Resenha de Livro
Curso de Formação em Terapia Relacional Sistêmica
Psicóloga Solange Maria Rosset

 

Nome do Livro:

Pais e Filhos Uma Relação Delicada

 

Autor do Livro:

Solange Maria Rosset

 

Editora, ano de publicação:

Editora Sol - 2007

 

Relação dos capítulos

Introdução.

1.  Pais e Filhos.

2.  Filhos e Pais.

3.  A Vingança do Bom Filho.

4.  Finalizando.

 

Apanhado resumido sobre cada capítulo

Introdução.

1- Pais e Filhos

A autora é uma terapeuta de família relacional sistêmica. Escreveu esse livro através de experiências práticas em consultório que acontecem com pais e filhos.

Tentar não fazer desse livro um manual de consulta e ver um livro acusatório e que muito menos ela seria dona da verdade.

As colocações são teóricas, sistêmicas ou pessoais. A autora acredita que tudo na vida é proveniente da nossa escolha. Sendo que nada acontece conosco que não seja por escolha e nossa responsabilidade.

Escolhemos tudo, desde comportamentos, sentimentos, pensamentos, enfermidades, nossas reações, nossa espontaneidade. Embora nem sempre estamos conscientes do que estamos escolhendo.

Tem como objetivo, mostrar que o andamento das nossas escolhas é maior ou menor. Sendo que um dos objetivos do processo terapêutico é aumentar o nível de consciência, para termos mais consciência do seu funcionamento e de suas dificuldades, uma vez que só assim chegamos às mudanças.

O resultado disso será desenvolvimento de um programa de mudanças e assim conseguirmos treinar novos comportamentos, atitudes e sentimentos.

O pensar linear é o foco ou a principal preocupação na avaliação das situações, possibilitando descobrir o porquê das reações e dos fatos.

Diferentemente, o pensar sistêmico é onde não existe uma causa que desencadeia um fato; ou seja, sempre existirá uma infinidade de causas que possibilitarão diversas situações. Onde se enxerga o quê, e como algo está acontecendo.

Buscamos o foco no presente e não no passado, onde avaliamos quem está envolvido na situação, de que modo e quais padrões relacionais estão acontecendo.

No pensamento linear, o desejo é de encontrar explicações e compreender. Já no sistêmico, o desejo é de buscar novas alternativas de funcionamento e mudanças.

Acreditamos que os relacionamentos são circulares, são co-desencadeadores. Que o comportamento de um, desencadeia e mantém o comportamento do outro e vice-versa.

Se compreendermos que somos parceiros na situação, passamos a ser completamente responsáveis pelo que acontece. Responsáveis e potentes: podemos desencadear, mudar o andamento, encerrar.

Causa e efeito conduzem a um pensamento linear e vertical, define carrascos e vítimas e conduz à perda de mobilidade e flexibilidade nas relações.

No pensamento circular, cada um tem a sua participação e responsabilidade.

Na relação pais e filhos, funcionar sistemicamente, trás uma profunda diferença nas relações. Onde não existe certo e errado pré-definido. Não existem vítimas e bandidos, pois olhamos as situações com outros olhos. Temos que compreender que tudo é uma questão de escolha e o que faz a diferença é o nível de consciência das escolhas.

Os pais precisam enxergar o seu padrão de funcionamento e saber que os filhos repetem-no  a lidarem com as inseguranças, com responsabilidades, com suas emoções e com a própria emoção dos filhos.

Na realidade os filhos nunca saem como a expectativa que os pais querem ou esperam. Quanto mais os pais aprenderem a lidar com essa frustração, com a sua própria carência, e a manter sua auto-estima, independente do quê e no quê o filho transformou-se, mais aptos estarão para acompanhar os movimentos novos e diferentes dos filhos.

Ambivalência é quando existem dois valores iguais; ou seja, é ambivalente toda pessoa que, em uma dada situação, experimenta sentimentos contraditórios ou manifesta, simultaneamente, atitudes opostas. No nosso dia a dia, atitudes e sentimentos contraditórios estão presentes.

Dupla mensagem é quando dizemos uma coisa verbalmente e mostramos outra.

Quanto mais consciência o adulto tiver de que está agindo assim, mais controle terá da situação.

Os pais desejam imensamente que os filhos sejam felizes. Esse desejo só pode ser concretizado se os pais forem felizes, porque só ensinamos o que vivemos.

