Resenha de Livro
Curso de Formação em Terapia Relacional Sistêmica
Psicóloga Solange Maria Rosset

 

Nome do Livro:

SHE: a chave do entendimento da psicologia feminina

 

Autor do Livro:

Robert A Johnson

 

Editora, ano de publicação:

Mercuryo, 1987

 

Relação dos capítulos

Introdução

Cap. I

Cap. II

Cap. III

Cap. IV

Cap. V

Cap. VI

Cap. VII

Cap. VIII

 

Apanhado resumido sobre cada capítulo

Introdução

O autor explica a psicologia feminina através da história de Amo r e Psiquê . Segundo ele os mitos são fontes ricas de insights psicológicos, pois são produtos da imaginação coletiva de uma cultura - incluem o mundo racional exterior e o incompreensível mundo interior da psique de cada indivíduo.

Os mitos se formam quando certos motivos emergem; e, vão sendo lapidados, à medida que as pessoas contam e recontam algumas histórias que prendem sua atenção. Embora os termos e os cenários dos mitos sejam estranhos, ao prestar atenção e ao tomá-los seriamente, pode-se ouvi-los e entender-lhes o significado.

Capítulo I

Psiquê é a filha mais nova de um rei e uma rainha, ela é uma pessoa extraordinária, bonita, charmosa e devido ao fato de ser adorada por todos, acaba tomando o lugar de Afrodite (divindade mais antiga e primitiva da feminilidade).

Como Afrodite nasceu do mar, ela é pouco acessível e reina no inconsciente (simbolizado pelas águas do oceano), dessa forma, pode-se admirá-la, adorá-la ou por ela ser esmagado. Por outro lado, indo em direção a Psiquê, pode-se evoluir para um novo estágio de feminilidade.

Toda mulher tem em si uma Afrodite, ou seja, é uma verdadeira fêmea com características de vaidade, luxúria permissiva e fertilidade (instinto materno básico), podendo usar de todas as armas para subjugar oponentes, quando contrariada pode usar de tirania. No entanto, com o passar do tempo vai deixando Psiquê crescer e evoluir, deixa vir o novo, o que não é uma tarefa fácil, pois o sentimento é de profunda dor. O autor refere que é comum a Afrodite 'surgir' em sogras ou madrastas más e que muitos dos conflitos da mulher moderna se resumem na colisão de suas duas naturezas intrínsecas - Afrodite e Psiquê.

Capítulo II

Psiquê nasceu de uma gota de orvalho que caiu sobre a terra - símbolo da consciência. Virginal e pura, Psiquê é adorada, mas não é cortejada, ela tem características muito amáveis, perfeitas e possui muita riqueza interior, no entanto, sente-se muito só, muito incompreendida.

Mulheres em que predomina a porção Psiquê terão um caminho muito penoso pela frente, no entanto, se essas características forem compreendidas e valorizadas a imensidão e a beleza de Psiquê poderão aflorar.

Uma questão importante colocada pelo autor é o 'casamento', pois ao se casar a mulher perde a sua liberdade, o seu lado jovem/donzela e essa dualidade entre ganho e perda não é reconhecida ou respeitada nas tradições e no ritual do casamento; assim como, os sentimentos despertados nos pais dos jovens devido ao fato do filho ou filha estar constituindo uma família.

Capítulo III

Afrodite pretende destruir Psiquê e para isso, pede ajuda de seu filho Eros (Deus do amor), que, com suas flechas levava a perdição todos do Olimpo. Afrodite manda que ele faça Psiquê se apaixonar por um monstro, neutralizando o desafio que a jovem representa para ela.

Eros - que pode ser visto como o homem externo, o marido, o animus da mulher (masculinidade interior) - obedece às ordens de sua mãe, mas ao ver Psiquê acidentalmente espeta o dedo em uma de suas flechas e apaixona-se por ela. Tomando-a por esposa, pede ao Vento Oeste que a leve do topo do rochedo da morte, onde estava presa, até o vale do Paraíso. "Todo Eros imaturo é um fabricante de paraísos."

