com a notícia de ter um filho com alguma síndrome. Porém achei o livro um pouco chato de ler por ser na terceira pessoa, sabendo que a história era autobiográfica. Além de o autor ter feito uma mistura da historia do filho, com a escrita da história de outro livro de sua autoria que escrevia na época. Em alguns momentos fiquei confusa e sem interesse nenhum na descrição da outra história dele, se não sua própria história real.

Se eu pudesse descrever alguma característica para definir o livro, seria coragem, pois acredito que tenha que ter muita coragem para expor tantos sentimentos, muitas vezes julgados ao ter um filho especial. Acredito que a sociedade julgue como cruel o desejo muitas vezes de não ter tido um filho, por ser especial, como se as pessoas tivessem obrigação de aceitar, ou de passar por uma crise que é ter um filho especial como algo bonito, leve, para ser socialmente aceito, como se isso fosse correto. Por este motivo, é um livro que eu indicaria, além de também acreditar que seja um romance, principalmente pelo filho ter conseguido conquistar seu papel de filho, com seu funcionamento amoroso e carinhoso, mesmo apresentado algumas limitações da Síndrome e tendo um pai tão crítico. Também deixando claro que crises são passageiras e que determinadas situações da vida, fazem o padrão de funcionamento mudar, assim como aconteceu com Tezza, o pai do Felipe.

 

Nome do autor da resenha e data: Talita Mazziotti Bulgacov. 30 de Julho de 2015.