Resenha de Livro
Curso de Formação em Terapia Relacional Sistêmica
Psicóloga Solange Maria Rosset

 

Nome do Livro:

Pescando barracudas

 

Autor do Livro:

Joel S. Bergman

 

Editora, ano de publicação:

Artes Médicas / 1996.

 

Relação dos capítulos

1. Selecionando Famílias Resistentes______________________________________  7

2. Capturando as Famílias_________________________________________________33

3. Formulando Hipóteses Clínicas___________________________________________53

4. O Uso e Abuso das Equipes______________________________________________73

5. Vitimas, Matadores e Franco-Atiradores___________________________________ 85

6. Alguns Rituais e Metáforas Favoritas______________________________________ 99

7. Mantendo-se à Tona em Águas Perigosas________________________________ 129

8. Permanecendo Vivo como Terapeuta____________________________________  145

 

Apanhado resumido sobre cada capítulo

Cap. 1 – Selecionando Famílias Resistentes

Para o autor uma família difícil ou resistente é aquela que apresenta uma história impressiva de derrotar profissionais de saúde mental. Uma outra forma de se perceber a resistência segundo ele é através da descrição do sintoma e normalmente, quanto mais grave e crônico o sintoma, mais resistente à mudança será a família. Ela emite uma mensagem mista de “ajudem-nos a mudar, mas não nos modifiquem”. O próprio encaminhamento pode ser um arranjo para um fracasso terapêutico. E a resistência à psicoterapia pode ser avaliada pela qualidade da chamada telefônica inicial. As famílias que se mostram mais difíceis e resistentes também podem ser as mais ansiosas e, portanto as mais prontas para a mudança. Enfrentar essa resistência da família sem medo de perdê-la pode promover uma mudança efetiva.

Cap. 2 – Capturando as Famílias

Segundo Bergman parte do processo de definir o relacionamento entre o terapeuta e a família envolve engajar a família no tratamento, e quanto mais conectada a ela o terapeuta for, maior a sua influência e força para mudá-la. Outro aspecto importante é capturar as famílias para que percebam que por mais malucas que possam ser o terapeuta as compreende e tem com elas um sentimento cálido e isto pode ser confortante, gerador de alivio e confiança no terapeuta ou mesmo na própria família. A primeira prescrição feita a uma família resistente muitas vezes contém tanto qualidades capturadoras quanto movimentos estratégicos para modificar o sintoma no sistema. Para o autor não existe uma única maneira correta de capturar uma família, os terapeutas devem ser flexíveis e criativos, permitindo muitas maneiras de capturarem e de as famílias se conectarem ao processo terapêutico.

Cap. 3 – Formulando Hipóteses Clínicas

Uma hipótese clínica é um palpite ou intuição, a melhor para explicar por que o sintoma ocorre e como funciona para equilibrar um sistema familiar. As hipóteses clínicas têm muitas funções úteis para o terapeuta familiar, uma vantagem é que dirige o terapeuta para obter ativamente informações sobre um sintoma e o sistema familiar de alguma maneira sistemática. A formulação das hipóteses começa já com o telefonema inicial.

São utilizadas perguntas sistêmicas com o objetivo de obter um quadro clínico atualizado da percepção dos membros da família, de como estão organizados em torno de um sistema e das soluções que foram tentadas para a resolução do problema. Outro dado importante é a necessidade de obter uma história detalhada da esperança de mudança da família, bem como da ajuda prévia e da reação familiar a essa ajuda, é uma medida significativa de quanta resistência à mudança haverá no sistema familiar.

Cap. 4 – O Uso e Abuso das Equipes

Do ponto de vista de formação para o ensino de terapia familiar breve se faz necessário o trabalho com equipes, as discussões dos casos em equipe permitem praticar e aprender a pensar sobre sistemas. Outra nítida vantagem de aprender trabalhando em equipe é o continuo crescimento e desenvolvimento da criatividade, e há menos perigo de um terapeuta ser puxado para dentro do sistema emocional da família. Além de que a combinação do terapeuta com a equipe é sempre mais poderosa do que um terapeuta trabalhado sozinho.

Acredita que as intervenções mais poderosas ocorrem quando o terapeuta está trabalhando com uma equipe e produz mensagens terapêuticas contraditórias, a respeito da mudança na família. O poder da equipe deve ser igual ou maior do que o poder da família, e este fator pode envolver o número de pessoas em cada grupo. Quando certos casais e famílias pioram para manter o controle na família e na terapia, uma equipe é crucial para permanecer meta ao sistema emocional da família e para manter a terapia direcionada para a mudança.