Psiquê não faz perguntas pois foi salva da morte e concorda com Eros em jamais olhar para ele e nem lhe fazer qualquer pergunta sobre seus atos para vir a conhecê-lo. Muitos homens ainda querem isso, e a maior parte dos casamentos tem fases assim, nas quais a mulher é totalmente subjugada pela marido. O casamento para uma mulher é a morte da Psiquê, no entanto, a maioria dos homens nem percebe que isso acontece.

Capítulo IV

Como é de natureza do paraíso que seu oposto apareça logo (como a serpente do Édem). As irmãs de Psiquê ouviram dizer que ela estava morando num jardim paradisíaco e se casara com um Deus e vão até o penhasco chamar por ela. Eros avisa Psiquê para não dar ouvidos a elas, pois poderia acontecer um verdadeiro desastre.

Depois de muito tempo e insistência, Eros consente a visita das irmãs que ficam com inveja e fazem muitas perguntas a Psiquê. Psiquê inventa algumas histórias sobre seu marido, dá pilhas de presentes as irmãs e as manda para casa, mas elas voltam e Psiquê conta outras histórias (diferentes das primeiras). Na terceira visita as irmãs tecem um plano diabólico: dizem a Psiquê que seu marido é uma serpente e que tem planos de devorar ela e o seu filho, assim que ele nascer. E que, um jeito de livrar-se disso seria deixar perto de si uma lâmpada e uma faca bem afiada e no meio da noite quando seu marido adormecesse, ela deveria cortar-lhe a cabeça.

Psiquê segue com o plano, porém, quando olha para Eros, vê a mais bela das criaturas de todo o Monte Olimpo. Desajeitada, deixa a faca cair e espeta-se acidentalmente numa flecha, apaixonando-se por Eros, que acorda, pega-a e voa para longe. Como ela o desobedecera, a criança que estava para nascer seria mortal a ele, então para puni-la ela ficaria sem o filho.

Segundo o autor, as irmãs são aquelas vozes que resmungam sem parar, dentro de cada um, o que às vezes pode ser positivo (quando torna o indivíduo consciente de algo, o que tem um preço), mas às vezes negativo.

Nem sempre as pessoas tem consciência dessas vozes, algumas pessoas podem ficar paradas na situação ou em algum ponto dela sem sair do lugar, outras podem ficar acorrentadas à montanha da morte por toda a vida, outras podem ser atingidas pelo amor como se fosse um dragão devorador.

Os maridos destroem as esposas, enquanto donzelas, forçam uma metamorfose, no entanto, podem tornar as coisas mais fáceis se forem cautelosos e gentis, com sua esposa, compreendendo-a. Muitas mulheres, depois de um tempo de casamento olham para o marido com horror, pois se dão conta de que estão a mercê dele, se tiveram filhos ficam amarradas. O marido é tanto o Deus do amor, como a morte no penhasco, é o desconhecido do paraíso.

As "irmãs" provocam evolução através de uma fonte inesperada, elas podem ser à sombra de Psiquê, aqueles lados reprimidos ou pouco vivenciados, que um dia podem vir à tona.

Capítulo V

Eros tentou manter Psiquê na inconsciência, procurou dominá-la prometendo-lhe o paraíso se não o fitasse. Muitas mulheres vivem parte de sua vida sob o domínio do homem que tem dentro de si, o animus , e, se encontram num grande impasse entre a dominação do seu animus e a fantasia do paraíso. Quando desafiam a supremacia do animus ocorre um grande drama e caem numa solidão intolerável, pois quando vêem o animus , este não pode mais dominar sua Psiquê .

A criança que Eros prometeu a Psiquê será um deus (totalmente inconsciente) se ela for obediente e fizer tudo o que ele exigiu. Algumas mulheres ainda fazem isso, mas a maior parte delas fazem perguntas, ascendem à lâmpada da consciência e insistem em ter sua própria consciência.

Segundo o autor, a lâmpada e a faca são dois símbolos masculinos e a esposa pode escolher usar a virtude-lâmpada ou a virtude-faca. Usar a lâmpada durante os períodos difíceis do casamento poderá auxiliá-la na escolha de usar ou não a faca e onde usá-la. A faca é a capacidade destruidora, uma torrente de palavras cortantes. E, a lâmpada tem a capacidade de mostrar de clarear, um simples olhar de mulher pode induzir o homem a encorajar-se e a restaurar seu valor.

