Resenha de Livro
Curso de Formação em Terapia Relacional Sistêmica
Psicóloga Solange Maria Rosset

 

Nome do Livro:

O casal nosso de cada dia

 

Autor do Livro:

Solange Maria Rosset

 

Editora, ano de publicação:

Editora SOL, 2004

 

Relação dos capítulos

   Introdução

   1. Espaço de/do casal

   2. Comunicação

   3. Sexo e Relacionamento

   4. Diferenças e Diferentes

   5. Indivíduo/Casal/Família

      5.1 Tipos de casais

      5.2 Individualidade

      5.3 Funções de casal

      5.4 Conjugalidade e parentalidade

   6. Tudo o mais

      6.1 Escolha do parceiro

      6.2 Amor X Paixão

      6.3 Adaptação às mudanças

      6.4 Padrão de casal

      6.5 Processo de casal

      6.6 Riqueza da relação

      6.7 Parceria

      6.8 Intimidade

      6.9 Auto-estima

      6.10 Concessões

      6.11 Dependência e Independência

      6.12 Internet

      6.13 Tempo

      6.14 Projeção no outro daquilo que é seu

      6.15 Infidelidade

      6.16 Raiva

      6.17 Brigas

      6.18 Fantasias mágicas

      6.19 Solidão

      6.20 Crises típicas do matrimônio

      6.21 Ciúme

      6.22 Busca de terapia

      6.23 Fim de caso

      6.24 Bom divórcio

      6.25 Volta após separação

      6.26 Recasamento

      6.27 O caso atual

   7. Ninho vazio: entre a frustração e o desafio

   8. Qualidade da relação

      8.1 manejo dos problemas

      8.2 Prevenção dos problemas

      8.3 Fuga do que já sabe que não resolve

      8.4 Pré e pós-briga

      8.5 Brigas produtivas

      8.6 Aumento da união

      8.7 Vacinas contra a rotina

      8.8 "Jogo do sem fim"

      8.9 Desejo de justiça

      8.10 Boa intenção x Coisas que não se devem dizer

      8.11 Um bom contrato

      8.12 Bom humor

      8.13 Capacidade de perdão

      8.14 Respeito à autonomia do outro

      8.15 Abraço

      8.16 Prova de amor

      8.17 Concessão ao outro do que gostaria para si

   9. Conclusão

 

Apanhado resumido sobre cada capítulo

INTRODUÇÃO

Os casais mudaram...

É com esta frase que a autora inicia esta introdução, onde em seguida, vai relatar sobre as diferenças quando iniciou trabalhando com casais. Há alguns anos atrás, os casais buscavam terapia só quando a situação já estava insuportável, neste caso escolhiam a terapia e elegiam o terapeuta como juiz que iria dizer quem estava certo ou como o mágico que conseguiria fazer com que o outro mudasse e aceitasse as demandas desse. No entanto, muita coisa mudou em 30 anos. Uma das modificações importantes está ligada às mudanças na compreensão do que é um casal e de quais são as razões para estar junto. Então, a busca pela terapia de casal foi deixando de ser uma busca pelo juiz ou mágico e passou a ser uma busca para melhorar a qualidade de vida de cada um dos parceiros.

O objetivo do trabalho com casais, e também desse livro, é dar dados e informações para que os casais possam enxergar e ter clareza do seu padrão de funcionamento, do padrão de funcionamento do parceiro e do seu padrão conjunto como casal.

O Casal Nosso de Cada Dia apresenta as idéias da autora sobre casais e processos de casal. Os aspectos selecionados descritos aqui são os que a autora vê como mais importantes e úteis para facilitar o processo de percepção e reflexão para os casais.

Cap. 1 - ESPAÇO DE/DO CASAL

Quando dois indivíduos decidem se casar, eles estão estabelecendo que formarão um novo sistema, com regras, funcionamento e definições específicas.

É um espaço do casal no sentido em que é só deles. Mesmo que haja pessoas próximas, existe uma definição de que há uma ligação, uma energia que envolve só o casal.

É um espaço de casal no sentido em que possibilita vivências, aprendizagens, experiências que só são possíveis numa relação de intimidade, de sexualidade, de par e parceria.

Dois parceiros nunca correspondem, nem satisfazem completamente uma ao outro. O casal tem, então, o desafio de estar sempre negociando entre si e lutando junto.