Atualmente os pais podem escolher ter ou não ter filhos; só que essa escolha, piorou o nível de cobrança de acertos e erros, originando sempre um grande fator de culpa.

 

PAIS E FILHOS

Temos que não cair na mesmice de culpabilizar e atacar os pais pelas dificuldades e destemperos dos filhos.

Terapeutas sistêmicos entram numa jornada sem mapas, sem roteiros e sem guias, mas com juízes, fiscais, avaliadores, cobradores em todos os sentidos.

Dentro da linha sistêmica a verdade não existe, o certo não existe. Toda avaliação pode mudar fundamentalmente, dependendo do olhar do observador. Sendo que isso nos  ajuda muito nos momentos de crise, de definições, de auxílio. A perfeição não existe, ela é impossível.

Os filhos apresentam aos pais e ao mundo as dificuldades que nós pais temos. E quanto mais os pais enxergarem as próprias dificuldades, conseguem identificá-las nos filhos e assim trabalhá-las em si e neles.

Muitos filhos querem sempre ser diferentes, não querendo obedecer regras e sempre atacando os próprios pais. Isso é simplesmente um jogo de poder. Os pais têm que discernir quando é jogo de poder e quando é uma aprendizagem para definir limites.

É importante e necessário redefinir regras com os filhos e tentarem outras formas de lidar com situações de impasse. A experiência de todas situações só é clara para quem já passou por elas.

Algumas pessoas colocam que ter filhos é importante e necessário, sendo que o mais importante é a possibilidade de aprenderem com os filhos. Quando os pais têm que ter muito discernimento e humildade. E com esse aprendizado saberemos como melhorar.

Para respeitar os impulsos dos filhos e ensinar a domá-los, precisamos treinar isso com nós mesmos.

Como pais, temos que saber ensinar e abrir mão de algumas situações. Se mudarmos valores e verdades, conseguimos flexibilizar situações de apego. A crítica faz parte do dia a dia e temos que ensiná-la também.

Os excessos sempre sufocam tirando a visão do planejamento que está distante.

Mostrar o que é o egoísmo, o autocuidado, e autoregulação faz treinar a auto-estima. Como é importante a família ter um horário semanal para discutir as situações vividas. É importante ensinar aos filhos a bondade, a compaixão e o bom coração.

A emoção é passada para os filhos através do que é dito e do que não é dito. O que se grava sempre é a emoção do momento. As emoções passadas, pelo que não é dito, são passadas por reações externas que temos. Os pais sempre conseguem passar para os filhos o que realmente sentem. O olhar é o primeiro, o maior e o melhor meio de comunicação.

Temos três níveis de auto-estima dos pais:

- auto-estima elevada;

- auto-estima média;

- auto-estima baixa.

A auto-estima elevada é onde os pais expressam todos os seus sentimentos e não têm medo de expressar suas convicções. Também tem consciência de suas fraquezas, falhas e falta de conhecimento.

A auto-estima média é quando os pais tem muitas dúvidas e são bastante dependentes da aprovação dos outros, existindo muita insegurança. Eles têm medo de erros e falhas e não se sentem realizados na vida.

A auto-estima baixa faz com que os pais sintam um profundo senso de desvalorização e inutilidade. São negligentes consigo mesmo e com os outros, sendo difíceis de agradar. São agressivos ou passivos nas relações.

A auto-estima de uma pessoa, mãe ou pai, vem basicamente de como ela foi qualificado nas suas ações por seus pais.

As condições básicas que necessitamos para ter auto-estima são:

1. estar fisicamente confortável – a criança é ela mesma nas suas experiências diárias;

2. ter continuidade no relacionamento – a criança precisa ter pessoas ao seu redor que repitam seus atos por um determinado tempo.

Em seguida vem a condição de aprender a influenciar, prever as reações dos outros e aprender como estruturar o mundo.

E para completar, vem o processo de desenvolvimento da auto-estima em duas áreas: pessoa com domínio e pessoa sexuada.

Pessoa com domínio é alguém que pode resolver seus próprios problemas. Pessoa sexuada pressupõe terem aprendido na relação com seus pais que, ser do mesmo sexo é importante.

O que prejudica a auto-estima, trazendo grandes estragos é quando existe a queixa de algo que o outro fez, fazendo críticas ao que o outro é, ao ser total. Sempre vale a pena lembrar que todo comportamento comunica alguma coisa, sendo que não são necessárias palavras.

