Resenha de Livro
Curso de Formação em Terapia Relacional Sistêmica
Psicóloga Solange Maria Rosset

 

Nome do Livro:

O Monge e o Executivo: Uma História sobre a essência da Liderança

 

Autor do Livro:

Hunter, James C.

 

Editora, ano de publicação:

Sextante, 2004

 

Relação dos capítulos

  1. As definições
  2. O velho paradigma
  3. O modelo
  4. O verbo
  5. O ambiente
  6. A escolha
  7. A recompensa

 

Apanhado resumido sobre cada capítulo

1. As Definições

Um executivo chamado John estava passando por uma crise, problemas familiares e na carreira, então decide fazer um retiro em um afastado mosteiro cristão em Michigan. No qual um executivo muito famoso, que ele admirava, havia se refugiado anos atrás após se afastar da liderança de grandes empresas. O executivo recluso agora se chamava Simeão e ministrava um curso sobre liderança aos visitantes, com duração de uma semana, na qual todos os participantes permaneciam hospedados no mosteiro participando também de várias celebrações desde o amanhecer.

No primeiro dia após todos os ritos anteriores a aula, todos elaboraram juntos um conceito de liderança. “LIDERANÇA: é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir os objetivos identificados como sendo para o bem comum.”

Depois da elaboração desde conceito iniciou-se a discussão do mesmo. Se é uma habilidade pode ser aprendida. E uma das palavras chave é influencia. Influenciar pessoas a fazer o que desejamos. Para compreender como é possível exercer tal influencia é fundamental compreender a diferença entre poder e autoridade.

PODER: é a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou forca, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer.

AUTORIDADE: É a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa da sua influencia pessoal.

O fenômeno que ocorre frequentemente com os adolescentes, que chamamos de rebeldia, é muitas vezes uma reação ao poder que os dominou por muito tempo.

Simeão segue no período da tarde com nova consigna, orientando que em duplas cada um pensasse em alguém vivo ou morte que teve autoridade sobre cada um. Posteriormente a dupla juntava as qualidades que já eram muito semelhantes e depois compartilhavam com o grupo e para a surpresa do grupo as qualidades eram praticamente as mesmas:

- Honestidade, confiabilidade;

- Bom exemplo;

- Cuidado;

- Compromisso;

- Bom ouvinte;

- Conquistava a confiança das pessoas;

- Tratava as pessoas com respeito;

- Encorajava as pessoas;

- Atitude positiva e entusiástica;

- Gostava das pessoas.

 Desta atividade fica evidente a necessidade de relacionamento para que seja possível exercer liderança sem uso de poder.

 

2. O Velho Paradigma

No segundo dia de aula o tema foi paradigma. Após contribuições de todos os particiantes, verifica-se que paradigmas são as nossas crenças, baseadas nos nossos aprendizados e experiências. Simeão orienta que devemos desafiar nossos paradigmas continuamente a respeito de nós mesmos, do mundo em torno de nós, das nossas organizações e das outras pessoas. Pois o mundo externo entra em nossa consciência pelos filtros de nossos paradigmas. E nossos paradigmas nem sempre estão corretos, podem ser generalizações de situações específicas que vivenciamos, por exemplo.

O mundo está mudando tão rapidamente que podemos ficar paralisados se não desafiamos nossos paradigmas. A mudança nos desinstala, nos tira da nossa zona de conforto e nos forca a fazer as coisas de modo diferente, o que é difícil. Quando nossas idéias são desafiadas, somos forçados a repensar nossa posição, e isso é sempre desconfortável. É por isso que, em vez de refletir sobre seus comportamentos e enfrentar a árdua tarefa de mudar seus paradigmas, costumamos permanecer paralisados sem mudança alguma. 

Simeão deu alguns exemplos de velhos paradigmas e substituiu por novos:

 Velho paradigma

Novo Paradigma

Invencibilidade dos EUA

Concorrencia Global

Administração centralizada

Administração descentralizada

Japão = Produtos de má qualidade

Japão = Produtos de boa qualidade

Posteriormente Simeão começa a relacionar esse pensamento em relação ao antigo modo de dirigir organizações, o velho paradigma da administração em forma de pirâmide onde o presidente está no topo seguido pelos vice-presidentes, os gerentes intermediários, os supervisores e na base da pirâmide ficam os empregados. Este paradigma é chamado de cima para baixo onde todos querem agradar aos chefes, mas segundo Simeão não deveria ser assim, a pirâmide deveria ser invertida e o cliente estar no topo, portanto este é o novo paradigma da administração atual com o cliente no topo seguido dos empregados, pois estes estão em contato direto com o cliente, supervisores, gerentes intermediários, vice-presidentes e presidente, este novo paradigma iria requerer que o papel do líder não é impor regras e dar ordens à camada seguinte, em vez disso o papel do líder é servir.