Os homens, embora não gostem de admitir, dependem muito da mulher para ter harmonia em família. A mulher é a portadora da luz, ela que dá razões ou significados para a luta diária do homem, esse toque de luz mostra com precisão o próximo passo a ser tomado, o que pode ser abrasador, pois leva o homem a tomar consciência e isso é uma das coisas que o faz temer tanto o feminino, a mulher ou a sua anima .

Capítulo VI

Amar alguém é ver a pessoa como ela realmente é e apreciá-la pelo que é. No entanto, as pessoas ficam cegas por suas projeções e raramente vêem o outro claramente, em toda sua profundidade e nobreza.

Estar apaixonado é ser carregado para diferentes estados de consciência. Vê-se o ser amado como um deus ou uma deusa e através dele - ou dela - vislumbra-se um estado de ser além do pessoal, é como estar apaixonado por uma idéia, um ideal ou uma emoção - o que não dura - e todos são vulneráveis a paixão.

Capítulo VII

Ao ascender à lâmpada, Psiquê vê que desposou um deus e imediatamente o perde. Assim acontecem as paixões, o ser amado é encarado como um ser absolutamente único, e, por conseqüência, inatingível. À distância e a impossibilidade de qualquer relacionamento acaba machucando muito as pessoas.

Embora a pessoa sinta-se inferior ao ascender à luz e descobrir um deus no companheiro que presumia ser um simples mortal, ela poderá sair do sofrimento se tiver coragem e força suficientes e trabalhar para adquirir uma nova consciência sobre o seu próprio valor e sua unicidade como ser.

Algumas pessoas acomodam-se ficando com o sentimento de auto-derrota, a monotonia e a depressão da meia-idade e acabam achando que a paixão que tiveram foi uma bobagem.

Psiquê supera seu impulso suicida e não faz nada, e às vezes o melhor a fazer é dar uma parada. As pessoas desejam muito apaixonar-se e depois acabam frustradas por que não há como manter a paixão, no entanto, felizmente com o tempo à paixão (olhar 'através' da pessoa e com isso perdê-la) pode-se transformar em amor (estar junto com o outro, criar laços, somar-se a ele) como acontece em muitos casamentos.

Capítulo VIII

Eros voa de volta para a casa de Afrodite (sua mãe) e recolhe-se ao silêncio, o que a maioria dos homens fazem quando as esposas os obrigam à consciência, pois isso os machuca.

Ao encarar Eros como o animus da mulher, pode-se dizer que ele prendeu Psiquê inconsciente num estado de possessão no paraíso, até que ela acenda a lâmpada da consciência, e ele, como animus , voe de volta ao mundo interior.

Quando retorna ao mundo interior de Afrodite, Eros torna-se capaz de mediar em favor de Psiquê junto à deusa, a Zeus e aos outros deuses e deusas, ajudando Psiquê nas épocas mais difíceis do seu desenvolvimento.

Para a mulher evoluir, ela precisa se libertar do domínio que seu componente masculino exerce sobre ela - o que inicialmente é inconsciente - precisa reconhecê-lo para que ele (o animus) assuma uma posição de mediador entre o seu ego consciente e o seu mundo interior inconsciente.

É sempre um choque constatar a existência de seu animus , Psiquê, após ter visto Eros voar para longe pensa em jogar-se no rio. Cada vez que se vê em dificuldade, pensa em suicídio... mas após pacienta-se à espera de algo que lhe dê meios para uma solução. O homem (masculino), ao contrário, empunha uma faca, monta no seu cavalo (carro, bicicleta) e parte para conquistar aquilo que acha que deve. O princípio feminino mostra a necessidade de retornar a um núcleo central imóvel a cada vez que algo lhe acontece (o que é um ato criativo), precisa afinar-se, ficar bem quieto.

Psiquê é salva por Pan, o deus dos pés fendidos, e pela ninfa Eco quando vai ao rio entregar-se. A palavra pânico vem do deus Pan e refere-se ao sentimento de estar fora de si; o ataque de choro na mulher é uma reação de Pan e muitas vezes é uma reação saudável e necessária. Este deus tem o poder de recolocar o indivíduo em ligação com a terra e com o instinto de sobrevivência.