Acreditamos que os filhos vêm ao mundo para colocar os pais em situações difíceis e dolorosas, existindo assim o aprendizado. Sendo importante fazer bom uso do que o filho disse ou fez.

Os Ciclos Vitais Familiares Brasileiros é a definição de idade e normalidade de cada fase. Embora sabemos que hoje, tudo está acontecendo bem mais cedo. Existem duas idéias nesse ciclo vital.

Aprendizagem específica, que é algo que precisa ser conquistado e a outra idéia é que as famílias estão em constante transformação, por suas características e pelas pessoas estarem em fases diferentes.

Os ciclos vitais são divididos em previsíveis e especiais. Os previsíveis começam no nascimento e terminam na morte. São eles o nascer, o andar, o falar, o nascimento de irmãos, ir à escola, etc. Nascer é o contato da mãe com o bebê e estão interligados afetivamente. Andar é o ficar firme, ser independente. Falar é adquirir direitos de estar alí, de tomar parte, de se expressar, de ser alguém. Falar é a expressão efetiva de comunicação com os outros. Esse desenvolvimento também nos leva a lidar com a solidão, com as escolhas, com o risco que o andar e a independência trazem-nos.

Quando ocorre o nascimento de irmãos, inicia-se a lista de perdas. Isso é difícil mas necessário para o amadurecimento.

Ir à escola é a inserção da criança e dos pais no mundo social. Para os pais esse é o momento de mostrar o que fizeram com o filho e aguardar a avaliação do outro.

A alfabetização é a entrada no mundo cultural, a criança começa a ler e a escrever; ou seja, é um ser que escrevendo, lendo, criticando o lido e o escrito.

A pré-adolescência é uma das fases mais difíceis. Eles não entendem o que está acontecendo com o corpo, com a alma, enfim com vida deles. É um momento onde os pais vivem um grande desafio. A adolescência é a fase de definir que tipo de adulto quer ser. O adolescente funcional deve estudar e/ou trabalhar, ter amigos, ter vida afetiva, ter responsabilidades. Ainda não é adulto, mas também não é criança.

Os pais, nessa fase dos filhos, tem uma grande aprendizagem em desenvolver sentimentos e comportamentos de respeito e compartilhamento.

Pais funcionais tem a responsabilidade e direito para exercer autoridade e limite.

O foco e tarefa da terapia do adolescente é definir que tipo de adulto quer e vai ser.

O foco e tarefa da terapia dos pais é aceitar a autonomia, privacidade e limite dos filhos;

dar regras sem culpa.

Na fase adulto-jovem é a fase de desenvolver a competência no estudo e no trabalho.

Na fase adulta é a fase de desenvolver autonomia. Ter certeza que pode se organizar sozinho.

Quando o jovem sai de casa ele aceita a responsabilidade emocional e financeira. É a fase que sai do conhecido, protegido e passa a ser sozinho, individual.

O casamento é o comprometimento com um novo sistema. Eles serão bem vividos desde que todas as fases anteriores tenham sido bem aproveitadas. Sendo que nessa fase é onde aparece o melhor e o pior de cada pessoa. E como é importante treinar os aspectos negativos e positivos deixando-os neutros.

O nascimento dos filhos é quando passamos a aceitar novos membros na família. Teremos tarefas na educação, nas áreas financeira e doméstica. As famílias com adolescentes há que se preparar para a independência dos filhos. Os pais precisam se adaptar a essa nova fase. Em seguida os filhos saem desse sistema familiar, e os pais têm que tratá-los como filho adulto.

A meia idade é o momento que muitas coisas já foram realizadas e necessitamos redefiní-las. A menopausa feminina é o fim natural dos ciclos menstruais encerrando-se a vida reprodutiva. Esse momento também é uma passagem espiritual e psicológica.

A menopausa masculina é chamada de andropausa ou viropausa que é um período de grandes ansiedades e sintomas. Isso faz  perceber as perdas e ganhos e para isso é necessário ter coragem para dar novos rumos a vida.

A velhice é a fase onde temos que aceitar as mudanças de geração. Percebendo o declínio fisiológico e abrindo espaço para a sabedoria e experiências que a vida nos proporcionou. Hoje, estamos vivendo muito mais do que antigamente. E com o avanço da medicina, as pessoas continuam ágeis, lúcidas, mantendo a sua autonomia.