Cap. 2 - COMUNICAÇÃO

No mundo moderno e globalizado, cada vez mais se enfatiza a importância da comunicação.

Comunicação é um processo de dar e receber informação; é um processo verbal e não-verbal de fazer solicitações ao receptor; é um processo de interação; é o veículo das manifestações observáveis da relação; entre muitas outras definições.

Uma das grandes dificuldades na comunicação e nos relacionamentos é a certeza dos participantes de que a sua forma de qualificar os eventos da comunicação é a correta.

De acordo com o pensamento sistêmico, não existe comunicação boa ou má, pontuação correta ou não; o que importa é saber identificar as diversidades de pontuação e poder conversar sobre as diferenças ao invés de brigar cada um pela sua verdade.

A qualidade da comunicação depende do treino dos envolvidos para dizer de forma clara o que querem e precisam comunicar ao outro. Também depende do seu exercício em escutar com lucidez o que o outro está dizendo. Depende, ainda, do desenvolvimento de boa intenção, paciência e amorosidade para com seus parceiros.

Cap. 3 - SEXO E RELACIONAMENTO

Uma boa vida sexual não é garantia de que o casal não terá problemas em outras áreas; entretanto, pode ajudar os casais a resolverem melhor todos os tipos de problemas familiares ou conjugais que surgirem no seu dia a dia.

A sexualidade pode realimentar o casamento, pois o sexo é uma forma de expressão afetiva, e o carinho, a compreensão e a admiração podem também realimentar a sexualidade.

Se um casal tem dificuldades sexuais e está disposto a lidar honestamente com a questão, chegará inevitavelmente às dificuldades da relação.

Sabendo que a relação sexual significa o contato físico mais íntimo entre duas pessoas, pode-se compreender o potencial simbólico que ela contém. Essa intimidade faz surgir eventuais conflitos e dificuldades existentes em um dos parceiros, no outro ou na relação dos dois. Muitos sentimentos não expressos no dia a dia vão para a cama como sintoma sexual.

Cap. 4 - DIFERENÇAS E DIFERENTES

Quando falo em diferenças, enfocando o casal, dois ângulos me vêm à mente: as diferenças entre homem e mulher e as diferenças inevitáveis de pessoa para pessoa.

O mais importante, porém, não é o tamanho ou a quantidade das diferenças, e sim a forma como o casal lida com tais diferenças. Se os parceiros puderem se complementar nas diferenças, ao invés de competir, poderão enriquecer o relacionamento com as diversidades.

Compreender que existem diferenças entre homens e mulheres ajuda a conhecer bem o que os separa e o que os pode unir. Ao perceber a existência da diferença, as pessoas podem usar essa informação como algo útil, uma oportunidade de enriquecimento, ou usá-la como competição ou outra forma destrutiva.

Para que um casamento se realize como construção de um novo sistema, é necessário confronto e balanceamento da cultura familiar, além de reflexão sobre a bagagem de cada um dos cônjuges.

Cap. 5 - INDIVÍDUO/CASAL/FAMÍLIA

Na clínica ou no dia a dia, vemos que existem alguns padrões de funcionamento de casais que se repetem, formando o que poderíamos chamar de tipos específicos de casais.

Essas tipologias são explicadas e justificadas pelas teorias psicológicas e de desenvolvimento da personalidade. Segundo essas compreensões, os indivíduos passam pelas fases de desenvolvimento de uma forma melhor ou pior. Isso significa que as necessidades básicas de cada uma das fases podem ser supridas, frustradas ou reprimidas.

Tipos de casais

Neste capítulo a autora descreve sobre os diversos tipos de casais e as aprendizagens que precisam ser feitas de acordo com o padrão de cada casal.

Individualidade

- Manter sua individualidade

Uma das questões importantes quando se enfoca um casal é a acomodação das individualidades numa relação em que é necessária a construção da intimidade, da doação, da cumplicidade. Quanto melhor estruturada a pessoa estiver com relação à sua individualidade , mais apta ela estará para construir um "nós" rico e funcional, sem deixar de lado o que lhe é peculiar e sem desqualificar o que o outro tem de individual.

- Construir o nós sem abrir mão do eu/tu

O tornar-se cada vez mais "eu" e cada vez mais "tu" propicia a formação de um "nós" mais diferenciado e composto pelas vivências e experiências de dois seres diferentes, definidos em sua unicidade e originalidade, que se tornam cada vez mais lúcidas e vivas na convivência do "nós".