Psiquê vai a vários templos e pede ajuda a várias deusas, mas ninguém a ajuda por temer Afrodite, finalmente Psiquê percebe que precisa dirigir-se diretamente a Afrodite, a qual a humilha e lhe impõe tarefas subalternas.

Capítulo IX

A primeira tarefa que Afrodite dá a Psiquê é separar e selecionar uma enorme montanha de sementes de tipos variados antes do anoitecer, se Psiquê não conseguisse o castigo seria a morte. Psiquê senta-se e põe-se a esperar.

Através de Eros, as formigas ficam sabendo da primeira tarefa e selecionam todas as sementes.

Em muitas tarefas do dia a dia a mulher precisa selecionar, separar, diferenciar e ordenar, de forma que a organização e a ordem prevaleçam no seu lar. Para essas tarefas as mulheres utilizam-se de sua natureza-formiga, a qual lhe dá as regras e prioridades a seguir. Uma outra função feminina pouco conhecida - que é função do lado feminino na mulher ou anima no homem - é selecionar e retirar o material que está no inconsciente, para trazê-lo com ordenação e lógica a consciência. Considerando que o componente masculino na personalidade tanto masculina quanto feminina lida com o mundo exterior e o feminino com o interior.

Capítulo X

A segunda tarefa de Psiquê é buscar o tosão de ouro - a lã de outro - de alguns carneiros que pastavam na margem oposta do rio antes do anoitecer, sob pena de morte. Psiquê novamente de desestrutura, pois os carneiros são muito ferozes, e dirige-se ao rio para suicidar-se. No entanto, os juncos que margeiam as águas dizem-lhe que poderia aproximar-se dos carneiros, sem chamar sua atenção, mais à noitinha e apanhar a lã que costumava ficar presa nos arbustos por onde eles passavam.

A ferocidade dos carneiros é relacionada ao poder, muitos homens identificam-se com o carneiro quando buscam obter o poder a qualquer preço, isso é justamente o que os impede de ser aqueles que poderão dispor dessa força. Pois ao pegar um carneiro de enormes proporções à 'unha', este poderá virar-se contra o homem e destruí-lo. No entanto, é possível manejar uma porção, é possível obter toda a masculinidade de que se necessita sem entrar em competição.

Para conseguir um pouco de lã, Psiquê precisou encontrar em si própria coragem, valor, espírito de aventura e fortaleza. Precisou usar sua pequena parte de masculinidade.

Capítulo XI

A terceira tarefa de Psiquê é encher uma taça de cristal com a água do Estige, rio circular que nasce no alto de uma montanha, desaparece sob a terra e retorna à montanha. É um rio guardado por monstros perigosos. Psiquê tem certeza de que desta vez não conseguirá, no entanto, aparece à águia de Zeus que pega a taça de cristal, voa até o rio e traz o cálice cheio para Psiquê.

Esse rio é o rio da vida, tem seus altos e baixos do alto da montanha às profundezas da terra. Psiquê só poderia encher uma taça por vez, como é a natureza feminina: fazer uma coisa por vez, embora essa natureza esteja inundada por infinitas possibilidades que a vida proporciona, é preciso acalmar-se e escolher. Como a águia que tem visão panorâmica, temos que focalizar um ponto do rio, mergulhar e trazer uma só taça de água, lidar ordenadamente com as infinitas possibilidades. A taça de cristal, que contém a água, pode ser comparada ao ego que é o continente para parte da imensidão do rio da vida.

Capítulo XII

A quarta tarefa de Psiquê é descer aos infernos para receber das mãos da própria Perséfone (rainha de lá) um cofrinho onde ela guarda seu ungüento de beleza.

Psiquê recebe instruções de uma torre: deverá levar, na boca, duas moedas; e, nas mãos dois pedaços de pão de cevada. Recusará prestar ajuda a um homem coxo que pedirá a ela para apanhar a lenha que caiu do lombo de seu jumento. Uma das moedas dará ao barqueiro que faz a travessia do Estige. Deverá recusar-se a salvar um homem que está se afogando. Não deverá intrometer-se com as três tecelãs do destino. Uma das fatias de pão jogará ao Cérbero, cão de três cabeças, guardião das portas do inferno. Deverá recusar-se a comer qualquer coisa que não for comida simples, enquanto estiver no reino dos mortos. No caminho de volta o procedimento será o mesmo.