Já a morte é um momento de redefinições espirituais e relacionais. Isso depende de valores, crenças e hábitos de cada família.

Os ciclos vitais trazem grandes possibilidades de aprendizagem, mesmo com suas dificuldades e desafios.

O divórcio é a decisão onde o casal tem que aceitar a incapacidade de solucionar as situações existentes. É preciso planejar a separação de fato. Aí vem a maior elaboração que é o divórcio emocional onde colocamos a mágoa, a raiva, a culpa, o luto pela perda e o abandono de muitas situações. Em seguida, a pós-separação, onde fica definido a guarda dos filhos e busca-se a reconstrução  da vida. É importante a  vivência de cada fase, para a elaboração de  todo o processo.

O recasamento é uma fase de novas adaptações, onde é importante haver a aceitação dos medos do cônjuge e dos filhos em relação ao fato. Nesse momento, existe uma grande aprendizagem quando o ex-cônjuge planeja uma forma de ajudar aos filhos a lidarem com essa nova situação, trabalhando com os medos e os conflitos. No recasamento, o maior desafio é aceitar um modelo diferente de família. Inicia-se uma readaptação ao novo sistema.

Para podermos refazer um projeto de vida é essencial lidarmos com todas as perdas; ou seja, chorar a dor, expressar a raiva, limpar a culpa. Isso é extremamente necessário.

A família é a matriz da identidade do indivíduo. É no seio da família que a pessoa define seus padrões básicos de funcionamento. Onde o padrão de funcionamento é a forma específica e repetitiva de ser e reagir em todas as situações. Essa construção é feita através do que é dito e do que não é dito. Uma família funcional é aquela que cumpre suas funções básicas de criação e desenvolvimento dos seus membros, de uma forma firme e flexível, resultando em aprendizagem e crescimento.

As fronteiras dentro da família necessitam ser bem definidas, porque caso contrário, a não definição resultará num desenvolvimento perturbado, impedindo o crescimento do indivíduo.

Os subsistemas familiares têm como função básica, a existência de  fronteiras nítidas, isto é, que cada pessoa saiba as suas funções, os seus limites e o seu espaço.

O subsistema conjugal é o refúgio para o estresse externo que os dois cônjuges passam no dia a dia, aparecendo o que cada um tem de melhor e de pior. O subsistema tem que cumprir suas funções, não deixando nem os filhos e nem os amigos interferirem.

O subsistema parental é quando o casal se torna pai e tem que suprir as necessidades de subexistência, do controle e orientação dos filhos, dando autonomia a eles e ao mesmo tempo, não perdendo a autoridade necessária de pai. O casal deve ficar atento para não deixarem de ser namorados, amantes, quando são pais.

O subsistema fraternal, são os irmãos, os filhos são livres para exercitarem o seu direito a privacidade.

Precisa-se ter muito cuidado para não ter definições errôneas das funções de cada subsistema. Porque se isso acontecer, os papéis se invertem, prejudicando todo o sistema onde ficará comprometido o desenvolvimento da criança.

Família saudável é aquela que consegue ter uma democracia familiar. No espaço familiar também existem as funções básicas que são:

Função materna – é a tarefa de se vincular, de ser continente e alimentador, originando  a relação afetiva. Que fique bem claro que, a tarefa materna não é exclusiva da mãe, podendo ser executada por outro membro da família.

Função paterna – é onde se estabelece a lei, a organização, a estrutura, a palavra e a autoridade, ligando tudo ao crescimento. Veja que também não é tarefa específica do pai, e sim paterna, onde qualquer membro da família pode desempenhar. Nessa tarefa fica bem claro a aprendizagem dos limites. A função de aprendizagem é o início do conhecimento, da informações, das novidades. Função historiador é o fato de passar a história, as raízes da família. Numa família funcional saudável essas funções circulam entre as pessoas. Isso trás o crescimento e a reorganização. Na família disfuncional existe uma rigidez na determinação de quem e como se desempenham as funções.

Outra visão das funções do espaço familiar são funções chamadas de vida, que são elas:

-De ser cuidado;

-De cuidar de;

-De cuidar de si.

Nas famílias temos histórias do passado e projetos futuros, assim como vivências do presente. Quanto mais histórias diferentes e contraditórias existirem, quanto maior o crescimento emocional e intelectual do indivíduo.

Precisa existir nas famílias, flexibilidade e tolerância para lidar com todas essas histórias.Família nuclear é o pai, a mãe e os filhos. Família extensa são os tios, os  primos e demais parentes.