Foi necessário explicar o termo servir, pois causou bastante desconforto na turma. Simeão explicou que o líder deve identificar e satisfazer as necessidades e atendê-los, mas deixou claro que necessidade não é o mesmo que vontade. É o mesmo que se aplica para educar filhos, é necessário suprir suas necessidades, não suas vontades, pois viraria uma anarquia e tanto crianças como adultos precisam de limites e responsabilidade, podem até não querer, mas precisam.

A diferença ente vontades e necessidades introduziu a teoria das  necessidades humanas de Maslow, onde as necessidades do nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto, assim pagar um salário justo e dar os  benefícios satisfariam as necessidades de comida, água e teto, as necessidades da segunda camada, segurança e proteção exigiriam um ambiente de trabalho seguro, juntamente com o fornecimento de limites e o estabelecimento de regras e padrões.

 

3. O Modelo

No terceiro dia de aula Simeão começa a traçar a pirâmide dos caminhos da liderança. O primeiro passo para a liderança é a vontade. Então ele escreve no quadro que intenções sem ações é igual a nada.

Todas as intenções do mundo não significam nada se não forem acompanhadas por nossas ações. Só quando nossas ações estiverem de acordo com as nossas intenções é que nos tornaremos pessoas harmoniosas e líderes coerentes. E este é o primeiro passo.

Simeão desenhou no quadro a pirâmide da liderança:

Quando chega ao item amor, é necessário explicar melhor, pois os visitantes relaram que se sentem desconfortáveis no ambiente de negócios quando se fala de “amor”. Porém Simeão justifica que isso ocorre porque pensamos logo no sentimento. Mas nesse ambiente, quando falamos de amor, falamos do comportamento e não do sentimento.

Tendo a vontade e usando o amor como comportamento, podemos executar o serviço com segurança e eficiência. Daí o terceiro item da pirâmide “Serviço e Sacrifício”. E certamente fazendo o serviço com base nessas diretrizes, a sua autoridade será conquistada, o que vai levar você à liderança!

 

4. O Verbo

O amor, no conjunto necessário para exercer liderança. Simeão conta que durante a sua graduação de filosofia, era ateu, pois tinha conhecido várias religiões porém nenhuma lhe parecia plausível. Jesus havia dito para amar os inimigos e isso era incoerente, impossível, como seria possível amar Adolf Hitler? Até que um professor de línguas, em um bar, lhe explicou muito do novo testamento foi originalmente escrito em grego e que os gregos possuíam vários significados para a palavra amor, pois trata-se de um verbo multifacetado:

Eros - da qual se deriva a palavra erótico, e significa sentimentos baseados na atração sexual e desejo.

Storgé - é afeição especialmente para família e entre seus membros.

Philos - fraternidade, amor recíproco, do tipo, você me faz o bem e eu te faço o bem também.

Agápe - incondicional, sem exigir nada em troca, baseado no comportamento com os outros, o amor do novo testamente dito por Jesus é ágape, e deveria ser traduzido como um comportamento, uma escolha, não o sentimento do amor. Assim o que Jesus queria dizer é que devemos nos comportar bem em relação as outras pessoas, boas ou ruins, mas não estava mandando ter sentimentos de afeto por elas, já que isso também seria um pedido bastante difícil de ser realizado.

Nem sempre posso controlar o que sinto a respeito de outra pessoa, mas posso controlar como me comporto em relação a outras pessoas.

Definições de amor ágape e de liderança não sinônimos:

Autoridade e liderança

Amor ágape

Honesto, confiável

Paciência

Bom modelo

Bondade

Cuidadoso / Atitude positiva

Humildade

Comprometido

Respeito

Bom ouvinte / Gosta das pessoas

Abnegação

Mantém as pessoas responsáveis

Perdão

Trata as pessoas com respeito

Honestidade

Incentiva as pessoas

Compromisso

Depois do intervalo Simeão sugere que procurem o significado de cada uma das palavras que descreve o amor ágape, pois segundo Simeão, são todos comportamentos e não sentimentos.

Paciência – Mostrar controle.

Bondade – Dar atenção, apreciação e incentivo. Durante a discussão surge outro conceito importante. Ouvir ativo -  atividade que requer esforço consciente e disciplinado para silenciar toda a conversação interna enquanto ouvimos outro ser humano. O ouvinte ativo, tenta ver as coisas como quem fala as vê e sentir as coisas como quem fala as sente. Essa identificação com quem fala se chama empatia e requer muito esforço.

