Resenha de Livro
Curso de Formação em Terapia Relacional Sistêmica
Psicóloga Solange Maria Rosset

 

Nome do Livro:

Socorram-me dos meus parentes

 

Autor do Livro:

Luiz Marins, PhD

 

Editora, ano de publicação:

Harbra Editora, 2001

 

Relação dos capítulos

Síntese

Cap.1-A solução original: O parentesco nas tribos primitivas

Cap.2- Até na Bíblia... e nos ensinamentos de Buda!

Cap.3- Parentesco a realidade nos dias atuais.

Cap.4- O amor e a realidade entre Irmãos, Irmãs & Cia.

Cap.5- A guerra das cunhadas e dos cunhados

Cap.6- Os Primos

Cap.7- Os tios, as tias e os parentes distantes

Cap.8- A hora e a vez da sogra e do sogro

Cap.9- Os genros e noras

Cap.10- Os consogros e as consogras: Uma camuflada competição

Cap.11- Quando além de presentes são vizinhosCap.12- Quando além de parentes são sócios

Cap.12- Quando além de parentes são sócios

Cap.13-Quem cuida dos velhos

Cap.14- Os filhos sem alma

Cap.15- As festas em famílias

Cap.16- A herança: Quem fica com os pratos da mamãe?

Cap.17- Ruim com eles, pior sem eles, .... ou no fim, dá tudo certo!

Cap.18- Agora é sua vez!

Apêndice

 

Apanhado resumido sobre cada capítulo

Síntese

O autor inicia o livro justificando porque resolveu escrevê-lo: 1º por achar controvertidas as relações de parentesco e que sem a compreensão de tais se torna difícil entender a sociedade e suas relações de estrutura e poder. 2º por ouvir tantas histórias de parentes, num muito de amor e ódio que une os parentes.

É um livro de comentários e observações, histórias e casos envolvendo parentes.

 

Cap.1

A solução original: O parentesco nas tribos primitivas

Neste capítulo Marins exemplifica como alguns povos criam sistemas de parentesco para que as sociedades sobrevivam às guerras tribais e a conflitos pequenos. Como por exemplo: "Casa dos Homens" e "Casa das Mulheres, sociedades onde cada gênero se reúne sem a interferência de outrem. Troca de mulheres por meio da exogamia, matrilocalidade e patricolalidade. E por fim os aborígenes australianos onde cada um é identificado pela sua família nuclear, pela sua linhagem e pelo seu clã totêmico, além do instituto da "evitação". A justificativa é que evitando contato íntimo entre parentes se previne conflitos que seriam inevitáveis.

Quando perguntaram a um aborígene por que ele não podia falar com sua sogra, ele respondeu: Ela me deu sua filha. É a melhor mulher do mundo. Não posso brigar com ela...

 

Cap.2

Até na Bíblia... e nos ensinamentos de Buda!

Aqui é lembrado os relatos escabrosos entre parentes que traem, são traídos, matam e são mortos: Caim e Abel, Esaú e Jacó, bem como a parábola do filho pródigo (Lucas 15, 11-32) que mostra a ingratidão de um filho a incompreensão de outro e a gratidão e compreensão de um pai, a citação de Salmo 49, 20 "Sentas-te para falar contra tem irmão e difamas o filho de tua mãe." Tudo presente na Bíblia.

E cita alguns conselhos sobre família dados por Buda: "Um filho deve honrar os pais e por eles fazer tudo o que lhe for possível."

"Os pais devem fazer 5 coisas por seus filhos: evitar fazer o mal, dar exemplo de boas ações, dar-lhes uma educação, prepará-los para o casamento e legar-lhes a herança da família em época oportuna.

 

Cap.3

Parentesco a realidade nos dias atuais.

Marins discorre sobre a atualidade e a grande influência do parentesco na vida das pessoas, mesmo sendo fácil nos livrarmos dos parentes chatos pois temos mil desculpas - o trânsito, os compromissos, a falta de tempo, por exemplo.

Aponta uma matéria da revista The Economist de 2000 onde tem alguns dados sobre família na Itália. Ex. 70% dos filhos solteiros, até 30 anos, vivem com seus pais e 77% dos italianos visitam suas mães ao menos uma vez por semana. E também uma pesquisa feita no Brasil, pelo Datafolha publicada em abril 2000 onde ao responder a pergunta "O que deve ser valorizado nos próximos anos"78% dos brasileiros entrevistados responderam família em 1º lugar.

Mostrando assim que por maiores que sejam as dificuldades de relacionamento na família, é ainda a instituição mais valorizada pelo brasileiro.