Psiquê só pôde empreender a quarta tarefa porque reuniu as forças necessárias nas três tarefas anteriores. A primeira coisa que Psiquê precisa aprender para realizar a quarta tarefa é refrear sua generosidade: dizer "não" ao homem coxo e ao afogado. É preciso coragem para dizer não, pois as pessoas são ensinadas a serem boas, no entanto, em muitas circunstâncias dizer não é necessário. No caso de Psiquê, para realizar a quarta tarefa ela precisa guardar para si própria todos os seus recursos e energias, precisa estar preparada para ir até o fim.

Psiquê consegue passar por todas as provas e dificuldades, no entanto, quando retorna a superfície, questiona-se a respeito do ungüento, abre o cofre e de dentro dele sai um sono de morte, Psiquê cai no chão como morta. Eros voa até Psiquê, coloca o sono novamente no cofre e a leva até o Monte Olimpo, Zeus e os outros deuses concordam em transformar Psiquê numa deusa. Psiquê casa-se com Eros e dá a luz a uma menina, chamada Prazer.

Capítulo XIII

O ungüento de beleza pode significar a preocupação feminina de ser bela, atraente e fisicamente desejável. Muitas mulheres preocupadas com superficialidades são incapazes de manter relacionamentos reais, fazem uso de uma máscara e perdem sua natural graça feminina.

Para conseguir um novo degrau em seu desenvolvimento Psiquê precisou morrer para a preocupação pueril com sua beleza, inocência e pureza e aprender a lidar com as dificuldades da vida, incluindo seus lados escuros e feios e a lidar com suas próprias potencialidades adultas.

Por meio das três primeiras tarefas Psiquê conseguiu uma conscientização mais ampla, mais detalhada em seu autoconhecimento e finalmente confrontou-se com a tarefa da individuação, plenitude e inteireza, isto requereu uma descida às regiões abissais do inconsciente que só pôde ser empreendida depois de ela ter controle bastante para trabalhar conscientemente. No entanto, quando tentou ficar com o ungüento e usá-lo (que representa a velha consciência) foi à morte para ela. Mas para que qualquer vida seja plena tanto os fracassos quanto os sucessos são necessários.

Quando a mulher alcança seu desenvolvimento pleno e descobre que é uma deusa, dá a luz a um elemento de prazer, alegria ou êxtase. O homem valoriza a mulher devido ao fato de não conseguir encontrar o êxtase sozinho, sem a ajuda do elemento feminino.

 

Apreciação pessoal sobre o livro

O livro trata de questões importantes sobre a feminilidade a partir da mitologia. É interessante observar como os mesmos assuntos estão presentes de diferentes formas e em diferentes épocas. Fica evidente que não há tempo e espaço, o que existe são tentativas de explicar e dar significado ao mundo interno das pessoas.

As correlações feitas pelo autor entre o mito e as funções, as tarefas, as dificuldades e os conflitos da mulher são muito interessantes. Parar para pensar sobre Psiquê e Afrodite, é parar para pensar sobre questões que muitas vezes passam despercebidas pela mulher. No entanto, a mulher tem um lado mais Afrodite (pouco acessível, vaidosa, voltada para a luxúria e a fertilidade - instinto materno básico -, guerreira, poderosa e influente) e um outro lado mais Psiquê (charmosa, virginal, pura, amável, com muita riqueza interior, mas, no entanto, sente-se muito só e incompreendida).

Como coloca o autor, muitos dos conflitos da mulher se resumem na colisão de suas naturezas (Afrodite e Psiquê), pois estes sentimentos se confrontam o tempo todo: ser forte ou fraca, amável ou mais dura, ser mãe ou não ser... E como em todas as polaridades ao escolher uma delas rejeita-se a outra. Porém, conforme o mito, quanto mais conscientização e mais autoconhecimento, mais a mulher pode encontrar plenitude e inteireza, mais ela pode aprender sobre como lidar com as dificuldades da vida e como integrar as polaridades

 

Nome do autor da resenha e data: Janice Ornieski de Souza / Setembro de 2003