Humildade – ser autentico, sem pretensão, orgulho ou arrogância.

Respeito – Tratar os outros como pessoas importantes.

Abnegação – Satisfazer as necessidades dos outros.

Perdão – Não se ressentir quando for enganado.

Honestidade – Ser livre do engano.

Compromisso – Sustentar suas escolhas.

 

5. O Ambiente

Na quinta feira, John conseguiu chegar cedo para seu encontro matinal com Simeão. Logo em seguida Simeão sentou-se a seu lado e ficaram conversando novamente sobre o amor, Simeão citou um versículo do evangelho: “Ame seu próximo como a si mesmo.”

Colocar nosso próximo em primeiro lugar é estar atento às suas necessidades.

Simeão começou a palestra. Vamos mudar um pouco de assunto e falar sobre a importância de criar um AMBIENTE saudável para as pessoas crescerem e terem sucesso.

Usou a metáfora de plantar um jardim. Para que nosso jardim cresça, temos que criar um ambiente saudável para ele se desenvolver. Trabalhar o solo, adubar, plantar as sementes, regar, livrar de pragas e capinar de tempo em tempo. Com isto, colhemos flores e frutos. Você não fez o crescimento ocorrer, mas ajudou. Não fazemos nada crescer, mas podemos ajudar fornecendo as condições necessárias. Se tivermos os cuidados adequados, com certeza colheremos frutos saudáveis. Não podemos achar que os frutos aparecem rápido, pelo contrário, muitos desistem no meio do caminho, temos que saber que eles necessitam de um tempo para se desenvolverem. É por isto que o comprometimento é tão importante para o líder.

John cita a sua esposa que é terapeuta e sempre diz, que o terapeuta não tem o poder de curar seus pacientes. O que o bom terapeuta pode fazer é criar um ambiente saudável para o paciente, estabelecendo um relacionamento amoroso, baseado em respeito, confiança, aceitação e compromisso. Assim o paciente pode iniciar o seu processo de autocura.

Nunca devemos punir uma pessoa em público, além de a envergonharmos na frete de seus amigos e colegas, aqueles que assistem ficam se perguntando: Quando será minha vez? Gerando um ambiente constrangedor.

Quando ocorre o contrário, fazemos bem a quem elogiamos e com isto, todos estão sempre observando o que o líder faz e se espelhando nele.

No intervalo para o almoço, John ficou refletindo sobre tudo que estava aprendendo e pensando em suas atitudes anteriores.

Na volta outra metáfora foi usada, a de contas bancárias relacionais. Seria comparar o relacionamento com as pessoas com uma conta bancária, quando fazemos elogios, por exemplo, fazemos depósitos e quando punimos em público, fazemos retiradas. Em pesquisas realizadas, afirma-se que para cada retirada que você faz com uma pessoa, necessita-se de quatro depósitos para voltar a ficar igual. Uma proporção de quatro para um.

As pessoas têm alta opinião de si mesmas, por este motivo temos de cuidar antes de fazermos retiradas por que o custo pode ser muito alto.

Simeão relata que quando era chamado para resolver problemas de Companhias que estavam em dificuldades, fazia sempre um levantamento de atitudes de empregados, depois fazia comparações dos levantamentos por departamentos e chegava a conclusão que a área que estava saudável era a que tinha um líder que se responsabilizava por sua pequena área de influência e isso fazia toda diferença.

Você como líder pode e deve determinar o comportamento de seus funcionários. Você os faz usar os equipamentos de segurança, tem políticas e procedimentos que devem ser seguidos, seguir horários estabelecidos, etc. Assim você está normatizando o comportamento de seus liderados. Algumas normas e normativas precisam ser seguidas pelos subordinados, caso contrário os mesmo serão ex subordinados. Pois os que não aderem serão eliminados, não podem fazer parte do time.

É bom compreender que não podemos mudar ninguém, damos a motivação, mas as pessoas que devem fazer as próprias escolhas para mudar. Sábio ditado dos Alcoólicos Anônimos: “A única pessoa que você pode mudar é você mesmo.” Lembre-se do princípio do jardim, não fazemos o crescimento ocorrer, damos o AMBIENTE saudável.