 

Cap.4

O amor e a realidade entre Irmãos, Irmãs & Cia.

Segundo o autor os irmãos vivem aos tapas e beijos. A competição e a mentira são as características principais começando desde a infância. Por mais que os pais jurem e afirmem que não têm preferências por nenhum filho.

Quanto ao 1º filho diz ser o mais mimado mas também o mais dependente e carinhoso. Neste caso a inexperiência dos pais leva-os a cometer os maiores absurdos e isto acarreta um enorme sentimento de culpa neles. Ou eles são enérgicos demais ou "moles" demais - geralmente a 1ª opção.

Quanto ao 2º, filho "do meio" acha-os esquecidos, mais independentes, menos afetivos com os pais e irmãos.

E quanto ao filho mais novo ou caçula diz nascer em berço de ouro, ser o mais protegido e nunca crescer aos olhos dos pais. É uma eterna criança que para ele tudo é permitido.

Enfim, a vida entre irmãos é uma guerra que vai durar a vida toda, pois um fica mais rico, o outro não, um é feliz no casamento, o outro nem tanto... A vida aponta as diferenças de maneira nua e crua.

Até os pais desistem de tratá-los igual, pois ficam mais velhos e menos "psicólogos" e deixam transparecer suas preferências pelo filho ou filha que ... lhes dão mais prazer, ou mesmo a necessária convicção de que foram bons pais, pois pelo menos um(a) filho(a) deu certo na vida.

Por último lembra que há exceções, nem todos vivem numa guerra, mas que são poucas. E que a grande diferença desta guerra entre irmãos é que, por alguma razão o ódio se mistura com puro amor. Só os próprios irmãos entendem o "amor fraterno" e o "ódio mortal "na mesma moeda.

 

Cap.5

A guerra das cunhadas e dos cunhados.

Para Marins os cunhados são rivais natos e se odeiam ( na maioria dos casos). A guerra entre eles é a mais ferrenha, sendo maximizada pela guerra entre os irmãos e pelas diferenças desde a criação daquela família.

As cunhadas competem quanto a roupas, viagem, jóias, cabeleireiros e inteligência dos filhos.

Os cunhados geralmente querem saber quanto o outro ganha. Vivem as eternas batalhas de provar aos sogros que sua filha casou com o melhor partido.

Além disso, nenhum cunhado ou cunhada quer passar um atestado de que se casou com o "pior partido daquela família".

O mais interessante, ressalta Marins é que o "palco" da guerra dos cunhados são os almoços de Domingo na família, geralmente na casa dos sogros. Aí é guerra aberta. É farpas pra todo lado.

Há casos muito tristes em que por causa das cunhadas há irmãos que acabam não se encontrando mais, nem convivendo, por mais que gostassem.

 

Cap.6

Os Primos

Neste capítulo Marins enfatiza que o problema entre os primos ocorre geralmente por causa dos pais, quando eles competem usando seus filhos e filhas e tentam assim estragar a amizade entre os(as) primos(as). O que faz a amizade entre eles se deteriorar.

Que é difícil para um primo ver o outro tendo mais sucesso em qualquer aspecto da vida pois cresceram quase juntos e aí fica a pergunta. Por que ele teve sorte e eu não?

Mas, toda a família brasileira tem boas lembranças dos primos e primas. Viagens para a praia para o sítio, as férias juntos. As lembranças são sempre mais positivas que negativas, quando se trata de primos.

E termina alertando para que os primos, mesmo com o intuito de se ajudar não se tornem patrão e empregado pois a expectativa é de afetividade e compreensão, algo além, das tarefas e relacionamento de empregado/ empregador. E aí tudo se complica.

 

Cap.7

Os tios, as tias e os parentes distantes

Este capítulo trata daqueles parentes que aparecem de repente em nossa vida. É a velha tia que se lembra dos parentes na hora do aperto... aquele primo que já deu golpe em todo o mundo, e agora mais velho, resolveu redimir-se dos pecados e aproximar-se dos parentes, aqueles parentes de 2º e 3º grau que doentes resolveram se apresentar. Todos vêm com o objetivo de "sugar" algo: dinheiro, casa, comida, assistência médica, etc, etc, etc.

E aí o difícil é dizer não. Quem tem coragem?

 

Cap.8

A hora e a vez da sogra e do sogro

O autor subdivide em partes:

1º Sogra X Nora

Toda a esposa quer ser uma "Mãe" para seu marido.

As mulheres tem um "instinto maternal" que é traduzível em proteção, controle e possessão.