Cada um tem a sua importância e é necessário sempre destacar que eles estão interligados.

Os avós tem uma função muito específica que é a de dar todo o sentido à família. Sempre enriquecendo com suas vivências e emoções.

O que é emoção ? É o movimento externo. Emoções de bem-estar são o amor, a simpatia e o afeto, são as emoções do prazer.

Emoções de emergência são o medo, a raiva, e o ódio,  que nascem da experiência e da antecipação da dor.

Temos que aprender a lidar com essas duas emoções para crescermos.

Conforme os pais expõem as suas emoções, a criança já percebe o que eles estão sentindo. Pais que têm dificuldades em expressar suas emoções, também têm dificuldades em ensinar os filhos. É importante os pais respeitarem as emoções dos filhos. Temos que ter consciência do quanto é importante expressarmos as emoções que vivemos e também trabalhá-las.

Faz parte perceber as emoções das crianças, o olhar, perceber as palavras e saber identificar o que elas estão sentindo. Tem que haver consciência para a criança expor o que sente.

Desde a gestação, já existem as emoções. Quando o bebê nasce há uma separação entre o  feto e a mãe, onde se faz necessário vincular a mãe ao bebê. A necessidade nesse caso é de contato corporal. A presença do pai na sala de parto é também um vínculo que se inicia. Esse contato corporal quando do  nascimento do bebê é necessário e muito importante. O bebê deve ter bastante colo e carinho. Filhos que vivenciaram essas atitudes no seu nascimento, aceitam melhor as regras e os limites. Desde que  nascemos já começamos a viver as emoções. Hoje é difícil os pais perceberem os sentimentos e ensinarem aos filhos. Quando os pais estão cansados, irritados e as crianças fazem ‘cena’ em qualquer lugar, é importante trabalhar essa situação, em um outro momento, para que seja eficiente.

Um dos sentimentos mais difíceis é a solidão, porque tudo faz com que nunca entremos em contato com ela. Temos que ter consciência que aceitar a solidão não é se resignar; e sim, aceitar a si próprio, nas suas condições e potências reais.

Individualidade e solidão são experiências de grande valor emocional, altamente gratificantes e enriquecedoras. É o mergulho no mundo interno.

A culpa não é uma emoção verdadeira que vem da experiência de prazer ou de dor. Ela é o produto da cultura e dos valores que a caracterizam. A culpa vem da sensação de não nos sentirmos amados. Ela forma um círculo vicioso. Para não ficarmos presos à culpa, temos que aprender a fazer escolhas e nos responsabilizarmos por elas.

Pais que agem impulsivamente ensinam os filhos a agirem assim e quando o comportamento dos filhos não é o correto, criticam e acabam ensinando a serem culpados.

Pais que costumam brincar ironicamente com os filhos, acabam machucando-os e esquecem que brincadeiras ou comentários negativos,  geram vergonha e humilhação.

Deve-se lembrar que, vergonha e humilhação, são sentimentos que destroem a dignidade da pessoa e acabam sendo  mais traumáticos do que um machucado físico.

Temos que saber diferenciar a tristeza da pressão. A tristeza é inevitável e necessária, pois só assim colocamos para fora as frustrações, as perdas e as incompetências. Cada um expressa a tristeza de uma maneira, chorando, ou mesmo ficando quieto.

Quanto mais os pais aprenderem a chorar junto com os filhos, a só ficar perto, a conversar sobre as dificuldades, a expressar e a digerir as tristezas, ficará mais fácil de viver a tristeza.

O caminho da energia corporal nas emoções é muito importante. Na raiva a energia vai para os músculos; na felicidade, flui para a pele; na ansiedade vai para dentro do organismo; na tristeza se contrai. Sabemos que cada família possui sua própria cura. Quando existem sintomas é porque é necessário um aprendizado, onde depois de tudo, virá a saúde e a alegria.

Todas as famílias devem se cuidar, se proteger e se curar, pois e só assim que vem o crescimento.

O medo, a frustração, por não conseguirmos resolver algo é muito forte. Depois vem a lealdade, a responsabilidade, a tolerância e a bondade. Dessa forma conseguimos expandir e enriquecer.

2 – FILHOS E PAIS

Pais complicados geram  ao seu filho uma situação também sem saída. Os pais precisam aprender a buscar a felicidade assim os filhos também a buscarão. Ensine sendo e aprenda fazendo.