- Ter dificuldades para ver o outro como ele é

Ao se ligar a outra pessoa, com tal intimidade e convivência como acontece na ligação conjugal, uma das tarefas importantes é instrumentar-se para enxergar o outro na forma mais próxima possível daquela que ele é realmente.

A definição do que vai enxergar no seu cônjuge também depende da forma como aprendeu na relação com o pai e mãe: como são/devem ser as relações homem/mulher, parceiro/parceira, amado/amante.

Funções de casal

Quando duas pessoas se juntam para serem um casal, elas constituem um sistema que, no seio da família, passa a ser o subsistema conjugal.

Um casal que aproveita seu espaço conjugal para o crescimento desenvolve padrões de complementariedade que permitem a cada um "entregar" sem a sensação de que "renunciou", aceitando a interdependência mútua, numa relação assimétrica.

Outro cuidado necessário é enfatizar a mutualidade ou co-participação, de forma que os dois enxerguem o seu melhor e o seu pior, sem depositar no outro suas dificuldades.

Conjugalidade e parentalidade

Conjugalidade é a qualidade da relação de duas pessoas que têm um relacionamento de intimidade, sexualidade e projetos comuns. Parentalidade é a qualidade da relação desse mesmo par, a partir do momento em que se tornam, além de cônjuges, pais de uma criança comum.

O relacionamento conjugal exerce influência na natureza da homeostase familiar. Constitui o eixo em torno do qual se formam todas as outras relações familiares.

Cap. 6 - E TUDO O MAIS...

Muito se tem discutido sobre o que determina a escolha dos parceiros. Na minha prática clínica com os casais, fui desenvolvendo um olhar não ao porquê da escolha, mas ao para quê . Enxerguei, pois, que as pessoas escolhem seu par para manutenção ou para mudanças.

Escolha do parceiro

A escolha do parceiro obedece a algumas razões sobre as quais os envolvidos têm consciência e controle; entretanto, a maior parte das razões da escolha está enraizada na história precoce da pessoa, e nem sempre ela tem consciência de tais fatores.

Amor X Paixão

O tempo de paixão varia muito de pessoa para pessoa. Depende de muitos ingredientes, mas pode-se afirmar que dura mais naquelas relações em que os dois se esforçam para só mostrar as suas características que agradam ao outro.

A possibilidade de se apaixonar depende da disponibilidade que uma pessoa tem em correr riscos, em se entregar.

Amar é querer bem, apreciar, respeitar, valorizar, mimar, sentir falta, conceder espaço, querer que o outro cresça.

Adaptação às mudanças

Relacionar-se é uma aprendizagem de adequação às mudanças do ambiente interno e do externo. É um treino de adequar suas reações às reações do outro, às reações do ambiente e às alterações da relação e das situações.

Padrão de casal

Quando duas pessoas escolhem-se para serem um casal, vão estruturar sua forma única de ser; aos poucos, vão estabelecer seu padrão de funcionamento do casal.

Tal padrão estrutura-se a partir do padrão de funcionamento de cada um dos participantes e da relação que se estabelece entre eles.

Ter consciência do seu padrão individual e do seu padrão como casal ajuda a clarear dificuldades e problemas que os parceiros podem ter.

Processo de casal

O processo de ser casal é, com certeza, o mais complexo e cheio de nuanças que uma pessoa pode vivenciar. Possibilita muitas aprendizagens, mas engloba dificuldades, dores e contato com as dificuldades pessoais, do outro e de entrosamento do casal.

Riqueza da relação

Muito se fala sobre a possibilidade da relação ser rica e de alta qualidade. A autora conta sobre uma lista que utilizou com um cliente que queira saber se seu casamento era saudável ou não. Esta lista continha alguns itens para que o cliente pudesse ter um parâmetro para avaliar. No entanto, a autora utilizou este instrumento apenas para mostrar ao cliente o que ele precisava enxergar e aprender.

Parceria

A verdadeira parceria exige equilíbrio e simetria. Equilíbrio para se organizar, desorganizar-se e reorganizar-se, sem rigidez ou desintegração.

Intimidade

A intimidade não surge pelo fato de os parceiros passarem muito tempo juntos, terem os mesmos gostos e interesses ou por não brigarem. A intimidade origina-se de algo diferente. Ela é gerada por uma série de momentos e movimentos de parceria, mas o principal desencadeante da intimidade é a possibilidade de expressarem os seus sentimentos e opiniões e de serem compreendidos.