Assim, há um homem e duas mulheres/mães, protetoras, controladoras e possessivas em guerra. Por mais que desejam viver em harmonia, isso é impossível pois ambas querem que ele "dependa" mais dela do que da outra.

E como a mulher é muito mais inteligente do que o homem a guerra é cheia de subterfúgios e ardis - cheia de símbolos, e signos, disfarçada.

O pobre do filho de "duas mães" tem de viver como um "algodão entre cristais", pois qualquer coisa que fale (ou não) se voltará contra ele.

2º Sogra X Genro.

Para o Homem, o inferno é pior pois livre de outra mulher para competir com ela, a mãe da mulher assume, sem nenhum limite, o seu papel de mãe - protetora, controladora e possessiva.

Tudo quem diz, quem manda, quem decide, é a sogra. E com as filhas, geralmente adoram ter uma mãe protetora, controladora e possessiva, elas alimentam essa intromissão em sua vida de casada.

Em suma, a razão do ódio que o marido tem da sogra é que é ela quem realmente manda em sua casa.

Anedota: A sogra morreu em Israel, numa viagem de passeio e a funerária diz ao genro que tem 2 alternativas, enterrá-la em Israel custa US$ 4.000,00 ou trasladar o corpo para o Brasil que custa US$ 30.000,00. E o genro responde trasladar pois um já ressuscitou lá, de repente acontece o mesmo, então é melhor não ocorrer o risco.

3º Sogro e Nora

Noras e sogros se dão muito bem porque os sogros não se envolvem muito com a vida das noras e são até "galanteadores" com a mulher do filho. Isso, se não tiver outras noras, pois aí precisa tomar cuidado para equilibrar as atenções que dá a cada uma.

4º Genro e Sogro

Nenhum genro suporta seu sogro. O genro tem ciúmes do pai de sua mulher. Até porque a filha tem carinhos especiais com seu pai. E isso é a morte para o marido. Além de toda filha ser um pouco "mãe" também do pai. Deixando o marido irritado pois quer uma mulher só para ele.

E a guerra dos genros e sogra segue permeada de disfarce. É no churrasco do domingo, na compra do carro, enfim, tudo que envolve sua querida filha, o sogro dará os melhores palpites.

 

Cap.9

Os genros e noras

Marins descreve vários depoimentos para mostrar a impossibilidade de sogros e genros conviverem em paz quando os genros são "folgados", criticam quem faz ( no caso o sogro) e ainda tem o apoio da sogra e da esposa. Ou quando os sogros desqualificam e desmerecem tudo que o genro faz ou é.

Também cita que a relação sogra X Nora no início há uma intenção das duas em não criar confusão então utilizam a "evitação". Mas que com o tempo a nora enxerga melhor os defeitos da sogra e se encoraja a falar pro marido. E a sogra idem.

 

Cap.10

Os consogros e as consogras: Uma camuflada competição

Aqui o autor relata que há muita crítica e competição entre eles, mas de forma não tão explícita. Que se suportam socialmente, mas que quanto menor o contato melhor.

Segundo ele a "guerra" piora com a chegada dos netos. E que se houver diferenças econômicas significativas então as armas são tão desproporcionais que não vale a pena comentar.

Ao final diz que a sabedoria primitiva da evitação deveria prevalecer entre os consogros, mas como isso é impossível...paciência.

 

Cap.11

Quando além de presentes são vizinhos

Segundo o autor é para multiplicar por 10 as complicações quando além de parentes são vizinhos.

É aquela vizinha parente que pede tudo emprestado e esquece de devolver. Aquela falta de privacidade pois estão sempre "de olho" no que se adquirir. Aqueles pedidos para virar babá dos filhos enquanto dão uma saída. A obrigação de convidá-los para qualquer churrasco, aperitivo que só faria pros amigos mas eles ficam sabendo e se convidam. Enfim, só mesmo vendendo a casa ou o apto e não dando o endereço.

 

Cap.12

Quando além de parentes são sócios

Diz ele que isto é o inferno na terra pois a mistura da sociedade, do dinheiro, com a emoção, com a fofoca familiar, com a competição entre as esposas e filhos, faz da vida de parentes-sócios algo insuportável. E resume:

Na marca e modelo do carro.

Nos vestidos das mulheres

Nas viagens com a família

Nos restaurantes e hotéis que freqüentam.

Tudo é motivo de competição, pois além de parentes o dinheiro sai de um lugar só. E aí convivência pacífica é quase impossível.