Causa uma grande desorganização a um filho perceber que seus pais são infelizes. Onde os papéis se invertem, os filhos querem fazer os pais felizes. Sendo que são os pais que tem essa tarefa de cuidar do bem-estar dos filhos.

Não existe receita e nem modelo para ser bons pais, é importante os pais terem consciência do seu próprio funcionamento ou seja, o quê faz, para quê faz e não só o porquê faz.

Por mais difícil que seja os pais assumirem suas dificuldades e começarem a melhorá-las precisam acreditar que existem coisas que não se sabe fazer, decisões que são difíceis de tomar. Assumir pra si vai exigir humildade, responsabilidade e amorosidade.

Aceitar o filho como é trás aos pais aceitarem suas próprias competências. É necessário aprender a lidar com as diferenças e os conflitos.

Outro comportamento disfuncional acontece quando os pais não conseguem lidar com as impotências e dificuldades do filho, e é fácil os pais verem quais são essas dificuldades. Grande parte dos pais não vê o filho em realidade e sim o que o filho representa a eles. Onde aparece a superproteção que é amar a idéia e não a criança real.

Gaiarsa disse:

‘Pais cobrem dos seus filhos por tudo que vocês dão e fazem por eles’.

Ou seja explicitar o que se faz, os limites, o contrato das situações ajuda os filhos a serem responsáveis e a ousarem ser diferentes do que os pais querem.

Pais autoritários são pais que impõem muitos limites e esperam obediência da criança, sem lhe dar explicações.

Pais com autoridade impõem limites, mas são mais flexíveis, dão muitas explicações e muito carinho aos filhos.

Pais são autoritários ou pais com autoridade dependendo de como foram criados, da infância até hoje.

Filhos de pais autoritários são mais conflituosos e irritados.

Filhos de pais com autoridade tem mais boa vontade, são mais seguros, enérgicos, simpáticos e ambiciosos.

A disciplina é necessária e importante. Devem existir horários predeterminados para as refeições onde estarão em família, contratos e acertos sobre onde vão, rotinas, arrumações e organização de tarefas domésticas.

A organização é um dos grandes pontos para se definir a auto-estima. Crianças que são acostumadas com horários, fluxos e organização sabem aceitar os limites inevitáveis da vida social e familiar. Filhos sem organização e disciplina correrão riscos reais.

Sem autoridade e disciplina não se consegue prepará-los para a realidade da vida fora da família. A responsabilidade é fruto da educação com autoridade e flexibilidade. Ser responsável é ter consciência do seu desejo, ter opções de escolha fazer sua escolha e aceitar suas conseqüências e os resultados.

Com o passar do tempo, na educação com uso adequado de autoridade, os filhos crescem, os pais diminuem o cuidado e o controle e assim os filhos aumentam sua liberdade. O uso da autoridade vai ajudar o filho na sua própria formação. No desenvolvimento da individualidade, da criatividade, da reflexão e da escolha.

A capacidade de conhecer a si mesmo depende da capacidade de dizer não.

Existem circunstâncias em que não é funcional deixar que a criança faça sua própria escolha, isso ocorre quando ela não tem competência de avaliar a situação. Nesse caso os pais decidem.

Existem pais que usam os filhos e com isso as crianças aprendem a tirar vantagens. E importante as crianças não terem esse poder. Como também não é positivo os pais descarregarem nos filhos suas insatisfações.
A birra é a maneira da criança experimentar os limites, testar a autoridade dos pais. A confusão entre direito de impor suas idéias e de receio de prejudicar o filho acabam por fragilizar a postura dos pais, eles passam a não ter mais autoridade e a não poder dar o que as crianças mais precisam: limites.

O casal é o ‘arquiteto da família’ quando as estruturas começam a balançar o casal está em crise conjugal, onde toda família percebe a situação. Nesse momento é importante proteger os filhos contra os efeitos negativos do conflito conjugal. Com isso os filhos não abalarão o lado emocional.

Deve-se trabalhar a emoção, só assim é que vamos ter consciência do que sentimos, do que fazemos quando sentimos, e de todos esses efeitos.

Os filhos não devem participar e nem se envolver nas crises conjugais dos pais, eles não tem o dever de cuidar ou decidir a vida dos pais. E se isso acontecer trará danos a estruturação do jovem. Os filhos que participam ativamente dos conflitos dos pais precisam de redes de apoio como: atenção extra dos avós, facilidade em encontros com amigos e programas.