Auto-estima

Auto-estima é o sentimento da importância ou do valor que a pessoa tem por si mesma, é auto-respeito e auto-consideração.

Ter uma boa auto-estima é sentir-se bem com relação a si mesmo, independente de os outros estarem o tempo todo demonstrando e independente de que os outros aceitem ou não, gostem ou não de suas características.

Concessões

A concessão é um dos instrumentos relacionais que garantem a continuidade do vínculo e é uma forma de demonstrar o afeto, a compreensão, a compaixão e o desprendimento. Sem concessões, uma relação está fadada ao fracasso. Quanto mais os dois fizerem concessões de forma consciente, mais amorosa e intima vai ficando a relação.

Dependência e independência

A relação amorosa é a relação que mais traz à tona as dificuldades e as aprendizagens necessárias ligadas às questões de independência, dependência e autonomia.

O grande desafio, então, é reorganizar as questões de dependência conforme a relação vai acontecendo, estruturando-se e modificando-se.

Ser independente numa relação de parceria significa também ter o direito e a responsabilidade de tomar decisões pessoais, sem consultar o parceiro ou até sem a aceitação dele. Independência pressupõe responsabilidades, escolhas, preços e riscos.

Internet

As inúmeras possibilidades oferecidas pela internet trouxeram novos sintomas e novos problemas aos casais. Esses problemas vão desde as pessoas viciadas em computadores até os casos amorosos que acontecem através da rede.

A internet tem servido também para ampliar aspectos de comunicação e de intimidade entre os próprios casais. Usar a internet para treinar comportamentos que não são fáceis no dia a dia, ou desenvolver novas aprendizagens, são alguns dos bons usos que o casal pode fazer.

Tempo

Muitas vezes, as questões temporais são um ponto de atrito entre os casais. As formas de administrar e de encarar o tempo são aprendidas por cada indivíduo na sua história precoce familiar.

Projeção no outro daquilo que é seu

Nas relações de casal, aparece muito um comportamento que, tecnicamente, é chamado de projeção. É um processo mental pelo qual as características (defeitos ou qualidades) de uma pessoa, não aceitas conscientemente, são atribuídas ou vistas por ela em outra pessoa, sem levar em conta os dados de realidade.

Saber que as projeções dos seus conteúdos no parceiro podem acontecer é um fator importante; com isso, as pessoas podem usar a relação para perceber a si mesmas, perceber seus pontos cegos, suas depositações.

Infidelidade

A infidelidade é a quebra de confiança, a traição de um relacionamento, o rompimento de um acordo.

Independente das causas e razões da infidelidade, é inquestionável que ela sempre envolve o risco de ferir alguém e de ser desleal em algum nível. Seja como for, um contrato foi quebrado, e os responsáveis devem assumir os riscos e as conseqüências.

Raiva

A raiva é uma das emoções básicas do ser humano. Na raiva, a energia flui para os músculos e para as mãos, acompanhada de descarga de hormônios, que preparam o organismo para ações fortes e vigorosas. Expressa-la pode acarretar perda de amor, mas reprimi-la pode ter o mesmo efeito.

Brigas

As brigas na relação de casal são uma forma de se fazer conhecer, de mostrar suas características e seu potencial para o parceiro, de lutar para manter sua privacidade, seu espaço e sua individualidade.

Fantasias mágicas

Todos os indivíduos desejam que, magicamente o parceiro se transforme naquilo que sempre esperou. Quando a pessoa ou, melhor o casal se torna capaz de notar suas fantasias e ter clareza de que são fantasias mágicas, está pronto para adequá-las à realidade e pode usá-las como pistas para suas compulsões relacionais, suas mágoas e tristezas.

Solidão

A solidão é uma das situações inevitáveis do ser humano e vai acontecer também durante uma relação de casal. Entretanto, se a relação não estiver bem, servirá de depósito das queixas e de prova da solidão.

Crises típicas do matrimônio

Todo casamento terá suas crises específicas, mas algumas são comuns a todos os casamentos e acontecem em função das mudanças de passagens pelos ciclos de desenvolvimento da família e de seus elementos e pelas aprendizagens que são necessárias nas fases que surgem.

Ciúme

O ciúme pode ser uma emoção normal, adequada e necessária. Ele é a consciência de uma distância ou interferência em um relacionamento de compromisso. Provavelmente, o ciúme contém um elemento de dependência e medo de abandono.