 

6. A Escolha

Simeão diz que nove vezes e meia entre dez, das vezes que visitava uma companhia em crise, constatava que o problema estava no topo, apesar de a companhia apontar para um ou outro responsável na base. John novamente faz analogia ao que a esposa, terapeuta costuma dizer sobre famílias problemáticas. Nas quais os pais trazem as crianças pedindo que o terapeutas as conserte, porém o que as crianças estão manifestando são sintomas, provavelmente o problema real está mais relacionado com o pai e a mãe.

O pensamento tradicional nos ensina que os pensamentos e os sentimentos dirigem nosso comportamento, e, é claro, sabemos que isso é verdade. Nossos pensamentos, sentimentos e crenças – nossos paradigmas – exercem de fato grande influencia sobre nosso comportamento. A práxis ensina que o oposto também é verdadeiro. É possível “fingir para conseguir”. Os sentimentos virão em conseqüência do comportamento.

Quando os visitantes começam a justificar que é difícil aprender, mudar, Simeão orienta que é preciso prática e John constata “Simeão não permitiu que eu me escodesse atrás das minhas justificativas.

Simeão diz que gostaria de passar o ultimo dia falando sobre a responsabilidade e as escolhas que fazemos. A enfermeira do grupo contribui dizendo que já constatou que existem ”doenças de responsabilidade” nas quais os indivíduos neuróticos se responsabilizam por tudo a sua volta, até mesmo o que não tem como ter sido influenciado por um ser humano. Já pessoas com problema de caráter, assumem muito pouca responsabilidade por seus atos. Acham que tudo que sai errado é responsabilidade de outra pessoa.

Simeão cita Freud como um colaborador para alimentar este determinismo que existe ao nosso redor. Onde todo efeito tem uma causa, onde os temos justificativas para tudo o que fazemos, pois não existe livre arbítrio e não fazemos escolhas, pois nossa ações são determinadas por forças inconscientes. O determinismo genético nos obrigaria a seguir o que já recebemos nos genes.

Depois Simeão segue contando brevemente a história de Viktor Frankl e sua mudança radical de paradigma, o quel foi do determinismo ensinado por seu mentor Freud depois de ser submetido aos campos de concentração nazistas, diz “o homem é essencialmente autodeterminante, ele se transformou no que fez de si mesmo”, pois o homem tem as potencialidades dentro de si, o que os efetiva depende das decisões e não do ambiente.

Simeão, na parte da tarde, conta a história do seu professor da sexta serie, há 60 anos atrás, o qual lhe ensinou que, existem apenas duas coisas nesta vida que todos têm que fazer, todos têm que morrer e fazer escolhas, dessas duas não tem como escapar. Todos temos que fazer escolhas a respeito do nosso comportamento e aceitar a responsabilidade por essas escolhas.

Através da disciplina podemos fazer com o que não natural se torne natural e conseqüentemente um hábito. Somos criatura de hábitos e para tal alguns estágios são necessários para adquirir novos hábitos ou habilidades, pois os hábitos e as habilidades geram comportamentos aplicados a liderança.

Uma citação muito bem colocada é “dissemos que o caminho para a autoridade e a liderança começa com a vontade. A vontade são as escolhas que fazemos para aliar nossas ações as nossas intenções. E ao final, todos têm que fazer escolhas a respeito de nosso comportamento e aceitar a responsabilidade por essas escolhas.”

Os Estágios pelos quais todos nos passamos.

1) Inconsciente e sem habilidade: esse estágio consiste em você ignorar o comportamento e o hábito. Ex.: antes de tomar o primeiro drinque ou fumar seu primeiro cigarro.

2) Consciente e sem habilidade: esse cada um já toma consciência de um novo comportamento, mas ainda não desenvolveu a prática. Ex.: é quando você já fumou seu primeiro cigarro, ou bebeu, e isso caiu mal.

3) Consciente e habilitado: esse já está tornando você mais experiente e sente-se confortável com o novo comportamento ou prática. Ex.: quando você saboreia um cigarro ou uma bebida, e quando um pianista não precisa mais olhar para o teclado.

4) Inconsciente e habilidoso: este é o estagio que você não precisa pensar, pois você já faz tudo conforme a sua rotina. Ex.: escovar os dentes e usar o vaso sanitário de manhã é a coisa mais natural do mundo.

 

7. A Recompensa

A recompensa vem através de um bom diálogo. E que devemos ter disciplina em tudo o que fazemos. Acima de tudo termos muito amor. E conforme o sábio cristão chamado Paulo, apóstolo de Jesus, escreveu há cerca de dois milênios que apenas três coisas importam: fé, esperança e amor. E acrescentou que a maior delas é o amor.