Os sintomas aparecem nos filhos quando estes estão participando dos conflitos conjugais.

Filhos que convivem com pais que discutem seus sentimentos e suas dificuldades, aprender que altos e baixos fazem parte do relacionamento e isso enriquece a relação. Isso os ajudará quando eles escolherem a vida deles.

O casal geralmente tem divergências sobre a educação dos filhos, sobre valores, hábitos, rotinas e regras.

Os filhos sofrem quando os pais estão separados e em alguns casos os filhos podem fazer sintomas, usar drogas, adoecer isso não acontece por causa da separação e sim pela maneira que os pais se relacionam após a separação. Os filhos estão pedindo a função de pai e mãe, e não o retorno da conjugalidade.

Uma situação muito presente hoje é a dificuldade que os filhos tem em aceitar novas relações afetiva dos pais. É necessário ter bom senso para essa próxima adaptação.

Quando ocorre a separação dos pais geralmente o filho vai dormir com a mãe. Esse comportamento é disfuncional nos sentidos que a criança precisa do seu próprio espaço; o filho não deve ocupar espaço de parceiro; é um limite quebrado, que dificilmente será restabelecido; cada um dos envolvidos precisa lidar com sua dor e solidão.

Hoje se vive muito a ansiedade, os pais tem que aprender e ensinar aos seus filhos algumas maneiras de controlar a ansiedade. Aprender técnicas de comportamento. Isso já se inicia desde que a criança é bebê. Conforme os pais ensinam os filhos a lidarem com suas ansiedades e estresses da vida diária, os pais aprendem a ter controle da sua própria ansiedade.

Tudo tem a época certa ou seja a hora certa de tirar as coisas, de mudar o comportamento. Em cada fase a criança tem uma necessidade específica.

Pais tem sempre que estarem atentos as mudanças dos filhos isso ajuda a evitar culpas desnecessárias e inseguranças.Existe a hora adequada para conversar sobre sexo, sobre drogas, sobre limites, sobre liberdades e etc.

Fase do desenvolvimento :

Bebê – necessidade mais importante são o amor e o prazer;

Criança, 1 a 4 anos – são a criatividade e a imaginação;

Menino ou menina, 4 a 6 anos – são o divertimento e o ludismo;

Adolescentes, são o romance e a aventura;

Adulto, são a realidade e a responsabilidade.

Pertencer e separar-se é a matriz da identidade. O sentimento de pertencer de uma criança é influenciado por estar em uma família específica. É o relacionamento com parentes, familiares e como lidar com essas situações. Uma das funções básicas da família é de historiador, que é a integração do passado ao presente e é uma das formas de desenvolver o sentido de pertencer.

Com o pertencer a criança adquire certeza de sobrevivência, de existência, assim vai estar preparada para se separar, para viver e estar sozinha. Para viver bem sozinho, é necessário ter certeza que faz parte.

Hoje confunde-se o que é público e o que é privado. Isso é difícil explicar mas os pais tem que fazer. O nascimento do bebê deveria ser um momento de total intimidade entre a mãe, o bebê e o pai. E hoje é uma cena onde tem a equipe da saúde, filmagens.

Os pais não tem o direito de invadir a privacidade dos filhos. Pais atentos aos filhos não precisam dessa invasão e ao perceberem algo diferente tem como buscar conversas francas, limites claros. É necessário confiar na semente que plantou.

Não se pode esquecer que mãe é mãe e tem que ser mãe essa é sua função e tarefa. Não é tarefa e função de mãe ser a melhor amiga e confidente da filha. Os pais precisam ter papéis bem definidos para fazerem uso adequado da autoridade de pais. Pais são orientadores e organizadores.

Pais superprotetores são aqueles que deixam as crianças frustradas nas suas necessidades básicas por causa da superproteção. Por isso existem hoje filhos cronologicamente adultos, que não trabalham e ficam na casa dos pais. Todas as crianças superprotegidas tem certeza da sua própria incapacidade. Nunca testaram sua competência e, assim, tem uma auto-estima muito rebaixada. As conseqüências de ter pais superprotetores são estragos na educação, fazem sintomas, são mais infantis. São crianças que querem tudo que vêem, que não aceitam limites, são infantilizadas e choronas.