Busca de terapia

Potencialmente, todo casal pode resolver suas dificuldades entre si. Na prática, nem sempre é possível, nem sempre os parceiros conseguem. As dificuldades do casal podem servir de alavanca para aprendizagens e crescimento, seja num processo terapêutico, seja na própria relação.

Fim de caso

Uma pessoa que está no final de uma relação poderá usar esse momento como uma forma de conhecer mais sobre si mesma, fortalecer-se e aprender para continuar adiante e/ou para uma nova relação.

Bom divórcio

Pode-se dizer que um processo de divórcio nunca é indolor, mas é importante saber que pode acontecer sem guerras.

O que faliu, na verdade, foram o projeto e o investimento na relação homem/mulher.

Volta após separação

Muitas razões podem levar um casal a se separar. Algumas separações são pensadas e repensadas, e outras são impulsivas; algumas são infantis, e outras acontecem por desesperança.

Voltar a viver junto é uma oportunidade para atuar com novos comportamentos no padrão de funcionamento, de forma consistente e permanente, e não só na aparência, no entusiasmo, na fantasia e no impulso.

Recasamento

Ao iniciar um novo relacionamento, é necessária a recuperação em relação às perdas do primeiro casamento. É importante o "divórcio emocional" adequado para poder haver um comprometimento com o novo casamento e com a formação de uma família.

O casal atual

Neste item a autora relata alguns pontos de como seria um casal saudável na realidade. E conclui dizendo que relações saudáveis sobrevivem apenas com muita dedicação. O amor exige esforço, e ir à luta é sempre uma possibilidade.

Cap. 7 - NINHO VAZIO: ENTRE A FRUSTRAÇÃO E O DESAFIO

Essa "síndrome do ninho vazio" pode ser evitado; entretanto, pode ser usada como um novo enriquecimento da relação dos parceiros e como uma fase de reestruturação das questões individuais.

Não existe mágica para resolver às dificuldades, mas não há dúvida de que a tarefa é voltar a ser casal.

Cap. 8 - QUALIDADE DA RELAÇÃO

Manter uma relação estável, amorosa, circulante, prazerosa, íntima, com aprendizagens e crescimento é uma árdua tarefa. Se ela for desempenhada pelos dois parceiros terá mais chance de êxito.

Manejo dos problemas

Ao lidar com as questões relacionais, é de grande ajuda uma clarificação teórica sobre a diferença entre dificuldades e problemas.

Uma dificuldade é um estado de coisas indesejáveis. As soluções para as dificuldades são o uso de medidas de bom senso ou a constatação de que não há uma solução conhecida.

Um problema surge quando impasses e "becos sem saída" são criados e mantidos pelas soluções inadequadas dadas ás dificuldades.

Prevenção dos problemas

Quando surge uma dificuldade ou um problema, o casal não tem energia, tempo, disponibilidade para lembrar e organizar tudo o que sabe sobre problemas e soluções.

Uma forma de criar um clima ameno, que pode ser reativado após a crise, é estabelecer uma rotina de exercícios e experiências entre o casal. É possível prevenir as dificuldades através de novos comportamentos.

Fuga do que já sabe que não resolve

O ser humano tem uma compulsão à repetição, principalmente quando se encontra tomado por sentimentos intensos. Nos problemas conjugais não será diferente; uma das providências importantes é tomar contato com tudo que já se fez para resolver o problema e que não deu certo, evitando refazer o mesmo caminho.

Pré e pós-briga

Evitar brigas é difícil. Sempre haverá alguma coisa que fará um dos parceiros explodir. Portanto, em vez de se dedicar inteiramente a evitar as brigas, é possível desenvolver a habilidade de se recobrar e mesmo de tirar proveito delas.

Brigas produtivas

Como as brigas são inevitáveis, o casal pode treinar a fim de buscar uma forma mais adequada para elas.

Aumento da união

Algumas buscas, especialmente se forem feitas em conjunto pelo casal, podem melhorar a qualidade da relação.

Vacinas contra a rotina

A rotina é algo perigoso num relacionamento, pela facilidade com que ela se instala e por ser extremamente cômoda. Por comodidade, sacrificamos o melhor de uma relação - a vida, o desconhecido, novas descobertas, inclusive as dificuldades. Em pouco tempo, confunde-se a pessoa com a rotina, e já não existe mais a pessoa.