Cap. 5 – Vítimas, Matadores e Franco-atiradores

O autor ao pensar em sistemas e no trabalho de psicoterapia, vê pacientes assumindo a posição de vítimas, que significa ver a si mesmo como desamparado, sofrido, magoado, impotente, temeroso, honesto e normalmente reativo a alguma outra pessoa, geralmente vista como o ‘matador’. Além disto, as vítimas mostram-se normalmente sensíveis aos outros, colocam as necessidades dos outros antes das suas e precisam mais da aprovação dos outros do que são capazes de dar a si mesmas a aprovação. O ‘matador’ geralmente é tão vulnerável e inseguro quanto à vítima, ou até mais, mas a sua vulnerabilidade e insegurança são ocultas ou expressas em comportamentos considerados pelas vítimas como frios, agressivos, ásperos, esnobes, oniscientes, perfeitos e jamais admitindo a dor, inexpressivos, calculistas ou egoístas.

O terapeuta precisa descobrir o quão importante é o matador para a vítima. Um dos objetivos do tratamento com as vítimas é proporcionar-lhes a experiência de sair dessa posição de sujeição que experenciaram durante a maior parte de suas vidas. A tarefa de reenquadramento deve tornar a vítima relativamente ativa em vez de reativa em relação ao matador, propõe reduzir o tempo de reação e dar respostas para neutralizá-los.

Cap. 6 – Alguns Rituais e Metáforas Favoritas

Neste capítulo são apresentados em diversos momentos vários rituais e metáforas, que podem ser usados como mais um instrumento facilitador de mudanças no sistema familiar. As metáforas são utilizadas como um recurso eficiente no agir contra os sintomas. Segundo o Bergman as metáforas são poderosas, coloridas, dramáticas e tridimensionais. Elas atingem a mente muito mais do que expressões não-metáforicas. Ele cita algumas das suas metáforas preferidas e dá exemplos da sua aplicabilidade no trabalho terapêutico sistêmico.

Cap. 7 – Mantendo-se à Tona em Águas Perigosas

Este capítulo abrange questões relacionadas à ansiedade do terapeuta em relação a um caso clínico e de como não se pode fazer uma psicoterapia efetiva quando se está ansioso. Uma parte do capítulo lida com a ansiedade do terapeuta criada pelas ameaças de suicídio, enquanto o restante do capítulo lida com outras fontes de ansiedade do terapeuta. Quando o terapeuta fica ansioso, o paciente fica no comando do tratamento, e quando isto acontece o tratamento fica adiado. É ao mesmo tempo perigoso e antiterapêutico um terapeuta sentir-se responsável por um paciente quando é feita uma ameaça de suicídio enquanto o paciente está em tratamento.  Por outro lado, ás vezes, a presença da ansiedade é útil e produtiva, porque elicia algo de novo e emocional no terapeuta, dando a ambos a oportunidades adicionais de aprender e mudar.

Cap. 8 – Permanecendo Vivo como Terapeuta

O autor descobriu ao longo de sua experiência que algumas abordagens permitem que o terapeuta continue vivo como uma forma de evitar o fracasso e continuar a oferecer às famílias e aos pacientes soluções criativas para seus problemas. O autor também compartilha algumas maneiras do terapeuta desempacar e evitar ser devorado pelas famílias. Para ele o humor é uma parte vital na sua abordagem terapêutica, como também a metáfora é uma maneira que ele encontrou para manter-se vivo como terapeuta. Sugere que os terapeutas usem o máximo possível de si mesmos nas sessões para permanecer vivos e ao mesmo tempo continuarem efetivos como terapeutas.

 

Apreciação pessoal sobre o livro

Pescando Barracudas é uma obra indispensável para o trabalho com famílias ou mesmo com casais, por apresentar uma perspectiva positiva e efetiva no manejo de técnicas, buscando aliar o bom humor ao trabalho clínico.

Mostra diversas maneiras de se trabalhar com famílias resistentes, bem como estratégicas apropriadas para que o terapeuta não seja engalfinhado pelas famílias que procuram por auxilio terapêutico, e o faz através da utilização de rituais e metáforas.

 

Nome do autor da resenha e data: Ednara Neves Flores / Junho - 2005.