Na superproteção os pais amam a sua idéia de criança, e não a criança real.

3 – A Vingança do Bom Filho.

O conflito entre pais e filhos, por causa de hábitos, moral, regras diferentes trás uma explicação para as dificuldades os dois.

A adolescência é uma fase da vida onde o próprio adolescente tem que saber que ele pode escolher e construir o adulto que deseja ser, para isso ele tem que se preparar. Estar pronto para aprender, compreender, reformular, transformar e transmutar. Isso trará o crescimento.

Os pais tem que ter bem claro que faz parte do processo dos filhos adolescentes eles definirem limites, ordens e regras. Sendo que não existem certo e errado e isso levará o adolescente a ter autonomia para a vida.
Quando os pais percebem que seus filhos são sabem o potencial que tem, acontece uma frustração enorme;e o filho não saber o potencial que tem é a maneira que ele encontra para ainda ter a proteção dos pais. Nesse momento tem que ficar bem claro que existem dois caminhos a serem seguidos. São eles :

1. o adolescente usa as dificuldades, os traumas, os sofrimentos vividos na infância como uma boa desculpa para suas dificuldades atuais e assim explica seus defeitos, suas impossibilidades.

2. O adolescente usa suas dificuldades como um sinalizador onde precisa aprender e precisa mudar.

A qualidade afetiva e emocional de uma pessoa adulta depende do quanto ela se responsabiliza por sua história futura, onde ela saberá perdoar e compreender o que passou e assim crescerá.

Temos que viver o presente e não colocar nas experiências da infância as dificuldades que temos. Nós somos responsáveis por nossas escolhas. Somos autores da nossa própria história. Problemas e sofrimento não são mais fáceis que soluções. Se simplesmente assumirmos nossas limitações não evoluiremos. Temos que estar prontos para conquistar a nossa liberdade, a nossa individualidade e a nossa independência.

A persistência tem que fazer parte do nosso dia a dia.

4 – Finalizando

Para uma família manter-se viva e em funcionamento é necessário ter alguns objetivos em comum. Eles são lineares e não servem para todas as famílias em todos os momentos mas ajudam os pais na formação dos filhos.

São eles:

Continência – A família tem a capacidade de dar apoio ao seus membros nas horas de alegria, de dificuldade, de frustrações, de perdas, de erros.

Pertencimento – Os membros da família têm certeza de que fazem parte de uma família: ela é única, tem características próprias, aspectos positivos e negativos específicos, mas é a sua família; é para onde se pode voltar a qualquer momento; é o que definição de muitas das suas características pessoais.

Crescimento e libertação – O movimento familiar qualifica e estimula a diferenciação e independência de seus membros, possibilitando experiências individuais que abrem espaço para novas aprendizagens e novos movimentos, facilitando as mudanças individuais.

Tarefas do ciclo vital – As famílias desempenham tarefas e funções pertinentes a cada ciclo de desenvolvimento familiar; as quais são diferentes e necessárias quando se tem criança pequena, adolescentes ou adultos.

Circularidade e comunicação – As famílias não têm assuntos ou situações tabus, não retêm as informações sobre fatos, desejos ou sentimentos; nelas, tarefas, funções, direitos e deveres circulam entre as pessoas de acordo com o momento e a necessidade.

Regras e normas – Nas famílias, existem regras de funcionamento, fluxos e rotinas, e esses mecanismos são explícitos, negociados na medida da possibilidade, flexíveis para se adaptarem ao momento, à fase em que a família está, e às necessidades.

Subsistemas claramente definidos e fronteiras claras e permeáveis – Todos da família sabem quem faz parte e participa de cada grupo familiar, quem pode fazer parte e mudar de grupo, dependendo das tarefas e funções de cada um.

Hierarquia – As famílias explicitam e desenvolvem as questões hierárquicas, sem rigidez, mas de acordo com funções e necessidades.

No processo de desenvolvimento funcional a família está treinando a capacidade de compartilhar momentos, idéias e sentimentos e com isso assumirá todas as responsabilidades.

 

Apreciação pessoal sobre o livro

Identifico-me com a autora, ela descreve situações diárias relacionadas com jovens, casais, família de uma maneira bem prática e real.

Adorei o livro, sendo um livro de consulta diária para o nosso dia a dia. Sua leitura é importante a nós profissionais dessa linha.

 

Nome do autor da resenha e data: Kátya D`Paula Friedhel, junho de 2010.