Jogo do sem fim

Existe uma definição de uma situação relacional chamada de "jogo do sem fim", que é responsável pela manutenção compulsiva de muitas dificuldades entre os casais.

A cada lance, fica-se esperando que algo aconteça para mudar o jogo ou que o parceiro faça mudanças. Porém, nada disso acontece.

Desejo de justiça

Algumas formas de lidar com os conflitos e dificuldades na relação acabam se transformando em impedimentos para um relacionamento estável e prazeroso.

As pessoas que se prendem à justiça dos fatos e comportamentos, irritam-se muito quando se sentem injustiçadas e ficam presas na argumentação, na acusação.

Boa intenção X coisas que não se devem dizer

Muitas dificuldades relacionais poderiam ser evitadas se os envolvidos avaliassem, criteriosamente, os atos que realizam em nome da "boa intenção".

Numa relação funcional, nem sempre, em todos os momentos, tudo deve ser dito.

Um bom contrato

Quando um casal inicia uma relação, vai contratando as formas de se relacionar e as regras dessa relação. Esse acerto vai sendo feito no desenrolar do relacionamento. Alguns itens são intencionais, outros vão surgindo de acordo com as situações; alguns são formalmente contratados, outros são subliminares e implícitos.

Bom humor

O bom humor é uma qualidade atraente e uma atitude sábia. Ter senso de humor pressupõe ter humildade, não se levar muito à sério, não trilhar o caminho da perfeição e das certezas; é acrescentar generosidade, doçura e compaixão nas relações.

Capacidade de perdão

É uma das características do amadurecimento, responsável por boas qualidade de um relacionamento.

Perdoar não é uma questão simples ou fácil; para conseguir isso, é necessário acabar com as idealizações que se tem do parceiro.

Respeito à autonomia do outro

Respeitar a autonomia do parceiro significa que ele pode continuar sendo quem é, sem que isso traga perigo à relação.

Um relacionamento que possibilita o respeito à autonomia de seus membros será, certamente, uma experiência de crescimento e aprendizagens.

Abraço

A força curativa do abraço já foi muito estudada e definida como uma das formas de resolver questões difíceis numa relação, de trocar afeto, de pedir perdão e perdoar, de passar mensagens sem precisar falar, entre outras.

Prova de amor

Hoje, não se fala muito nisso, mas percebo que, no âmago das pessoas, cada uma tem sua listagem do que espera que o outro faça como prova do seu afeto, da sua consideração, do valor que dá à pessoa amada.

Concessão ao outro do que gostaria para si

Essa é uma entre inúmeras versões do desencontro entre casais, baseadas em fazer para o outro o que espera que o outro faça nos seus momentos de dificuldades.

CONCLUSÃO

Ao encerrar, o desejo da autora é que as pessoas possam compreender que, a partir da clareza das suas próprias dificuldades, podem mudar seu padrão de relacionamento e, assim, mudar seu parceiro.

É uma jornada de descobertas, difícil e dolorosa muitas vezes, mas que pode garantir as aprendizagens e mudanças necessárias para que valha a pena a relação. Assim, cada um poderá passar para filhos e netos um exemplo, uma proposta e um ensinamento: relacionar-se com intimidade e parceria é possível e vale o investimento.

 

Apreciação pessoal sobre o livro

Esta leitura possibilitou o entendimento de vários aspectos que permeiam um relacionamento de casal. Inevitavelmente, todas as pessoas já vivenciaram ou vivenciarão algumas das situações citadas. O que difere, é a forma como cada uma delas lida com a situação, e esta diferença está ligada ao padrão de funcionamento de cada um e suas experiências de vida.

Cheguei a conclusão de que o processo de mudança é delicado, envolve aspectos internos e externos, conscientes e inconscientes dos indivíduos, mas também propicia aprendizado e crescimento, desde que a pessoa esteja preparada e disposta à isso.

Com toda certeza, posso afirmar que a autora conseguiu abordar claramente as dificuldades encontradas em um relacionamento e as dificuldades causadas por nós mesmos, muitas vezes sem serem percebidas. Portanto, para alcançarmos uma forma mais saudável de nos relacionar é preciso termos consciência do nosso padrão de funcionamento individual e enquanto casal.

 

Nome do autor da resenha e data: Andreza de Barros Pereira Ivo- Novembro/ 2004.