 

Cap.13

Quem cuida dos velhos

Neste capítulo ele relata os 2 exemplos: 1º o de parentes velhos que ficam literalmente jogados daqui para ali, onde ninguém tem paciência pois são considera dos chatos, cheios de manias e exigentes (geralmente parentes velhos pobres pois os ricos são tratados melhor pensando na herança que receberão) o 2º que há parentes que cuidam visitam, levam presentes, dão atenção e carinho aos parentes velhos.

 

Cap.14

Os filhos sem alma

O autor conta de sua indignação ao ver tantos "filhos sem alma". Para ele verdadeiros carrascos emocionais e até físicos com relação aos pais. Que os escondem ou têm vergonha deles. E quanto mais "carinhoso" foram os pais ele tem a opinião que os filhos mais abusam, mais humilham os pais. E que o mais penoso é ver esses pais ainda compreenderem seus filhos.

 

Cap.15

As festas em famílias

Aqui ele fala que estas festas (aniversários, batizados, casamentos e até velórios) são momentos de duas alegrias. Antes de ir se pensa na delícia de estar com os irmãos, sobrinhos, cunhados. Depois de ir o "arrependimento" pois virou competição, troca de ofensas nas brincadeiras e fofocas de novo.

Sugere que para irmos as festas de família devemos nos preparar para o que der e vier em diretas, indiretas, e frases ocultas.

Ao final reconhece que as vezes estas festas são gostosas de verdade mas, são exceção.

 

Cap.16

A herança: Quem fica com os pratos da mamãe?

Neste capítulo o autor discorre sobre as dificuldades de dividir a herança de parente falecido. Geralmente pequenas heranças como 1 carro, o telefone, a máquina fotográfica, a geladeira, o microondas. Pois as grandes heranças são disputadas judicialmente.

Que algumas famílias resolvem "sortear" para não dar confusão, mas ao final todos reclamam que ficaram com o que não queriam.

E cita que os americanos desenvolveram uma nova profissão que cuida disso. São os "organizers" (organizadores). São pessoas especializadas em organizar coisas para outros inclusive os objetos da herança e seus valores.

Mas a verdade é que em uma partilha, o que prevaleceu é o "nem eu nem você".

 

Cap.17

Ruim com eles, pior sem eles, .... ou no fim, dá tudo certo!

A conclusão do autor é que ninguém vive sem parentes. Por isso a frase "Ruim com eles, pior sem eles". Na hora do desespero, da doença, do problema financeiro, todos nós recorremos aos parentes.

Falamos mal, xingamos, sentimos raiva, ficamos tempos sem nos encontrar... e de repente, estamos todos juntos novamente para uma nova rodada de guerras e fofocas.

O que seria de nós sem nossos pais, mães, irmãos, primos, tios, cunhados, sogros, noras? A vida seria muito mais chata. Não teríamos tanta gente de quem falar mal, tanta gente para amar e odiar ao mesmo tempo.

A verdade é que, no fim, dá tudo certo. E ele esclareceu: tudo que está no livro não se aplica aos seus parentes. Que ele adora todos, sem exceção.

 

Cap.18

Agora é sua vez!

Neste capítulo Marins deixou algumas páginas em branco para que o leitor complete o livro com sua própria história e os casos particulares de sua família.

Finaliza expressando o desejo de escrever um segundo livro "Socorram-me de meus Parentes - O retorno".

 

Apêndice

10 Dicas para sobreviver com os parentes

São elas (literalmente transcritas):

1. Lembre-se de que parente é isso mesmo!

2. Paciência

3. Lembre-se de que não adianta brigar. Eles voltam. Você se arrepende. Você vai tentar de novo...

4. Paciência

5. Lembre-se de que ele(a) é filho(a) de seus pais. Vocês são irmãos e que "devem" se amar.... e se amar "como irmãos "!

6. Paciência

7. Lembre-se de que você também vai ficar velho(a) um dia...

8. Paciência

9. Lembre-se de que ele(a) se casou porque quis e foi ele (a) quem escolheu a(o) mulher(marido)-... Agora que agüente!

10. Paciência

 

Apreciação pessoal sobre o livro

Ao ler este livro observei que os autor trabalhou os temas basicamente em cima das caricaturas de cada papel. São as piadas, as generalizações, etc.

Penso ser interessante um livro como este, pois ao falarmos e criticarmos poderemos assim nos darmos conta, de que tipo de parente temos e somos. O que há de mentira nessas caricaturas e o que há de verdade.

A minha sugestão é que se acrescente um capítulo sobre Pais X Filhos, que na minha opinião, há muitas histórias para se contar.

Enfim, um livro divertido, simples, com histórias reais e irreais.

 

Nome do autor da resenha e data: GIANNE CLÁUDIA GEMELI WILTGEN / Agosto -2002.