Um ponto de vista muito interessante e que faz sentido é que todos nós nascemos com o egoísmo, e ao longo dos anos tentamos superar esse sentimento que nos deixa muito negativos. Uma citação muito sábia de Dr. Albert Schweltzer: “Eu não sei qual será seu destino, mas uma coisa eu sei. Os únicos que serão realmente felizes são os que buscaram e descobriram o que é servir.” Talvez serviço e sacrifício sejam o tributo que pagamos pelo privilégio de viver.

A grande alegria em lidar com autoridade, é que servindo aos outros e satisfazendo suas necessidades legítimas. É esta alegria que nos sustentará na jornada através deste acampamento espiritual que chamamos de terra.

E amar, servir e doar-nos pelos outros nos forçam a sair do egocentrismo. Amar aos outros nos faz sair de nós mesmos. Amar aos outros nos força a crescer.

 

Apreciação pessoal sobre o livro

Desde o inicio da leitura do famoso livro sobre liderança de James Hunter fiquei admirada com tamanha familiaridade com os conceitos sistêmicos e da terapia relacional sistêmica. Poderia até dizer que o autor se utiliza de concepções sistêmicas.

É possível fazer um paralelo com um processo terapêutico, John, estava passando per uma crise, a qual afetava tanto a sua vida familiar, quanto profissional, porém após muito tempo adiando, sem ter pertinência necessária chegou o momento em que precisou realmente da mudança e foi até o retiro no qual muitas aprendizagens e temas abordados se assemelham ao que seria trabalhado em um processo de terapia relacional sistêmica.

Quando o palestrante fala sobre antigos paradigmas é possível fazer associação com padrão de funcionamento, ou padrão relacional, pois o que ele diz é que apesar de ter dado certo por tanto tempo, pode passar a não dar mais, pode ficar disfuncional, e passa a necessitar que haja mudança. O estilo militar de organização e hierarquia foi muito eficaz durante guerras e ainda é no meio militar e policial, porém em organizações, para que se tornem mais dinâmicas e humanas já não é mais e por isso exige novos paradigmas.  Os paradigmas também são alvo em um processo de psicoterapia, pois é através deles que vemos o mundo.

O uso de metáforas é bastante freqüente em todo o livro, o que facilita a expressão de sentimentos e a compreensão, assim como na TRS. 

A esposa de John é terapeuta e em algumas situações ele cita colocações que ela faz, como quando estão falando sobre a metáfora do jardim, da necessidade de manutenção, água, adubo, podemos apenas dar as condições, mas não cabe a nós fazer o jardim florescer. John relata que a esposa diz o mesmo sobre os pacientes, que o terapeuta não tem o poder de curar, que o processo pertence ao cliente, que o terapeuta só ajuda nas condições necessárias. Conforme o trecho a seguir “..a única pessoas que você pode mudar é você mesmo...o melhor que podemos fazer é fornecer o ambiente certo e provocar um questionamento que leve as pessoas a se analisarem para poder fazer suas escolhas, mudar e crescer.” (P. 112)

O autor faz o paralelo afirmando que nas famílias, assim como nas organizações, quando há crise, normalmente há problemas no top da hierarquia, no caso das famílias o problema real normalmente relaciona-se aos pais. Neste momento John cita novamente a fala da esposa, dizendo que os pais trazem os filhos esperando que o terapeuta as conserte quando na realidade o comportamento dos filhos é apenas o sintoma do problema real. Pensamento sistêmico. Terapia Familiar.

John no decorrer do livro diz que o palestrante não deixou que ele se escondesse atrás das suas justificativas, ou seja, o palestrante aponta para os álibis utilizados por ele, derrubando as suas muletas. São citados alguns exemplos de que condicionamos a nossa mudança a mudança do outro. Se o outro mudasse.

No final do livro o autor aborda o assunto responsabilidade e as escolhas que fazemos. Aponta Freud como colaborador para disseminação do comportamento de se isentar de responsabilidade, conforme consta no trecho a seguir “...Embora Freud tenha dado imensa contribuição ao campo da psiquiatria, e por isso lhe devemos ser gratos, ele plantou as sementes do determinismo que tem dado à nossa sociedade todas as desculpas para os maus comportamentos, evitando assim assumir as responsabilidades.”

Segundo o livro o termo responsabilidade poderia ser dividido em duas palavras – Resposta e Habilidade – Ou seja, o estímulo sempre vem a nós, mas, como seres humanos, temos habilidade de escolher qual a nossa resposta, diferentemente dos animais que agem por instinto.

 

Nome do autor da resenha e data: Eliza Penachi,Maio de 2014.